Tribunal Pleno se reuniu nesta quinta para julgar caso de partida vencida pelos cariocas por 2 a 0
O Tribunal Pleno do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) adiou, nesta quinta-feira, a decisão sobre o pedido do São Paulo – em Medida Inominada – para anular o jogo contra o Fluminense, disputado no dia 1º de setembro, pelo Campeonato Brasileiro.
O clube alega erro de direito da equipe de arbitragem, que validou um gol do Fluminense, o primeiro da vitória carioca por 2 a 0, após o árbitro Paulo Cesar Zanovelli não marcar falta de Thiago Silva – pedida pelo São Paulo. Na ocasião, o zagueiro carioca toca a bola com a mão e o VAR, em seguida, chama o árbitro para analisar o lance.
A mando do presidente do Tribunal, Luis Otávio Veríssimo Teixeira, o caso voltará a ser discutido na próxima reunião do Pleno, ainda sem data confirmada.
A auditora Antonieta da Silva Pinto foi quem defendeu inicialmente o pedido de vista – adiamento dos votos para melhor averiguação do caso. Antes disso, o relator do caso, Rodrigo Aiache, recebeu o pedido, reconheceu que houve erro de direito cometido pelo árbitro, mas considerou que ele era irrelevante para o resultado da partida.
Outros dois auditores que votaram antes do pedido de vista foram contrários ao recebimento da ação – por ter sido feito fora do prazo de 48 horas previsto no CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), e nem analisaram o mérito da disputa.
– A manutenção do resultado da partida é a regra, sendo a sua anulação a exceção – disse o auditor Rodrigo Aiache, vice-presidente administrativo do tribunal Pleno do STJD.
Na argumentação, o advogado do São Paulo defendeu a anulação da partida e disse que o árbitro Zanovelli “falseou a verdade” ao mudar o relato em checagem do VAR.
– O árbitro escolheu, conscientemente, não aplicar as regras do jogo e esse tribunal não pode tolerar isso sob pena de colocar em risco a integridade da competição. O São Paulo não está pedindo os pontos da partida. O São Paulo está pedindo que a partida seja jogada novamente. Inclusive se o Fluminense entende que o erro de direito foi irrelevante, porque o resultado foi 2 a 0, em uma nova partida do Fluminense vai entrar em campo e vencer o São Paulo– disse o advogado Pedro Moreira.
Do outro lado, na defesa do resultado de campo, dois advogados defenderam os árbitros da partida e o Fluminense, vencedor do jogo no Maracanã. Rafael Pestana, advogado do Fluminense, disse que anular a partida seria beneficiar o infrator, no caso o São Paulo, porque a falta seria favorável ao Fluminense e também pelo motivo do Tricolor Paulista ter perdido prazo processual.
Como foi o lance
A discussão começa numa disputa de bola entre Calleri e Thiago Santos, no meio de campo, ainda no primeiro tempo. O árbitro vê falta do argentino, mas dá vantagem ao Fluminense, já que a bola fica com o zagueiro Thiago Silva.
Thiago Silva, porém, entende que foi marcada a falta, abaixa, coloca a mão na bola e a recoloca em jogo. Na sequência, Kauã Elias faz o gol.
Para o São Paulo, ao ter dado vantagem no primeiro lance, Zanovelli deveria ter marcado falta de Thiago Silva por colocar a mão na bola – o que bastaria para anular o gol.
A divulgação das imagens e do áudio da revisão do primeiro gol do Fluminense na vitória sobre o São Paulo causou revolta entre dirigentes do clube paulista. O vídeo mostra o árbitro se contradizendo ao ver o lance no monitor do VAR.
O lance gerou reclamação imediata em campo, com os jogadores do São Paulo pedindo a anulação por entenderem que, por ter sido vantagem no primeiro lance, Thiago Silva cometeu falta ao colocar a mão na bola. Zanovelli vê a jogada no monitor e decide manter o gol.
Nas imagens divulgadas na sexta, porém, Zanovelli é claro ao afirmar ao VAR Igor Junio Benevenuto que deu vantagem. Depois, ao rever o lance no monitor, ele se contradiz:
– Eu ia dar a vantagem, o jogador (Thiago Silva) para e bate a falta. Eu dou sinal de falta. Vamos seguir. Eu dei a vantagem, eu segui. É gol legal, tá, Igor (Junio Benevenuto, o VAR)? – afirma ele, antes de se afastar do monitor.
O São Paulo já tinha protestado por causa do lance. Primeiro, com ofício enviado à CBF, depois numa reunião entre o presidente do clube, Julio Casares, e o da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Globo Esporte