Oito propostas a Welington, preço de ingressos e ‘jogar por Alisson’: Casares abre o jogo sobre São Paulo à ESPN

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O presidente do São Paulo, Julio Casares, concedeu uma longa entrevista à ESPN. Nela, o dirigente trata de vários assuntos, como por exemplo a situação de James Rodríguez no clube, além de possíveis contratações e saídas de jogadores, temas que sempre mexem muito com o torcedor.

Além de apontar um número de atletas que acredita que o Tricolor precisa ir atrás na atual janela, ele também detalhou o que aconteceu com Welington, lateral-esquerdo titular, mas que nos últimos dias assinou um pré-contrato com o Southampton, time que disputará a Premier League na próxima temporada.

Segundo o dirigente, o clube fez tudo o que podia para manter o jogador de 22 anos, mas não chegou a um acordo com a outra parte. E também impôs uma condição para liberá-lo agora, e não no final do ano, quando se encerra o seu vínculo com o São Paulo.

“O Welington é um menino de ouro. O São Paulo sempre tratou essa relação com transparência absoluta. Fizemos oito propostas, mas não era vontade do agente, que queria outro caminho. Eu fiquei sabendo desse contrato assinado pela mídia, não tive nenhuma formalização desse contrato assinado. Então o Welington, sendo jogador do São Paulo, cumprirá o contrato até o final de dezembro. Claro que se tiver uma composição financeira, podemos liberar. Mas não com parte dos direitos. Se tiver dinheiro, nós vamos discutir valores, os prazos, mas a tendência é ele ficar até dezembro. Porque o ganho esportivo dele é maior que ganho financeiro”.

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Outro que vive situação parecida e também deve estar de saída é o atacante Juan, que deve assinar com o mesmo Southampton, mas ser repassado por empréstimo ao Goztepe, da Turquia.

“É importante entender que muitos desses jogadores nós renovamos. E todos que ficaram livres, nós tentamos renovar. Mas quando parte de uma realidade completamente desproporcional à valorização boa que nós já demos, nós não vamos fazer. O jogador vai ficar livre, mas vai cumprir o contrato até o final. Nós não temos nada do Juan. Se vier, vamos discutir. É um atleta que gostaríamos que continuasse, mas não vamos exceder a grande valorização que já fizemos para ele e para o Welington em várias propostas”.

Críticas pelo aumento no preço dos ingressos

Outro assunto tratado por Julio Casares foi a mudança no preço dos ingressos para os jogos no Morumbis. O aumento, que se iniciou em partida contra o Cuiabá, fez com que as arquibancadas ficassem vazias naquele dia. Talvez não por coincidência, o São Paulo perdeu a partida por 1 a 0. O presidente admitiu que não foi a melhor das estratégias, mas que esse tipo de coisa é necessária pela saúde financeira do clube.

“O ticket médio do Morumbis é um dos mais baratos do Brasil. O São Paulo banca um setor popular de 14 mil lugares. Às vezes temos a necessidade de fazer ajustes. O que foi errado foi o momento e o jogo. Talvez poderíamos ter feito isso em outro evento. Mas essas coisas são assim, você faz, depois tem a sensibilidade de corrigir rotas. O torcedor quer o reforço, as renovações de contrato estão cada vez mais caras, é uma nova contratação, aí você tem o dinheiro subsidiado. Tem arenas por aí que o preço é bastante diferente. É só você pegar o que eu tenho de público e a minha receita. Mas nós vamos continuar assim, como o clube mais popular do Brasil. Foi um ajuste que erramos dentro de um evento, mas em algum momento vamos precisar mudar isso. Senão a conta não fecha. Ou o time é competitivo e você faz um esforço para manter direito de imagem em dia, salário em dia, contratações. O São Paulo é o clube que menos vende. Queremos dar alegria e legado esportivo ao torcedor. E tem determinados momentos que você precisa mexer nessa equação”.

A revolta com a arbitragem

Na semana passada, o técnico Luis Zubeldía se revoltou durante a entrevista coletiva, ao julgar que o seu time foi muito prejudicado pela arbitragem em derrota para o Atlético-MG. No último jogo, contra o Grêmio, o argentino voltou a questionar os critérios. O discurso dele é o mesmo de Casares, que cobrou mudanças drásticas para melhorar o futebol brasileiro.

“O tema arbitragem no Brasil tem que ser aprofundado. A interpretação do árbitro, do VAR, cada hora vemos uma coisa. Um jogo como o contra o Grêmio, você ter 13 minutos de acréscimo é algo inacreditável. O VAR não chamou em nenhum momento. Teve substituições, talvez 4 ou 5 de acréscimo, mas não 13 minutos. E quando você tem uma interpretação de atitudes que estão atrasando o jogo, aquilo tem que ser para todos. Está faltando padronização. A arbitragem em Minas Gerais foi um desastre e contra o Grêmio foi confusa. Deu um cartão amarelo ao Igor Vinícius sem nenhuma necessidade. Isso compromete o espetáculo. Isso é ruim para o futebol”.

‘O São Paulo vai jogar pelo Alisson’

Para encerrar, o presidente falou sobre Alisson, considerado um dos melhores jogadores do time no ano, mas que fraturou o tornozelo, passou por cirurgia e provavelmente não entrará mais em campo em 2024. Algo triste, segundo Casares, mas que servirá de motivação para o Tricolor no restante da temporada.

“Alisson é um cara incrível, um grande profissional que já superou vários problemas e vai superar esse também. Uma cirurgia não tão fácil e eu acredito que esse ano vai ser muito difícil ele voltar. Principalmente no momento maravilhoso que ele estava vivendo. Mas eu acredito que os profissionais do São Paulo vão colocar o Alisson para surpreender a gente, como o Pablo está avançando na recuperação. Estava falando com o Lucas hoje para que todos agora joguem um pouquinho mais, joguem pelo Alisson. Eu me lembro que quando o pai do Pablo morreu, todo mundo jogou sentindo, contra o Palmeiras, no Allianz Parque. O Alisson vai ser o nosso grande símbolo dessa jornada. Eu falei que agora é o momento de repousar e logo já começar a trabalhar para voltar”.

Citando o volante como um “ídolo do São Paulo”, o dirigente também revelou uma conversa que teve com Dorival Júnior nos Estados Unidos, onde estava ao ser chefe de delegação da seleção brasileira na disputa da Copa América. Segundo ele, o treinador, responsável por colocar o então atacante Alisson como volante, cogitava até mesmo que o meia defendesse o Brasil. E ao lado de um companheiro de time.

“O Dorival tecia muitos elogios ao Alisson. E eu vou até mais longe. Um dia o Dorival falou ‘poxa vida, eu tento imaginar uma dupla Alisson e Pablo Maia’. Tamanho o acerto que eles tiveram. Mas quis o destino que os dois se machucaram dessas formas. É um golpe muito duro, mas são jogadores que logo estão voltando, o tempo passa muito rápido”.

ESPN