Centurión: saída é acertada, mas em momento complicado

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ESPNFC.com

Caíque Toledo

Gazeta Press
Não, Centurión: se nem com os pés você vai bem com a bola, não tente fazer isso com o poder da mente

 

Quem acompanha este espaço sabe que Centurión (quase) nunca me enganou. Claro, eu estava empolgado com sua contratação depois do destaque que teve pelo Racing, e aquelas primeiras partidas na Libertadores do ano passado me animaram. Não demorou, no entanto, pra ver o óbvio: o argentino é muito, mas muito ruim de bola.

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Nos próximos dias, o São Paulo deve anunciar o empréstimo do atacante ao Boca Juniors. Depois de um ano e meio, 81 jogos, oito gols, mil bolas perdidas e um milhão de xingamentos vindo deste blogueiro que vós escreve, o projeto de atacante voltará ao país natal, na tentativa de ver se engana por lá e a gente consiga reaver parte da grana – lembrando, emprestada pelo atual diretor de marketing.

 

Acontece que temos um problema. A saída de Centurión seria o melhor dos mundos para o São Paulo em 99% das ocasiões — mas, nesse momento, pode dividir um pouco a cabeça. Com um elenco enxuto, passando por uma pequena reformulação, com mudança de técnico, disputando um campeonato longo e logo dividindo as atenções com um mata-mata. Por pior que seja o argentino, uma saída sem reposição agora não seria bem-vinda.

 

Acho ótimo, ok, que Luiz Araújo ganhe mais chances, e, pra mim, o garoto já tem futebol para iniciar algumas partidas como titular – coisa que Jardine, seu treinador na base, certamente fará em breve. Considerando Cueva, Kelvin e Chavez como titulares absolutos, o São Paulo fica com apenas outros quatro jogadores que podem jogar no setor de frente: o jovem Pedro Bortoluzo, o aleatório Gilberto, o preguiçoso Michel Bastos e Daniel (juro que só lembrei dele depois que já tinha terminado esse texto). Vale lembrar que, só no meio do ano, o São Paulo perdeu Ganso, Rogério, Kardec e Calleri para o setor de frente. Ytalo, lesionado, só volta ano que vem. E, com a janela de transferências internacionais fechada, só podemos buscar algum reforço da Série B ou que não tenha feito sete jogos neste primeiro turno do Campeonato Brasileiro. As opções, pra não dizer ruins, são bem escassas.

 

Eventualmente, como sofremos muito nas últimas semanas, alguém vai se machucar, vai ser expulso, alguma coisa vai acontecer, e não vamos ter ninguém nem no banco. Aliás, do jeito que tá, qualquer dia o São Paulo vai convidar jornalista cobrindo treino pra completar time no rachão, de tanta gente saindo. Eu concordo com a máxima “se não tem ninguém melhor que o Centurión na base, fecha Cotia”, mas os garotos precisam ser lançados com calma. Eu também concordo com o clássico “até um cone é melhor que o Centurión”, mas, ao menos, é uma opção. E nós não estamos em posição de escolher muito.

 

A melhor ocasião seria se o Tricolor tivesse algum reforço encaminhado para seu lugar (mesmo que não chegasse para resolver), ou que sua saída fosse negociada ao fim do ano. Não quero dar o braço a torcer e dizer que a saída do provável jogador mais burro da história do clube é ruim, mas expõe um planejamento falho. Algo está errado em negociar tantos jogadores de frente e ter uma reposição tão baixa assim, no meio da temporada.

 

O jogador vai ficar na Bombonera por empréstimo, até o meio do ano que vem, com salários pagos integralmente pelos argentinos. Tomara que, por algum motivo completamente místico, a mudança faça bem ao gringo e, que, por lá, reencontre aquele futebol que nos fez ir atrás dele como grande solução. Já que por aqui não dá mais, que seja incrivelmente feliz em casa e nos ajude com alguma coisa. Que os melhores jogos de Centurión pelo São Paulo sejam com a camisa do Boca Juniors.