Decisão de Liberta, tocha olímpica e casamento: a louca semana de Bruno

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globoesporte.com

Marcelo Hazan

Titular de Edgardo Bauza nas semifinais contra o Atlético Nacional, lateral-direito do São Paulo vai viajar para participar de matrimônio do irmão e conduzir a tocha

Bruno São Paulo (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)

Bruno vai conduzir a tocha olímpica e é titular de Bauza na semi (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net)

Calleri, artilheiro com 15 gols e principal esperança de bola na rede. Maicon, candidato a ídolo e contratado por R$ 22 milhões. Lugano, líder identificado com a torcida e prestes a disputar a quarta semifinal de Libertadores. Ganso, em tratamento intensivo para se recuperar de um estiramento na coxa direita e alvo do Sevilla. Nenhum deles, nem qualquer outra pessoa do São Paulo terá uma semana tão intensa e emocionante como Bruno.

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Titular do técnico Edgardo Bauza para o primeiro duelo com o Atlético Nacional, nesta quarta-feira, às 21h45, no Morumbi, o lateral-direito vai conduzir no sábado a tocha olímpica em Torres, município localizado no litoral norte do Rio Grande do Sul. Natural de Campo Grande (MS), ele se mudou com quatro anos para a cidade gaúcha, onde foi criado e a sua família vive até hoje.

A liberação para participar do momento histórico foi dada pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e por Bauza. O convite por meio de um ofício enviado pelo prefeito do município (veja na foto) é motivo de orgulho para o são-paulino, cidadão ilustre do local com aproximadamente 40 mil habitantes, filho de Arizinho, ex-ponta esquerda do Santos na década de 80, e filho mais velho entre cinco irmãos.

Um deles, Diego, vai se casar na sexta-feira. A viagem a Torres também servirá para acompanhar o matrimônio, após treinar pela manhã, no CT da Barra Funda. Momento raríssimo na carreira de um jogador profissional, cujas horas de lazer se limitam às férias no fim do ano.

Bruno vai conduzir a tocha em Torres, cidade litorânea do Rio Grande do Sul (Foto: Arquivo pessoal)Bruno vai conduzir a tocha em Torres, cidade litorânea do Rio Grande do Sul (Foto: Arquivo pessoal)

Ou seja, Bruno disputará dois jogos de semifinais de Libertadores, participará do casamento do irmão e conduzirá a tocha olímpica na cidade onde cresceu. Separados, esses eventos marcariam a vida de qualquer ser humano para sempre. Bruno vai vivê-los em um intervalo de sete dias.

Da esquerda para direita: Diego, irmão que vai casar, irmãos Rafael, João Vitor e Maria Eduarda (crianças), Érica (mãe), Ari (pai e ex-jogador) e Bruno (Foto: Arquivo pessoal)
Da esquerda para direita: Diego, irmão que vai casar, irmãos Rafael, João Vitor e Maria Eduarda (crianças), Érica (mãe), Ari (pai e ex-jogador) e Bruno (Foto: Arquivo pessoal)

– Quarta-feira é o jogo da nossa vida. É uma oportunidade que não sabemos se um dia vamos ter. Com 30 anos, não sei se terei outra chance de disputar uma semifinal de Libertadores. Futebol é muito isso. É igual a tocha. Tem de aproveitar como se fosse a última chance. É emoção demais! Em Torres estão todos preparados para o jogo, falando do casamento do meu irmão e ligando perguntando da tocha. Todos vão prestigiar – disse.

– Agradeço a Deus por ter essas oportunidades em uma semana tão decisiva. É uma felicidade estar representando o São Paulo, a minha cidade, fazer parte de um momento tão importante para o meu irmão e conduzir a tocha. Todos no São Paulo me deram os parabéns. A tocha voltar para o Brasil é algo único. Poucos jogadores de futebol carregaram. Nessa quarta alguns amigos vêm ver o jogo. A cidade toda vai parar para ver. É uma satisfação grande que um menino de Torres esteja na semifinal da Libertadores – disse.

É o jogo da nossa vida. É uma oportunidade que não sabemos se um dia vamos ter de novo. Com 30 anos, não sei se terei outra chance de disputar uma semifinal de Libertadores. Futebol é muito isso. É igual a tocha. Tem de aproveitar como se fosse a última chance
Bruno, lateral-direito do São Paulo

Sem Ganso, garçom da temporada, com sete assistências, Bruno é candidato a ser o ponto chave da vitória do São Paulo. O lateral é o segundo do Tricolor no quesito, com seis passes para gols. Inspirado pelo fogo olímpico, o lateral poderá fazer o Morumbi tomado por mais de 60 mil pessoas explodir de emoção se emplacar mais um toque certeiro.

– Sempre nos treinos venho tentando aperfeiçoar. Fico muito feliz pela boa fase. Tem de tentar servir os companheiros para fazer os gols. Temos de fazer um bom resultado em casa. Fazendo um bom jogo, se tudo der certo e puder ajudar com gols, será muito legal.

Depois de carregar a tocha, no início da tarde de sábado, Bruno retornará a São Paulo. Ficará à disposição da comissão técnica, caso Bauza decida usá-lo contra o América-MG, domingo, às 16h, no Morumbi. O mais provável, no entanto, é que o argentino poupe todos os titulares.

Pela noite, a delegação viajará em voo fretado para Colômbia, de olho no duelo de volta com o Atlético Nacional, quarta-feira, em Medellín. Ocasião perfeita para coroar a semana maluca e mais emocionante da vida com uma vaga na final da Libertadores.

Documento Bruno Vieira São Paulo Tocha  (Foto: Divulgação)
Convocação da Prefeitura de Torres para o lateral-direito Bruno, do São Paulo (Foto: Divulgação)

Veja o que Bruno fala sobre os três momentos emocionantes da semana:

Semifinais da Libertadores
É uma mistura e estou muito feliz. Tudo casou perfeito. Se fosse para combinar não daria tão certo. Perderia um ou outro evento. Estamos numa semifinal de Libertadores. Conversamos no dia a dia que estamos tão perto de algo tão grande. O grupo só chegou porque todos mantiveram os pés no chão. Jogo a jogo fizemos nossa guerra, bem cientes. Sabemos que será difícil. Esperamos fazer uma grande partida na quarta-feira para encaminhar a classificação com o nosso torcedor.

Casamento do irmão
Depois tem o casamento do meu irmão. Perdi tanta coisa na vida: formatura, casamento de amigo, enfim. A correria do nosso trabalho é a semana toda treinando e jogando no fim de semana. Casou de ser bem no dia certo. Se fui em dois casamentos na vida inteira é muito. Só podemos no fim do ano. Estou muito feliz de participar desse momento especial da vida dele.

Conduzir a tocha olímpica
E a tocha… quando me ligaram… é uma honra muito grande. Primeiro a cidade foi sorteada, depois o pessoal lembrou de mim. Jogava campeonatos escolares em todo o Rio Grande do Sul representando a cidade. Saí cedo de casa com 13 para 14 anos. A satisfação deles de ver alguém da cidade jogando… sempre que vou de férias para lá todos me parabenizam. Nossa, vou representar a minha cidade carregando a tocha, em uma Olimpíada. É histórico!.