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Alexandre Lozetti e Marcelo Prado
Contrato do ex-goleiro terá validade por duas temporadas, até dezembro de 2018; junto com o novo treinador chegam dois auxiliares, um inglês e um francês.
Técnico Rogério Ceni.
Causa estranheza, é difícil não escrever “goleiro Rogério Ceni” depois de 25 anos, mas foi o técnico que se apresentou no início da tarde desta quinta-feira, no CT da Barra Funda. Com pose e postura de quem terá a missão de orientar, comandar, ensinar e conduzir o São Paulo, em 2017, a dias melhores.
Não que Ceni já não fizesse isso antes. Debaixo da trave, opinava, sugeria mudanças, era quase um auxiliar de seus treinadores. Agora ele estará no banco de reservas. Ídolo e maior vencedor da história tricolor, terá contrato de dois anos com multa rescisória que pode desaparecer caso ele não atinja certos patamares. Bem como conquistas e metas renderão a ele bonificações em seu salário.
– Meu coração disse que se o São Paulo me chama, eu jamais poderia recusar. A profissão de técnico não se traz somente em relação ao conhecimento, mas sim à gestão de pessoas. Por isso que é preciso ter uma simbiose entre todas as áreas. Quando as partes caminham do mesmo jeito, tudo pode dar certo. O que me move são os grandes desafios – falou Ceni.
Trabalharão com Rogério o inglês Michael Beale, que deixou o comando do time sub-23 do Liverpool, e o francês Charles Hembert, profissional ligado à logística que já auxiliou a seleção brasileira. O novo técnico foi recebido por sócios-torcedores, apresentado pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e representa a esperança de um ano melhor para os são-paulinos.
– O São Paulo será comandado por um são-paulino. Mais do que qualquer coisa, quero dar as boas vindas e desejar toda sorte na sua nova trajetória, seguro de que ele está totalmente preparado para essa função. Ele traz consigo uma marca vitoriosa. Ele é um vencedor, a história no São Paulo diz isso – comentou o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
A Era Rogério Ceni começou. E recomeçou.
Veja abaixo os assuntos da entrevista de Ceni:
#FORÇACHAPE
– Antes de responder qualquer questão, quero agradecer as palavras do presidente, a presença dos outros dirigentes e que também foram importantes para estar aqui e dar prosseguimento à minha história de 26 anos. Talvez não fosse o dia mais indicado, devido a essa tragédia recente. Tudo aqui é secundário perto do que aconteceu na semana passada. Quero expressar minhas condolências. A vida, infelizmente com essas perdas, ela tem de continuar. Mas sempre fica um pouco de tristeza. Isso será eterno.
IMPORTÂNCIA DA TORCIDA
– O torcedor é sempre importante. A mudança de formatação do Campeonato Paulista nos traz seis jogos no Morumbi. Acho que o anel superior (arquibancada) deveria continuar com preço popular para que tenhamos sempre 40 mil pessoas. O apoio do torcedor sempre foi e sempre será fundamental.
ESTUDOS
– Eu tive o segundo semestre fora. No primeiro, aproveitei para descansar e ver a Libertadores. Vi um primeiro semestre promissor do São Paulo, por detalhes não chegou na final. No segundo semestre, fui para a Inglaterra, passei vários dias, foram 128 horas de curso na Inglaterra para aprimorar o inglês e para o aprendizado que o curso oferece. A minha intenção era fazer o curso completo, mas apareceu essa oportunidade e não podia deixar passar. Interrompi os cursos, segui minha paixão que é o São Paulo. Foi um ano de muito aprendizado, pude estar no Liverpool, no Chelsea, no Southampton, no West Ham… Depois, por último tive uma semana proveitosa com o Sampaoli, no Sevilla. Essas experiências foram importantes.
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NOVA CARREIRA
– Meu coração disse que se o São Paulo me chama, eu jamais poderia recusar. A profissão de técnico não se traz somente em relação ao conhecimento, mas sim à gestão de pessoas. Por isso que é preciso ter uma simbiose entre todas as áreas. Quando as partes caminham do mesmo jeito, tudo pode dar certo. O que me move são os grandes desafios.
AGORA, O TÉCNICO
– No São Paulo, passei por todos os tipos de situações, de glórias aos fracassos. Não espero ser julgado como atleta, e sim como treinador. Vou montar uma equipe de trabalho muito boa. Vamos fazer o máximo para ter um elenco mais forte. Será um desafio preocupante e, ao mesmo tempo, fascinante. Coisas pequenas não trazem emoção. Foi o que me trouxe de volta aqui. Vim aqui em busca da glória.
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RELAÇÃO COM O ELENCO
– Objetividade, lealdade, honestidade. Te dou o exemplo do Mário Sérgio, que infelizmente faleceu. Ele me chamou em 1998 e disse que não gostaria que eu batesse faltas. Entendi a colocação dele, respeitei. No tempo que ele trabalhou aqui, não bati falta. Mas ele foi sincero. Quando você é sincero, nem sempre você vai agradar, mas acredito na meritocracia. Precisamos ter um grupo forte e numeroso e vou tratar os atletas como homens. Desse jeito, você nunca terá problemas, será sempre correto com todos.
GOLEIRO OU TÉCNICO?
– Honestamente, eu gostaria que a confusão do Maicon fosse verdadeira e pudesse jogar. Não há problema nenhum. É um jogador que representou muito bem o São Paulo neste ano. Não tenho como avaliar o percentual de importância de um treinador porque ainda não trabalhei como. Eu me considero uma parte de um clube. Prefiro me sentir importante no grupo.
MADE IN COTIA
– Acredito que pelo investimento que é feito em Cotia, não podemos deixar de aproveitar os jogadores. Acompanhei treinos do sub-15 até o sub-20. Vi jogos. Temos profissionais altamente qualificados. Será dada oportunidade aos jogadores da base. O Lucas ainda não está pronto, o Neres foi para a Seleção, o Pedro vem participando. Além deles, tem o Lucas Perri e o Lyanco. Fora os mais experientes como Rodrigo Caio, Lucão, João Schmidt. Já temos um alto percentual da base no profissional, mas ainda acho que é momento de aproveitar mais gente. Casos do Lucas Kal e do Tormena, mas tenho muitos zagueiros. Vejo o Foguete, o Artur, o Araruna, o Júnior. Na maioria das posições, vão subir jogadores.
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DENIS, RENAN, SIDÃO…
– Provavelmente, o Sidão está contratado. Trabalhei com os dois (Denis e Renan Ribeiro) muito tempo, os acho capacitados. Falhas acontecem com quem está no campo de jogo. O Renan teve poucas oportunidades, o Denis fez a maioria das partidas. Sei o potencial do Denis, sei o que ele pode render. Foi o goleiro que mais jogou na minha ausência. Vai ser uma disputa saudável. A chegada do Sidão vai aumentar a competição e isso é muito importante.
PERFIL DO CENI TREINADOR
– Sempre fui exigente comigo mesmo, antes de ser exigente com qualquer outro jogador. A alma precisa estar inserida dentro de cada profissional. Existe na grande maioria. Exista talvez um ou outro problema que foge do meu conhecimento, mas não tenha dúvida de que gostaria que todos pensassem o futebol como eu pensei. Se for necessário, vamos trabalhar isso.
TRABALHARIA NOS RIVAIS PAULISTAS?
– Não consigo me ver como treinador de um desses times. Sempre manifestei o desejo de treinar o São Paulo. Também acho que não me veriam como uma opção. Existe uma incompatibilidade. Espero ficar muito tempo aqui, embora a gente saiba como funciona a questão do treinador no Brasil. E falo isso sobre os rivais com o maior respeito.
ESQUEMA TÁTICO
– Dependo muito das peças que estarão disponíveis, mas não descarto a opção de jogar com três zagueiros. Basta que você tenha os jogadores necessários para isso. Vou me adaptar ao elenco que tiver. Minha intenção é jogar ofensivamente, pressionando, buscando o gol. É claro que em alguns jogos podemos fazer ajustes diferentes. Mas vou me adaptar ao que tiver à disposição.
LIÇÕES DA EUROPA
– Pude ver, pesquisar bastante e acompanhei treinos bem diferentes do que eu fazia. Quem mais se aproximou do que eu vi lá fora foi o Osorio. Acredito na intensidade do treinamento. Na pré-temporada, os trabalhos terão 60 a 70 minutos por período quando tivermos dois períodos. E 90 minutos quando for um período só.
O QUE APRENDEU COM OS TÉCNICOS?
– Garanto que aprendi com todos eles. Convivi com 23 treinadores ao longo da minha vida e aprendi o que se deve fazer, o que não se deve fazer. Tento tirar uma mescla para o meu trabalho futuro. Você tenta puxar características de todos. Todos fizeram parte da minha formação como treinador.
OS AUXILIARES
– Michael: já sabia da qualidade dele como profissional. Pude conhecer o local da base do Liverpool e ele, durante uma hora, me mostrou como funcionava a base. Depois fui ver os treinos dele, vi um cara pronto para lidar com profissionais do mais alto nível. Ele está estudando português três horas por dia. Tenho certeza de que desenvolverá rapidamente.
– O Charles trabalhou junto com a seleção brasileira na Copa América. Na Copa do Mundo, trabalhou com Camarões. Ele me acompanhou na Inglaterra, fez os mesmos módulos de curso que eu. Ele será uma sombra do Michael em campo na comunicação. Os trabalhos serão setorizados. Eu posso trabalhar com uma parte e os outros serão tocados por eles, que são altamente capacitados.
DESAFIO DE MUDAR O FUTEBOL BRASILEIRO?
– Seria muito pretensioso da minha parte falar isso. Não estou trazendo novos conceitos. Tenho os meus conceitos. Passei ao Michael e a nossa ideia bateu. O treino será montado no dia anterior, usarei dois campos por treinamento. Eles (Michael e Charles) têm muito a acrescentar. Sempre vou delegar funções, desde que as pessoas tenham competência
Glória????
Eu sabia que tinha mulher na história no retorno desse escroto.