São Paulo: derrota em campo e vergonha nas ruas

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ESPNFC.com

Caíque Toledo

Gazeta Press
Complicou, Calleri

 

Depressivos,

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Vamos falar desse jogo e vamos ser sinceros: com o elenco que temos, chegar até as semifinais da Libertadores foi um grande feito. Depois de tudo que passamos nos primeiros jogos, a classificação heróica e o sentimento de raça e emoção das fases seguintes valeram muito a pena. Ninguém no começo do ano diria que o São Paulo chegaria tão longe, vindo do pior ano de sua história.

 

Vamos ao fato de que o São Paulo tem um time bom e um elenco pequeno e mediano. Enquanto ficou sem Kelvin e Ganso, o planejamento da equipe conseguiu não ter também jogadores disponíveis com características semelhantes, obrigando Bauza a mudar não o esquema, mas o estilo de jogo para o duelo mais importante do ano. O resultado é que mudamos tanto que acabamos com uma derrota doída para o Atlético Nacional e, convenhamos, estamos bem distantes do sonho do tetracampeonato.

 

É de se registrar que, sim, o juiz errou em expulsar Maicon e que, sim, os dois gols que sofremos foram em falhas do miolo de zaga que possivelmente seriam corrigidas caso o time estivesse completo. Não podemos, no entanto, deixar toda a culpa para o juiz. O São Paulo precisa saber que fez uma partida fraca, sem criação e sem velocidade, e que, ao não aproveitar as chances que criou, viu o adversário dominar quando teve um a mais e decretar a única derrota do clube em casa para um estrangeiro em mata-matas de Libertadores. Dói, eu sei.

 

Chega a ser impensável que o São Paulo não consiga ter no banco algum jogador de velocidade para tentar alguma coisa. Luiz Araújo seria útil se ainda não fosse tão sem experiência, Centurión seria útil se não fosse burro, Rogério seria útil se não fosse mimado. É um absurdo também que o time perca seu melhor jogador, em grande fase na carreira, e que como substituto use um improvisado atacante que chegou esses dias ou um improvisado volante com alto índice de preguiça.

 

Perdemos porque não soubemos jogar e porque o Atlético Nacional, com licença, é um excelente time. Tal do Rueda faz um grande trabalho com a base do Osorio e sabe usar muito bem as excelentes peças que possui. É o melhor time da Libertadores, desde que ela começou. E vale lembrar que, durante a pausa, reforçaram muito bem o ataque após os desfalques que surgiram. Nós? Nós trouxemos o Getterson.

 

Claro que ainda não acabou. O São Paulo pode tirar um coelho mágico da cartola e buscar uma improvável classificação na Colômbia, mas vai ter que fazer o melhor jogo do ano. Sem Maicon, sem Ganso, sem Kelvin, não deve conseguir. Nós acreditamos, claro, mas sabemos da dificuldade e valorizamos o que foi conquistado. Se cairmos, será de pé. Se conseguirmos o milagre, aí não há quem nos segure.

 

Denis: 5
Nem de longe o maior culpado, mas pra mim dava pra ter ido com a mão firme no segundo gol. Tô tão puto com o resto que nem vou perder tempo aqui.

 

Bruno: 5
Bruno com Kelvin: aceitável.
Bruno com outro na ponta: fraco. Só raça não compensa.

 

Maicon: s/n
Primeiro, deixemos claro que não concordo com a expulsão. Pra mim, um amarelo estava de bom tamanho. Depois, deixemos claro que Maicon foi simplesmente idiota. Em lance infantil, trouxa, completamente desnecessário, colocou tudo a perder e, sim, foi responsável direto pelo resultado. Me desculpe, mas o um jogador experiente, que passou anos na Europa, capitão de um time como o São Paulo, não pode passar por isso. Amo o Maicon, mas faltaram cabeça e noção. Nota: se aparecer algum oportunista falando merda da contratação definitiva, vou xingar.

 

Rodrigo Caio: 6
Apesar de várias vezes bater na massa dos colombianos e não aguentar, tava bem nos desarmes e pelo alto. Foi prejudicado pela falta de um zagueiro ao lado depois e falhou no primeiro gol.

 

Mena: 5
Apesar de claramente sem ritmo, não foi mal na marcação (no ataque errou tudo, mas ali eu já não espero nada mesmo). Já deixemos registrado que colocar o Mena na zaga não é uma opção válida nunca mais.

 

Thiago Mendes: 5
Tentou, né? Foi bem no começo, achei que seria nossa grande válvula de escape, mas ai caiu demais. Se eu ganhasse um real pra cada vez que ele foi sair jogando, adiantou a bola e perdeu a jogada, eu provavelmente poderia pagar a rescisão de contrato do Caramelo.

 

João Schmidt: 7
Disparado o nosso melhor em campo. Começou preso, marcando mais, mas depois ajudou a sair pro jogo e foi quando tivemos as melhores chances. Deveria ter sido usado como o ’10’ desde o começo e não consigo entender por que foi substituído.

 

Ytalo: 0
Que o Ytalo vá tomar no cu, com todo respeito.

 

Wesley: 0
Que o Wesley vá tomar no cu. Sem nenhum respeito dessa vez.

 

Michel Bastos: 6
Arriscou uns bons chutes, tentou boas jogadas, foi o único lá na frente que teve condições de fazer alguma coisa e aí eu me pergunto: por que num jogo desses deixar o cara preso lá na esquerda em vez de fazê-lo participar mais do jogo?

 

Calleri: 5
Esse é um coitado. Ficou correndo pra lá e pra cá tentando buscar a bola, indo sozinho pra cima dos caras e sem ninguém nem pra municiá-lo e nem pra jogar ao seu lado. Sério, tanta solidão no ataque me deu dó.

 

Patón Bauza: 3
Bauza, eu te amo, mas não consegui entender nada. Você já tinha usado tanto Ytalo quanto Wesley no lugar do Ganso, mas aí entrar com os dois? Não levar o Luiz Araújo? Tirar o João? NÃO COLOCAR UM ZAGUEIRO E PUXAR O MENA PRA LATERAL? Não quero ver ninguém contestando seu trabalho, mas hoje fiquei decepcionado.

 

Alan Kardec: s/n
Não tinha o que fazer.

 

Daniel: s/n
Não tinha o que fazer.

 

Hudson: s/n
Não tinha o que fazer.

 

Notas:
– Me xinguem, mas o time jogou o que a torcida apoiou. O estádio estava lindo, como de costume, mas nem de longe teve a mesma atmosfera dos últimos jogos.
– Nosso elenco em geral é tão ruim que é capaz de perdermos pro América no fim de semana.
– Vai todo mundo tomar no cu. Eu tô muito puto.

 

Gazeta Press

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É duro ter poucas opções, né, Patón?

 

A parte mais importante desse texto vem agora, amigos. O São Paulo entrou em campo, foi derrotado e ainda pode se classificar ou ser eliminado na quarta-feira que vem. Nós seguiremos aqui com ele, porque somos apaixonados por esse time. Cada um da sua maneira. Ninguém é mais do que ninguém.

 

Estive num local de fácil acesso e, tão logo o jogo acabou, já estava na praça em frente ao estádio. Em direção à azul, presenciei um pouco da selvageria que tomou conta da lateral do estádio. Torcedor “comum” apanhando dos torcedores de organizada. Não me importa o motivo: está errado.

 

Óbvio que não fiquei por perto e não sei como tudo se sucedeu a partir daí. Sei que depois vi crianças chorando, pessoas reclamando de terem sido roubadas, mulheres relatando casos de assédio. Vários depoimentos pondo tudo na conta da Independente, que insiste em ter um bando de marginais em sua torcida, e que nunca será respeitada enquanto isso continuar acontecendo.

 

Não gosto de generalizar, mas, a cada dia, tenho mais e mais ódio de torcedor organizado em geral. Daquele que se acha mais torcedor do que o outro, daquele que mais canta música de apoio à própria torcida do que ao time. Daquele que agride outro torcedor só porque não concorda com determinada postura. Que não são todos, é claro, mas que com certeza estão em grande número.

 

Não digo que a Independente é o maior câncer do São Paulo, porque ainda temos muitos tumores a serem retirados. Este, no entanto, facilitaria muito a vida se tomasse uma postura firme e verdadeira quanto ao bando de babacas que se traveste de torcedor e está no estádio para arrumar confusão. Não me importa se é uma minoria: enquanto casos como os de hoje continuarem acontecendo, vou sempre ter o pé atrás com qualquer tipo de organizado. Já fui ameaçado por torcedores da Independente, mais de uma vez, mas minha opinião continua intacta. Os de bem não merecem, mas serão eternamente julgados pelos atos de tantos outros.

 

Tenho certeza que a polícia não ajudou depois, a julgar pelos casos que já conhecemos aqui em São Paulo, e os relatos que ouvi de tudo que aconteceu só me confirmam que vivemos uma das piores noites de nossa história. Resta torcer para que nunca mais aconteça e que medidas sejam tomadas. E mais do que uma nota oficial, São Paulo, por favor. A derrota foi em campo, mas a vergonha foi do lado de fora. Casos assim não podem passar impunes.

 

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