O confronto entre torcedores organizados e policiais militares em frente ao portão principal do estádio do Morumbi, na noite da última quarta-feira, após a derrota do São Paulo para o Atlético Nacional-COL, pode gerar prejuízos clube. Um grupo começou uma campanha para cancelar o sócio-torcedor depois da confusão.
Os torcedores pressionam a saída do programa responsabilizando o clube pela relação com as torcidas organizadas. Em janeiro deste ano, o presidente tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, admitiu o fornecimento de entradas aos os organizados, além de ajuda no carnaval.
“Paguei caro para ir ontem ao estádio, fiz até upgrade do plano para poder garantir o ingresso antecipadamente e agora fico sabendo que organizados GANHAM o ingresso para ir ao estádio furtar os outros e causar confusão. Eu e minha namorada vivemos momentos aterrorizantes na frente do estádio. Eu sai pelo portão 15 e fui em direção ao portão 6, pois meu carro estava na direção do portão 6 e, encurralados, não tivemos outra alternativa a não ser voltar correndo e ficar dentro do estádio até a confusão acabar. Vergonhoso isso, eu paguei caro, sou sócio e o São Paulo FC oferece benefício para bandido? É sério isso?”, relatou um torcedor na página oficial do sócio-torcedor do clube paulista.
“Eu já sabia que ia ter um monte cancelando o sócio torcedor, triste admitir mas a torcida do São Paulo deixa a desejar a da motivo a rival” postou outro no Twitter.
Caso a campanha vá adiante, o São Paulo pode encarar prejuízo em um programa em plena ascensão. Apenas em junho deste ano, o clube ganhou cerca de 8 mil sócios – número bem superior à soma dos outros 29 clubes que registraram crescimento no mês (cerca de 5 mil sócios), de acordo com ranking do Movimento por um Futebol Melhor.
Neste ano, o time tricolor ganhou mais de 28 mil sócios e, com um total de 108.725 inscritos, já incomoda o Internacional, terceiro colocado, com 112.756 sócios. Palmeiras (126.607) e Corinthians (129.130) são os clubes com os principais programas de sócio do Brasil.
Procurada pelo ESPN.com.br, o São Paulo disse que repudia qualquer ato de violência e lamenta o que aconteceu nas imediações do estádio.
“O São Paulo está acompanhando atentamente os relatos das autoridades e dos torcedores que estiveram no Morumbi, lamenta profundamente e repudia qualquer manifestação que envolva violência, como a ocorrida ontem nos arredores do estádio do Morumbi”, alegou.
leco responsabilizado
Nesta quinta-feira, o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, passou a ser pressionado. Conselheiros criticaram o mandatário em um grupo de Whatsapp, do qual o dirigente faz parte e formado só por membros do conselho, relembrando uma entrevista dada neste ano por Leco, na qual ele admitiu ao jornal “Folha de S.Paulo” que ajudava as torcidas organizadas no carnaval e com ingressos.
Com links e vídeos com o conteúdo da entrevista, conselheiros cobraram que o mandatário corte imediatamente o relacionamento com os organizados.
Na ocasião, Leco afirmou que era uma prática normal dar entradas para as organizadas. Apesar da confirmação da prática, o presidente tricolor afirmou ser completamente contra atos violentos.
O ponto alto da discordância surgiu após organizados iniciarem um tumulto generalizado em frente ao estádio, que culminou em um confronto com a polícia e torcedores “comuns”.
A confusão terminou com 12 policias feridos, dois torcedores agredidos pela torcida e nove detidos.
a briga
O confronto começou logo após a derrota tricolor para o Atlético Nacional-COL por 2 a 0. Os torcedores começaram a atirar pedras, pedaços de madeira, garrafas e outros objetos em direção aos policiais, que tentaram dispersar a confusão com bombas de efeito moral.
O tumulto gerou ‘corre-corre’, e quem estava no meio do conflito tentou se esconder até embaixo de carros no meio da rua. Há relatos de que os organizados passaram a roubar outras pessoas que estavam no estádio.
A briga aconteceu em frente aos portões 4, 5 e 6 do Morumbi e prosseguiu até a Praça Roberto Gomes Pedrosa. Três torcedores foram atendidos no ambulatório do estádio e depois acabaram liberados.