UOL – Danilo Lavieri
Gregg Newton/AFP
Jogadores do São Paulo comemoram vitória nos pênaltis sobre o Corinthians, na final da Flórida Cup
Um campeonato de pré-temporada para internacionalizar a marca, enfrentar times do mundo inteiro e ainda ter a chance de prospectar oportunidades nos Estados Unidos. Foi assim que a Florida Cup se vendeu no seu nascimento em 2015. Três edições depois, o custo-benefício da competição é analisado pelos participantes.
Enquanto a organização fala em sucesso absoluto, com alguns pequenos erros, os clubes, os patrocinadores e os parceiros avaliam se o custo-benefício é assim tão vantajoso.
Gastos exagerados
A começar pelos gastos. Embora organize a competição e tenha lucro com os patrocinadores, como a Prevent Senior, por exemplo, a Florida Cup não banca integralmente todas as passagens e estadias, o que acarreta prejuízo para alguns dos participantes, que precisam gastar mais de R$ 400 mil. Lucro vem da divisão da renda e de venda de direitos de televisão.
Neste ano especificamente, Corinthians e Atlético-MG receberam mais benefícios que outros participantes, como o São Paulo, por exemplo. Foi isso que incomodou alguns dirigentes que conversaram com a reportagem do UOL Esporte. A organização, no entanto, nega que tenha privilégios e diz que todos os clubes precisam se bancar para participar da competição. O que pode mudar é o tipo de patrocínio que cada um consegue.
“Isso não existe. O que a gente faz é incentivar que os clubes consigam ações para bancar a participação. O Bahia, por exemplo, foi para os Estados Unidos em uma parceria com o governo de Salvador. O São Paulo teve ajuda do patrocinador, que é uma companhia aérea”, disse Reinaldo Mendrano, sócio-executivo da competição.
Calendário apertado
Dentro de campo, o benefício da competição também foi questionado pelas equipes. Inter e Flamengo desistiram da competição. Já Corinthians, Vasco, Atlético-MG e São Paulo, por exemplo, precisaram enfrentar mudanças de última hora na tabela. Vale destacar que boa parte da troca aconteceu pelo acidente com a Chapecoense, que mudou o calendário brasileiro de 2016 e 2017.
Por causa dessa troca, inclusive, o Corinthians chegou a conversar com a organização do torneio e ameaçou desistir de ir aos Estados Unidos em mais de uma ocasião, segundo apurou a reportagem com a equipe paulista. Na época sob o comando de Oswaldo de Oliveira, o departamento de futebol dava a saída como certa. A multa e a boa relação entre os donos da competição e Roberto de Andrade, no entanto, fizeram a equipe definir pela participação.
A saída de Inter e Flamengo, inclusive, fizeram a competição tentar convites a Palmeiras e Chapecoense. Os dois disseram não. A organização admite contato apenas coma equipe paulista e diz que o único acordo com os catarinenses dizia respeito a uma ajuda de custo.
Ainda que tenha enfrentado times de menor expressão no tempo que ficou nos Estados Unidos sem atuar pela competição, o São Paulo faz questão de destacar que aprovou bastante os resultados dentro de campo. Rogério Ceni, inclusive, confirmou aos organizadores que participará da competição em 2018.
Internacionalização da marca
A organização da Florida Cup afirma que tem convites para sediar a competição em outros locais, inclusive na Ásia. Apesar de apontar para esse caminho, em 2017, a participação asiática ficou comprometida. O Shangai SIPG desistiu de ir aos Estados Unidos e fez o torneio ter menos atenção do que o comum na China.
A organização diz que a saída não afetou em nada o prestígio. “Nós temos convites para disputar o torneio na Ásia e, mesmo com a saída do Shanghai, a gente manteve a transmissão com os satélites para a Ásia, mesmo sabendo do alto custo que teríamos para isso”.
Transmissão ruim
Que a transmissão norte-americana de futebol é ruim, todos concordam. O SporTV não cansou de criticar as imagens fornecidas pela competição e repetia em todo momento que “a transmissão não era responsabilidade deles”.
A falta de qualidade também virou assunto nas redes sociais, entre os telespectadores, e chegou a ser alvo de piada entre os clubes.
Mendrano admite o problema. “A gente recebe os feedbacks e sabe que temos o que evoluir. Durante este ano, a equipe de transmissão da competição esteve em contato direto com as emissoras. Temos certeza que vamos melhorar”
Por causa da qualidade ruim, a Globo havia decidido que não venderia em TV aberta. O que prejudicou bastante os patrocinadores da competição, como a Adidas e a Prevent Senior.
Globo insatisfeita
A emissora prefere não comentar publicamente, mas não gostou da manobra feita pelos donos da competição de criar um novo produto. Depois de assinar um contrato de exclusividade em território brasileiro, a Globosat viu a Florida Cup criar outro torneio.
O primeiro era o original, com Corinthians, São Paulo e Vasco e levava o nome de Playoff. Depois de acertar com Flamengo para este ano, a organização criou o que chamou de “Challenge” e passou a negociar novamente com as emissoras. Sem interesse da Globosat, negociou com o Esporte Interativo.
Mendrano explica a polêmica. “Com o crescimento da competição, tivemos vários contatos com a Globosat e eles se pronunciaram que não teriam interesse no Challenge, por causa do número de jogos e times. Então isso foi feito completamente de acordo com a Globo e nunca foi surpresa para ninguém. E na TV aberta, por questão de estrutura, a Globo não passou o jogo, então a gente ficou livre para falar com outros”.