Quem analisa o scout da partida entre Cruzeiro e São Paulo e vê a notícia que o Tricolor venceu por 1 a 0, pode pensar que o resultado foi injusto. Afinal, a Raposa teve mais posse de bola (59% a 41%), mais finalizações (12 a 8), acertou mais passes (310 a 207), desarmou mais (38 a 29), roubou mais bolas (24 a 16) e fez mais jogadas pela linha de fundo (14 a 5). Mas a equipe paulista, fiel ao estilo de Edgardo Bauza, soube ser eficiente quando necessário e, respaldada por boa marcação, mereceu a vitória por 1 a 0, na noite deste domingo, no estádio do Mineirão.
O primeiro tempo pode ser dividido em duas partes. Patón mandou a campo a equipe que treinou no último sábado, com Ytalo atuando mais recuado e três homens à frente: Kelvin pela direita, Centurión na esquerda e Alan Kardec centralizado. O começo de jogo foi complicado para o Tricolor, que deixava espaço para o meio-campo do Cruzeiro chegar com a bola dominada. Tanto que com sete minutos, os mineiros só não abriram o placar porque Willian, cara a cara com Denis, falhou na finalização.
Com o passar do tempo, Robinho e Arrascaeta passaram a ser vigiados de perto. João Schmidt e Thiago Mendes encurtaram a marcação e, com isso, o Cruzeiro parou em campo. A equipe chegava até a intermediária e voltava, porque as laterais também estavam bloqueadas por Kelvin e Centurión, responsáveis por auxiliar Bruno e Matheus Reis na marcação.
O São Paulo, no seu primeiro ataque, encontrou o caminho do gol. E foi um golaço. Novamente funcionou a dupla Kelvin e Bruno pela direita. O lateral foi ao fundo e cruzou para Ytalo, que dominou com uma perna, girou e bateu com a outra, no ângulo direito de Fábio. Belo gol do atacante e méritos para o lateral-direito tricolor que, com seis assistências na temporada, tornou-se o maior garçom da equipe no ano.
Até o final do primeiro tempo, o jogo foi controlado pelo São Paulo. O vídeo acima, que tem a duração de aproximadamente um minuto, mostra como a equipe mineira, sem espaço para atacar, chegava até a intermediária ofensiva e voltava a bola para trás. Na saída de campo para o intervalo, o meia-atacante Elber definiu bem o que faltava para sua equipe.
–- Não adianta ter a posse de bola e não chutar para o gol – afirmou.
Segundo tempo
Na volta para o segundo tempo, o Tricolor retornou sem Bruno, que passou mal no intervalo e foi substituído por Auro. Um chute de Arrascaeta, aos três minutos, deu a falsa impressão ao torcedor cruzeirense que a história da partida poderia mudar. Nada disso. O São Paulo seguia marcando bem. Aos 10 minutos, com as entradas de Alisson e Riascos nas vagas de Willian e Robinho, o Cruzeiro partia para o tudo ou nada em busca do empate.
Estranhamente, o São Paulo cometeu um equívoco que foi recuar sua marcação para atrair o adversário e tentar sair no contra-ataque. Mas o Cruzeiro, sem organização, não levava perigo. O máximo que conseguiu foi uma cabeçada de Bruno Rodrigo aos 18 minutos, que passou perto do gol de Denis. O São Paulo respondeu quatro minutos depois, com Alan Kardec, que recebeu assistência de Kelvin, mas falhou na finalização.
Patón resolveu dar novo gás ao seu time, sacando Centurión e colocando Lucas Fernandes. Com isso, Ytalo deixou de atuar centralizado e passou a jogar pela esquerda para também ajudar Matheus Reis na marcação. No primeiro lance do meia, quase saiu o segundo gol do São Paulo.
Depois, o treinador promoveu uma estreia, colocando o garoto Luiz Araújo, mais uma cria da base de Cotia, na vaga do cansado Ytalo. Apesar de ser atacante, ele entrou mais com a obrigação de fechar a marcação pelo lado esquerdo. O Cruzeiro, embora com mais posse de bola e mais um atacante (Douglas Coutinho entrou na vaga de Arrascaeta), abusou das bolas aéreas e facilitou as coisas para a zaga tricolor e para o goleiro Denis, que não fez uma defesa difícil durante a partida. No final, Lucas Fernandes quase fez o segundo gol, em chute cruzado.
Ao apito final, festa justa do São Paulo, que agora terá dois jogos seguidos em casa (Atlético-PR e Vitória) para entrar no G-4 e tentar se aproximar dos líderes do Campeonato Brasileiro.