Oswaldo de Oliveira conta bastidores de saída do São Paulo e até reunião para ‘tirar’ 3 do time: ‘Trama especial para me derrubar’

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Oswaldo de Oliveira é caso raro no futebol brasileiro. Único técnico a dirigir todos os grandes de São Paulo e Rio de Janeiro, ele conquistou títulos e marcou época em algumas dessas equipes, mas uma passagem ainda deixa uma lembrança negativa.

Convidado do Resenha ESPN, Oswaldo contou bastidores de seu tumultuado trabalho no São Paulo, onde permaneceu por um ano entre 2002 e 2003. O programa vai ao ar na madrugada de sexta-feira (18) para sábado (19), à 0h30 (de Brasília), com transmissão do Disney+.

Campeão brasileiro por Corinthians e Vasco, além de mundial pelo Timão, Oswaldo chegou credenciado para assumir um elenco estrelado do São Paulo, que tinha nomes como Rogério Ceni, Kaká e Luis Fabiano, além de Ricardinho, reforço contratado justamente do rival para ser a “cereja do bolo” da companhia.

O Tricolor liderou com sobras o Campeonato Brasileiro de 2002, em uma época anterior aos pontos corridos, mas caiu nas quartas de final para o Santos, que se classificou com a 8ª melhor campanha e acabou campeão com a geração liderada por Diego e Robinho. No ano seguinte, Oswaldo ainda levou o São Paulo à final do Campeonato Paulista, perdida em duas partidas para o Corinthians, resultados que culminaram com sua demissão.

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“Teve muitas outras coisas que eu não gosto nem de falar aqui. A gente sabe que sempre acontecem interesses políticos, de pessoas que até já faleceram, então não quero nem falar por isso, que é covardia a gente falar. Mas houve uma trama muito especial para me derrubar no São Paulo”, disse o técnico.

Um episódio marcou negativamente para Oswaldo, quando uma ida a um shopping na capital paulista acabou nas manchetes de jornais no dia seguinte.

“Um dia nós tivemos treino de manhã e não tinha treino à tarde. E eu estava trocando as lentes dos meus óculos, então fui até a ótica para pegar. Quando cheguei lá, fiz o teste, e o rapaz disse: ‘Oswaldo, vamos ter que dar uma ajustada. Tem como voltar em meia hora?’. Eu respondi que sim, e fui dar uma volta no shopping”, relembrou.

“Apaixonado por música, eu comprava muitos CDs nessa época. Entrei e estou vendo as novidades. O telefone toca, era um repórter me perguntando se tinha treino à tarde. Disse que não. Ele perguntou onde eu estava, respondi que no shopping Iguatemi, expliquei a situação. Manchete do dia seguinte: ‘Oswaldo cancela treino para comprar CD’. É brincadeira, né? Isso foi o montante daquilo tudo”, contou o técnico.

Reuniões com a diretoria da época também lhe marcaram, em especial o dia em que três dirigentes, cujos nomes não foram revelados por Oswaldo, o chamaram para dizer que três jogadores tinham que sair do time. O técnico garante que “peitou” a decisão.

“Eu contrariava [a diretoria]. ‘Ah, vamos contratar tal jogador’, eu dizia para não contratar. ‘Já está contratado’, eu dizia: vai treinar fora do meu horário. Esse tipo de coisa criou um atrito muito grande. Um dia, acabou o treino e me chamaram para uma reunião. Ficou um diretor na minha frente, um de um lado e outro atrás. E eu sentado”, afirmou.

“O diretor virou para mim e disse: ‘Ontem, reunimos quatro cardeais do São Paulo e decidimos que fulano, fulano e fulano não podem mais jogar no time. Você vai ter que tirar os três’. Eu respondi que o primeiro já ia sair, o segundo estava se recuperando de uma contusão e não ia sair e nem o terceiro. Só que um dos diretores virou para mim e disse: ‘Oswaldo, você é íntegro demais para trabalhar no futebol’. Fui obrigado a ouvir isso. Algum tempo depois, é claro, eu fui demitido”, finalizou.

A passagem de Oswaldo pelo Morumbis durou 57 jogos, com 31 vitórias, 12 empates e 14 derrotas. Curiosamente, ele levantou um caneco inédito para o clube: o Supercampeonato Paulista de 2002, torneio organizado pela Federação Paulista que reuniu Palmeiras, Corinthians, São Paulo e também o Ituano, campeão estadual daquele ano.

Fonte: ESPN