Michel Bastos e o pacto do São Paulo: “Ouvir que é impossível me fortalece”

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globoesporte.com

Marcelo Hazan e Marcelo Prado

Símbolo do renascimento na Libertadores, meia revela que grupo fez acordo no vestiário, logo após derrota, e joga para surpreender quem aposta na eliminação

Fim de jogo no Morumbi: São Paulo 0x2 Atlético Nacional. O abatimento é inevitável. Será possível reverter uma desvantagem assim, fora de casa, em uma semifinal de Libertadores? Pois foi no vestiário, minutos depois do apito final, que os jogadores iniciaram a luta contra o sentimento do “já era” e fizeram um pacto, revelado por Michel Bastos ao GloboEsporte.com: se alguém não acreditasse na classificação, nem precisaria viajar a Medellín, onde o time fará o segundo duelo, nesta quarta-feira, às 21h45, no estádio Atanasio Girardot.

Naquele momento não se considerava lesionados ou suspensos. Apenas quem acreditava ou não na vaga. Era essa a divisão. Não foi por isso, por exemplo, que os machucados Ganso e Kelvin ou o expulso Maicon não acompanharam a delegação. A questão era motivacional, emocional, da alma. Para colocar na cabeça de todos que, sim, é possível vencer por dois gols de diferença, com placar igual ou superior a 3 a 1. Ou devolver o 2 a 0 e levar a decisão da vaga para os pênaltis.

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michel bastos são paulo treino medellín (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)Michel Bastos durante um dos treinos do São Paulo em Medellín (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Foi falado que se tivesse algum jogador dentro do nosso grupo que, se na cabeça dele já tivesse dado como perdido, era mais fácil nem vir até a Colômbia e ficar em São Paulo, porque só viriam aqueles jogadores que acreditam. Todos assimilaram isso. Colocamos na cabeça de cada um que não será fácil. Então, todos precisam estar 100% preparados – disse.

– Passei por muita coisa no futebol, vi várias situações muito mais difíceis serem revertidas. Então, por que nós não? Com um time de qualidade como temos não podemos reverter? Se todos se conscientizarem que é possível, vamos conseguir – completou.

Desde então, Michel Bastos e todos no São Paulo escutaram que a classificação é improvável. De alguns até o decreto: “impossível”. Palavras ouvidas pelo próprio meia antes de reverter a situação pessoal de protestos direcionados no início do ano, no qual parte de uma torcida organizada pedia sua saída.

Símbolo do renascimento do Tricolor na Libertadores,  Michel Bastos falou em entrevista ao GloboEsporte.com na véspera da partida mais importante do ano como essa descrença na virada o motivou.

Michel Bastos São Paulo (Foto: Marcelo Hazan)
Michel disse que fato de não acreditarem na equipe fortaleceu o grupo (Foto: Marcelo Hazan)

– Chegamos até aqui por méritos nossos. Uma coisa que nos fortaleceu muito foi o fato de que muitos não acreditavam que poderíamos chegar até onde chegamos. Hoje, para esse jogo, os que mais acreditam somos nós jogadores. Muitas vezes escutar que é impossível, que não vai dar, para mim, principalmente, me fortalece. Para mostrar para a pessoa que acha que a nossa equipe não tem qualidade de reverter a situação que ela está errada. Só podemos provar isso dentro de campo. Espero que consigamos provar para essas pessoas que não estão acreditando que é possível – disse.

Ninguém melhor do que o próprio Michel Bastos, então, serve de inspiração para o são-paulino acreditar. Do pé esquerdo dele saiu o gol que abriu caminho para a goleada por 4 a 0 sobre o Toluca, no Morumbi, pelas oitavas de final.

Do mesmo pé esquerdo a finalização cruzada e certeira para dar tranquilidade no México, na derrota por 3 a 1 para o Toluca, no duelo de volta que garantiu a classificação.

Da cabeça do meia, o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, no Morumbi, pelas quartas de final. Com bolas na rede decisivas no mata-mata, é a hora do Michel na semifinal?

– Espero que seja. É o momento em que, não só eu, mas todos jogadores querem sobressair. É um jogo decisivo. Pode nos levar a uma final da Libertadores. Com certeza. Como você falou, quando precisou sempre pude ajudar. Espero poder mais uma vez ajudar com gols ou não importa a forma que seja para o São Paulo sair com um bom resultado e a vaga na final. Não importa como vai ser: de fora da área, forte, gol de peito, de ombro… o importante é ver a bola entrar no gol do adversário que é o nosso objetivo. Mas lógico, se eu puder encaixar aquele chute, que muito me ajudou, vou sair satisfeito – disse.

Virar o que parece impossível. Fazer a moeda cair em pé, como diz a história do São Paulo no Campeonato Paulista de 1943. Reverter a desvantagem e colocar o time na final da Libertadores, cumprindo a “profecia” feita por Michel Bastos no vestiário de La Paz, após a classificação com empate frente ao The Strongest. Com tudo isso, tem promessa pela vaga?

– Cara, promessa não tem, mas se eu chegar a essa final, com certeza alguma coisa vai acontecer (risos). Pode ter certeza disso.

Vaga na final da Libertadores e a “surpresa” de Michel Bastos: é o que o são-paulino mais espera do time do Tricolor, o clube da fé.