Hoje na Série B, ex-meia do São Paulo diz: ‘Não estava preparado para ser o novo Kaká’

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ESPN.com.br

Vladimir Bianchini

Sérgio Mota fez apenas 12 partidas pelo São Paulo
Sérgio Mota fez apenas 12 partidas pelo time profissional do São Paulo

Sérgio Mota teve que conviver durante muito tempo com o rótulo de craque na base do São Paulo e a comparação com Kaká. Se por um lado isso trouxe prestígio e fama precoce, por outro deu responsabilidade exagerada para um garoto que tinha menos de 20 anos e sequer havia estreado no profissional.

Atualmente no Luverdense, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro, o meia acredita que sua passagem pelo clube do Morumbi poderia ter sido diferente.

“Faltou um pouco de oportunidade, mas eu era imaturo também. Não soube lidar tanto com a responsabilidade que colocaram em cima de mim e faltou um pouco de comprometimento também. Juntou tudo isso, não tinha noção da proporção da expectativa que estavam depositando sobre mim, mas também não tinha ninguém para me auxiliar”, disse o atleta, em entrevista ao ESPN.com.br.

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Nos cinco anos em que ficou no time principal do Morumbi, ele fez apenas 12 partidas. Apesar de não demonstrar mágoa com seu ex-clube, ele acredita que não teve preparo para a fama repentina.

“Me colocavam como novo Kaká, novo Raí, mas sem jogar. Isso também me afetou um pouco. Eu era um molecão imaturo que não tinha nada e em coisa de um ano tinha tudo isso. Subi muito rápido e não consegui lidar por ser muito novo. Mas tirando isso, foi uma experiência boa”.

Gazeta Press

Casemiro (à esquerda) e Sérgio Mota durante treinos do São Paulo
Casemiro (à esq) e Sérgio Mota durante treino

Com a mesma idade (26) e posição de Paulo Henrique Ganso – titular do São Paulo e convocado neste mês para a seleção brasileira – o jogador canhoto não conseguiu ser o camisa 10 do Morumbi que tanto gostaria.

Natural de São José dos Campos, o meia chegou ao time tricolor depois de passar em um teste, em 2003. Seu nome ficou muito conhecido depois de fazer uma grande Copa São Paulo de futebol júnior, em 2007. Como estava suspenso, não atuou na final que terminou com a derrota para o Cruzeiro.

Com isso, foi ao time de cima, mas não teve muitas chances e foi emprestado para vários clubes: Toledo-PR, Ceará, Icasa e Santo André. Seu contrato com o São Paulo terminou em 2012. Depois passou por América-MG e Botafogo-SP antes de ir para os EUA.

DOS EUA PARA A SEGUNDA DIVISÃO

O meia foi ano passado ao Seattle Sounders, clube que tinha o atacante nigeriano Oba Oba Martins, além do meia norte-americano Clint Dempesey. Como a equipe já tinha atingido o limite de estrangeiros, Sérgio não disputou jogos pela Major League Soccer.

“A Liga está em ascensão. Fiquei seis meses e aprendi muito, tanto profissionalmente como pessoalmente. Treinava sempre com a equipe principal, mas atuava no time B. Esse ano teria mais oportunidades, mas como não cheguei a um acordo e apareceu o Luverdense eu preferi voltar ao Brasil”, afirmou.

Divulgação

Sergio Mota e Thomás foram anunciados pelo Seattle
Sergio Mota (à esquerda) e Thomás na apresentação no Seattle

Com contrato até o final do ano, Sérgio chegou ao time de Lucas do Rio Verde e estreou com o campeonato estadual em andamento. “Fomos campeões e eu joguei as partidas bem e fui titular. Estou voltando ao meu momento bom”, analisou.

Sérgio encara o novo clube como o recomeço de sua carreira e grande oportunidade de voltar à vitrine no país.

“É uma chance enorme. Quem não gostaria de jogar uma Série B de Brasileiro? Ela é muito vista e o mercado é grande. Além disso, o clube está em ascensão. Monta bons elencos e chega lá em cima. Acho que teremos coisas muito boas pela frente, mesmo com uma competição muito difícil.”

Divulgação Luverdense

Sérgio Mota tem seis partidas pelo Luverdense
Sérgio Mota tem contrato com o Luverdense 

“A comissão e a diretoria são muito tranquilas. Eu deixei claro que vim para ajudar e confio no meu potencial, mas que não resolveria nada sozinho. Me doaria ao máximo para ajudar os companheiros da melhor maneira possível. Cada um se ajudando e sendo bom para todo mundo. O pessoal compreendeu isso”.

Diferentemente dos tempos de Morumbi, ele se sente à vontade para mostrar seu potencial.

“No São Paulo eu tinha uma pressão sem jogar e status sem entrar em campo. Aqui todo mundo fala que sou o cara lá do São Paulo, mas consigo trabalhar. Tenho uma cabeça bem mais tranquila hoje em dia. Sei me cuidar e me preparar melhor, até para lidar com cobranças”.

Apesar de ainda não fazer uma campanha regular, a equipe ocupa a 13ª posição com nove pontos ganhos, o meia sonha com voos mais altos.

“São 38 rodadas e precisaremos do grupo todo na mão porque tem suspensão e lesão. Primeiramente nosso objetivo é ficar na Série B e depois batalhar pelo acesso, é um sonho. Não é nada impossível”.

Feliz como há muito tempo não se sentia e longe dos rótulos que tanto o perseguiram ao longo da carreira, Sérgio Mota quer aproveitar tudo que não teve. “Hoje acho que vivo o momento mais especial da minha carreira. Muita gente queria ter essa oportunidade e não tem”, finalizou.

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