O São Paulo priorizará a ajuda às famílias das vítimas do acidente aéreo que terminou na morte de 19 dos 22 jogadores da Chapecoense, segundo o diretor executivo de futebol Marco Aurélio Cunha. O dirigente ainda afirmou que o clube também dará toda assistência aos familiares do lateral direito Mateus Caramelo, morto aos 22 anos no desastre e que estava emprestado à agremiação catarinense até o final do ano.
“Todas as homenagens são bonitas, mas passaram rápido. Eu fico mais preocupado com o depois, o que virá depois com as famílias desses jogadores. Um jogador cujo contrato terminaria em dezembro, como fica a família desse jogador? A primeira ajuda tem de ser para como vai ser a família desses jogadores. Quem vai cuidar dos filhos desses jogadores?”, argumentou Cunha, revelando uma sugestão do presidente tricolor Carlos Augusto de Barros e Silva.
“O Leco sugeriu a ideia que se crie um fundo para que cuide dessas famílias minimamente por uns dois anos. Para eles se organizarem. Então eu veria primeiro a pessoa. Porque elas que vão sofrer com isso, do status que a vida do jogador pode dar. Esse é o dever maior. A instituição não morre, porque ela vai ter ajuda, mas ela vai continuar”, explicou, durante entrevista coletiva concedida após o treino desta quarta-feira.
O apoio à Chapecoense a que Marco Aurélio se referiu é o documento assinado por 12 clubes da Série A no qual se comprometeram a contribuir na reestruturação da equipe catarinense por meio de empréstimos gratuitos de jogadores.
Questionado sobre a situação de Caramelo, adquirido pelo Tricolor em 2013 e que defendia a Chapecoense desde agosto por empréstimo, o diretor assegurou que o clube buscará os meios legais para que a família do atleta não fique desamparada financeiramente. Medida esta que, na avaliação de Marco Aurélio, é mais eficiente do que “homenagens midiáticas”.
“Acionei o departamento jurídico. Quando o atleta falece, o contrato é automaticamente rescindido, você não pode pagar alguém que não existe mais. É uma questão duríssima, mas real. Vamos ver uma forma de manter isso, os clubes querem ajudar, cada um poderia pegar uma família dessa e suprir esses contratos. Isso é melhor do que homenagens midiáticas”, declarou.
“Vamos tentar manter o alinhamento do seu contrato de alguma maneira legal, sem deixar de dar o suporte, para que o clube possa dispor de valores, embora não seja correto perante a lei. Vamos tentar manter a família do menino assistida”, completou.
Cunha, por fim, ainda se mostrou contrário a algumas homenagens programadas pelo clubes – o Palmeiras protocolou um pedido à CBF para jogar com a camisa da Chapecoense contra o Vitória, na última rodada do Brasileiro, no dia 11 de dezembro -, e afirmou que o São Paulo buscará outras formas de lembrar a agremiação de Santa Catarina.
“Toda homenagem emocional é intempestiva e não se raciocina bem. Nossos atletas pensam em fazer algo que será dito no futuro, e obviamente vamos compor e estaremos juntos, nessa última rodada, homenageando a Chapecoense da forma que for mais sóbria, sem transformar homenagem em publicidade. É uma grande diferença”, concluiu.