Prancheta Tricolor – Quarenta e um dias e já querem a cabeça de Zubeldia

102

Hoje, 10 de fevereiro, quando o São Paulo “recebe” a Inter de Limeira no Mané Garrincha, em Brasília, pelo Campeonato Paulista, é o quadragésimo-primeiro dia do ano. Nestes pouco mais de quarenta dias o Tricolor, com seu time principal, entrou em campo nove vezes. Hoje será a décima: média de uma vez a cada quatro dias.

Os números, se não são positivos, também estão longe de serem negativos: quatro vitórias, três empates e duas derrotas. A primeira fase do Estadual, que vale muito pouco e deve ser encarada como extensão da pré-temporada, nem chegou ao fim e a pauta de trocar o treinador já submerge do lodo das redes sociais e passa a fazer parte de discussões, vamos dizer assim, mais conceituadas.

Não sei o que é mais absurdo: cogitar a troca de Zubeldía após menos de dez jogos, dos quais metade só com o time titular, ou sediar uma partida do Campeonato Paulista em Brasília. Ambos não entram na minha cabeça.

O trabalho do argentino não é perfeito. Mas, vamos ser sinceros, nos momentos decisivos teve mais triunfos do que fracassos. Por um pênalti o São Paulo não eliminou o Botafogo, campeão da Libertadores; a derrota para o Atlético-MG, na Copa do Brasil, veio em contexto de recém-tragédia, logo após o funeral do Izquierdo, com o elenco psicologicamente abalado. Dava para ir melhor no Brasileiro, mas de toda forma a vaga direta na fase de grupos foi conquistada, como estava planejado.

Publicidade

O grande jogo de 2025, por enquanto, foi uma vitória inquestionável diante do Corinthians, dono da melhor campanha desta primeira fase do Paulista. Em termos de resultado o saldo é positivo.

Podemos, e devemos, questionar o desempenho do time em campo. Mas não sem considerar que o ano tem menos de cinquenta dias. Que a pré-temporada foi atropelada por um calendário insano e maluco. Que a primeira fase do Paulista serve para testar, errar e acertar, e os erros devem ser encarados mais como aprendizado do que como sentenças definitivas.

Outro ponto, que deve ser cobrado, está relacionado com a “vontade” do time em jogos fora do Morumbis. Atuações tímidas, aparentemente sem vontade. De novo, guardados os poréns de dez jogos em quarenta dias, metade só com o time titular.

Por fim, o que mais incomoda, tem a ver com o aproveitamento da base: Ryan Francisco está pedindo passagem no time titular e precisa ser mais acionado. Alves, ao meu ver, está ainda mais pronto do que ele. E se William Gomes não estava pronto para jogar o Paulista, por que já estreou na primeira divisão do Campeonato Português? Mas neste caso, a meu ver, a questão não é só do treinador. E é pauta para outro texto.

O imediatismo, que sempre existiu no futebol, foi amplificado com a chegada das redes sociais. Influenciadores que buscam engajamento com pautas que são atraentes – troca de treinador, seja ela cogitada internamente ou não, é sempre sedutora como assunto – aproveitam para monetizar. A corneta é lucrativa.

Prefiro manter a calma e pensar de forma racional: mandar Zubeldia embora, agora, é tão absurdo quanto preferir jogar em Brasília do que em alguma cidade do Interior de São Paulo cheia de são-paulinos loucos para ver o time titular jogar o Campeonato… Paulista.

André Barros é jornalista e são-paulino, não necessariamente nesta ordem