Liderança ativa: veja como Rafinha, Calleri e Lucas atuam também fora do campo no CT do São Paulo

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Capitães do Tricolor na temporada têm também funções que vão além das partidas

Rafinha, Calleri e Lucas. Jogadores experientes, com vivência internacional e que, nesta temporada, dividem a tarja de capitão nas partidas do São Paulo.

Quando o lateral não está em campo, ela fica no braço do argentino. Quando nenhum dos dois primeiros atua, como foi no empate por 1 a 1 contra o Red Bull Bragantino, é Lucas quem assume a função.

Mais do que isso, porém, o trio tem muitas outras funções no dia a dia do CT da Barra Funda. Ao longo da temporada, a reportagem ouviu alguns exemplos da liderança positiva dos jogadores. Veja abaixo:

Discussão de premiação

A diretoria do São Paulo acertou o valor de premiação que será distribuído para o elenco no ano numa conversa realizada ainda no início da temporada.

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Foi em janeiro que o departamento de futebol se reuniu com Rafinha, Calleri e Lucas para tratar dos valores que seriam pagos aos jogadores de acordo com as metas alcançadas no Paulistão, Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e também na Supercopa, em taça conquistada contra o Palmeiras.

Uma curiosidade é que, além das porcentagens estabelecidas pela premiação de cada campeonato, os jogadores definem um valor fechado que poderão somar até o fim da temporada.

Assim, antes de um clássico ou um jogo importante, ao sentirem que uma premiação pode dar um combustível ao time, eles solicitam que a diretoria coloque um determinado bicho em jogo para que seja distribuído entre os jogadores e funcionários em caso de vitória e/ou classificação.

Presença no vestiário

Uma cena comum em jogos do Morumbis aconteceu também em Bragança Paulista, na última quarta-feira, no empate por 1 a 1 contra o Red Bull Bragantino. Mesmo sem condições de jogo, Calleri viajou junto com o elenco de ônibus para apenas torcer e apoiar os colegas. O mesmo ocorreu com Wellington Rato, que também lá esteve mesmo sem poder jogar.

Segundo pessoas do CT, essa presença de jogadores machucados no vestiário do Morumbis em todos os jogos do São Paulo teria começado com Calleri em seu retorno ao clube. O hábito, que no passado era comum com Rogério Ceni e outros atletas, passou a ser cada vez mais natural. Neste ano, quando sofreu lesão que o tirou de combate por três meses, Rafinha bateu cartão no vestiário.

Papo com a Polícia Militar

Esse episódio aconteceu em agosto de 2023, mas ilustra muito bem a força e influência dos jogadores junto da diretoria. Na semana do duelo contra o Corinthians, na semifinal da Copa do Brasil, foi cogitada a possibilidade de a Polícia Militar vetar a festa da torcida na recepção do ônibus do Tricolor na entrada principal do Morumbis, na praça Roberto Gomes Pedrosa.

Ao saberem do fato, Rafinha e Calleri entraram na sala do diretor de futebol Carlos Belmonte e disseram que o clube precisava brigar pela liberação do “corredor de fogo” da torcida. O dirigente telefonou para o chefe do Choque da Polícia e colocou os atletas no diálogo.

Depois de alguns minutos de conversa, os jogadores conseguiram a liberação da festa, hoje apontada pelos jogadores como fundamental em dia de jogos decisivos.

Representantes na dor

Dos três jogadores citados, dois representaram o São Paulo no velório do jogador Izquierdo, do Nacional, em agosto deste ano. O atacante Calleri e o lateral Rafinha fizeram questão de ir até Montevidéu para a despedida do jogador. Rafinha, inclusive, deu entrevista em nome do grupo

Ficou evidente na conquista da Supercopa neste ano a importância de Rafinha na execução da roda de samba do elenco do São Paulo. Logo após a conquista, o jogador levou os instrumentos a campo e improvisou uma roda, que teve Welington e Lucas Moura como alguns dos tocadores.

O que poucos sabem é que essa roda de samba ocorre com frequência no CT. O volante Liziero, por exemplo, é outro jogador bastante ativo na brincadeira. Essas interações dos jogadores às vezes ocorrem na véspera ou mesmo no dia de jogos, quebrando a tensão e ajudando o tempo a passar.

Mas o argentino Calleri, embora não seja de samba, também tem sua influência musical no elenco. Como existem muitas pessoas com o espanhol como língua materna dentro do CT, o argentino costuma apresentar músicas latinas aos companheiros. Também no título da Supercopa, puxou junto de Alan Franco a música “Campeones, campeones, olé, olé, olé”.

Aconselhamento geral

Junto de Luiz Gustavo, também muito experiente e com currículo de Copa do Mundo, os três jogadores são muito buscados pelos companheiros para todo tipo de aconselhamento. Calleri, que mora em Alphaville, geralmente faz um certo lobby para que os recém-chegados também se mudem para o seu condomínio. O jogador, que vai ao CT numa van, costuma até a dar carona a alguns colegas.

De forma geral, porém, o exemplo dos jogadores é muito seguido pelos companheiros. A influência de Lucas Moura é ainda maior em relação aos atletas que, assim como ele, saíram de Cotia. Ele costuma conversar muito com os mais jovens, que sempre tiveram nele um ídolo.

Segundo o diretor Carlos Belmonte, esses jogares foram muito importantes para que o São Paulo pudesse reagir rapidamente no Brasileirão depois das eliminações na Copa do Brasil e Libertadores.

– Nosso elenco tem muito comprometimento. Montamos um time que quer ganhar, que quer brigar pelos títulos. Quando vem a dor da eliminação nas Copas, o luto é maior. Isso liga uma luz amarela do risco de o time não voltar rapidamente e de se recompor para disputar o Brasileirão, mas felizmente conseguimos. Tem o peso das lideranças, Rafinha, Luiz Gustavo, Lucas, Calleri, jogadores experientes que conseguiram puxar o todo para que se voltasse rapidamente ao foco do Brasileiro, para que a gente pudesse ter o objetivo de estar na Libertadores de 2025 – explicou.

Fonte: Globo Esporte