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Marcelo Hazan
Diretoria valoriza atletas nos quais investiu para contratar e opta por pagamentos parcelados quando vai atrás de reforços: “Ninguém facilita para o São Paulo…”
(Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)
A grave crise financeira sofrida pelo São Paulo em 2015 e até início deste ano, quando o pagamento dos direitos de imagem dos jogadores foram atrasados, tornou a austeridade uma obrigação. O reflexo disso se dá na gestão do futebol. A postura dos dirigentes tem sido valorizar ao máximo cada investimento e endurecer as conversas com clubes interessados em jogadores são-paulinos. Principalmente em casos como os de Rogério e Kieza, que custaram dinheiro ao clube.
Veja os principais casos abaixo:
Empréstimos de jogadores
– Ninguém facilita para o São Paulo, portanto, faremos o mesmo.
A frase de um dirigente do clube exemplifica o pensamento da gestão nas negociações. O caso de Maicon é um exemplo da dificuldade que o Tricolor tem encontrado para manter o seu elenco. O zagueiro pertence ao Porto, que não aceita emprestá-lo e dificulta uma negociação de compra – há planejamento para ter um plano B caso a permanência não seja possível. Em contrapartida, o clube do Morumbi também estabeleceu regras rígidas para emprestar atletas.
1) O pagamento integral dos salários do jogador emprestado é responsabilidade do novo clube e ponto praticamente inegociável. Esse é o requisito básico para abertura de negociação.
2) O São Paulo não cede seus atletas sem uma contrapartida financeira e/ou esportiva. No caso da segunda opção, o clube opta por receber em troca do empréstimo um jogador promissor da base do outro time. Foi assim na saída de Kieza para o Vitória. O clube baiano pagou US$ 1 milhão à vista e cedeu o atacante Ruan Café e o meia Geovane ao Tricolor. Os direitos econômicos dos dois atletas agora são divididos entre os dois clubes.
Parcelamentos
Com pouco dinheiro em caixa para montar o elenco de 2016, o São Paulo contratou Maicon, Kelvin, Mena, Calleri e Lugano, quinteto titular da equipe de Edgardo Bauza, sem investimentos além dos salários. A única aquisição com dinheiro envolvido foi a de Kieza, mas o valor que seria pago de forma parcelada foi recebido de volta à vista.
Parcelar o pagamento das contratações, aliás, foi uma das soluções encontradas para fazer investimentos quando não houve possibilidade de transferência sem custos. Assim o São Paulo fechou com Kieza, agora no Vitória, e com o peruano Christian Cueva, ex-Toluca: pagará R$ 8,8 milhões em três anos.
Saída de Rogério…
(Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)
Edgardo Bauza e a diretoria observam o mercado atrás de um zagueiro e um atacante, por conta das possíveis saídas de Maicon e Calleri. Justamente por querer reforços e considerar o atual elenco curto, o técnico não queria perder Rogério, considerado atleta importante e autor de gols decisivos. A negociação só será feita por conta dos insistentes pedidos do jogador para sair e pelo lado financeiro vantajoso ao Tricolor.
O São Paulo pagou R$ 1,1 milhão por 65% dos direitos econômicos quando o contratou, em 2015, e acertou agora a compra dos 35% restantes por R$ 590 mil. Ou seja, investiu R$ 1,69 milhão por 100% do atleta. Para cedê-lo ao Sport por empréstimo de um ano, o clube avaliou o atacante ao preço de R$ 10 milhões, repassou 25% por R$ 2,5 milhões e prorrogou seu contrato por mais um ano: até setembro de 2019. Caso Rogério receba uma proposta durante o período de empréstimo, o Tricolor poderá exercer a venda, desde que a oferta atinja um valor determinado em cláusula no contrato.
Ou seja, o São Paulo lucrou R$ 810 mil nessa operação, manteve seu percentual, renovou o contrato por mais uma temporada e terá o atacante de volta, caso ele não seja vendido no período.
… e o futuro de Daniel
(Foto: Erico Leonan / site oficial do São Paulo FC)
A iminente transferência de Rogério para o Sport dificulta a possível saída de Daniel. Tanto o São Paulo quanto pessoas ligadas ao meia-atacante enxergam dessa forma. Isso porque Bauza perdeu dois possíveis substitutos de Ganso de uma vez só: Lucas Fernandes, com ruptura do ligamento do joelho esquerdo, e o próprio Rogério, atacante de origem, mas escalado pelo argentino na posição do camisa 10.
Recentemente, Daniel pediu para ser negociado para poder jogar mais e ficou perto do América-MG, mas Bauza bancou sua permanência. Depois, problemas físicos e uma caxumba o fizeram perder espaço.
Daniel se animou quando chegou a treinar entre os titulares antes da derrota por 2 a 1 para o Atlético-PR. Isso o fez repensar a decisão de sair. Mas o treinador não o escalou no jogo do último sábado e fez duas substituições sem colocar o meia. Por isso, ele ficou mais disposto a deixar o Morumbi.
O próprio Sport e o América-MG procuraram o São Paulo interessados em contratá-lo por empréstimo, mas não sinalizaram uma compensação, modelo rejeitado pelo Tricolor. A preferência de Daniel seria jogar no time mineiro para ficar mais perto da sua família, que vive em Minas Gerais. Seja qual for o possível destino do atleta, a promessa do São Paulo é de novamente endurecer a negociação.