Peruano, que tem Ronaldo e Ronaldinho como ídolos, diz que gesto de levar a mão à orelha é uma homenagem ao meia argentino, jogador preferido de seu irmão
Por Marcelo Hazan – GloboEsporte.Com
Cueva fez mais um gol, deu assistência para Luiz Araújo e foi protagonista da vitória do São Paulo por 3 a 1 sobre o Santos, mas não deixou a Vila Belmiro totalmente feliz. Isso por conta do cartão amarelo que recebeu ao comemorar o empate, após cobrança de pênalti.
O peruano colocou a mão atrás da orelha, como se provocasse o silêncio da torcida santista – não havia são-paulinos no estádio. O volante Thiago Maia se irritou e, no tumulto, o árbitro Vinicius Gonçalves Dias Araujo deu cartão a Cueva, que explicou em entrevista coletiva no CT da Barra Funda. Não era uma provocação, e sim uma homenagem a Riquelme.
– Eu comemoro dessa maneira. Não só no Brasil, como no México. Tenho um irmão fã do Riquelme, ele sempre me pediu para comemorar assim. Foi o segundo cartão amarelo, mas não se pode perder a alegria no futebol. Isso me dá impotência. Aqui no Brasil todos faziam gols e celebravam. Isso se perdeu. Temos de deixar o jogador celebrar de formas diferentes, como se sentir no momento, sem faltar com respeito a nenhuma torcida e nenhum rival. Jogo no São Paulo e minha preocupação é o nosso time – afirmou o meia, que havia sido advertido também no empate com o Corinthians, em Itaquera, no Campeonato Brasileiro do ano passado.
Na súmula, o árbitro da última quarta-feira justificou o cartão como “excesso” na comemoração.
Veja abaixo a íntegra de sua entrevista:
VITÓRIA NO CLÁSSICO
– É importante vencer um clássico para ganhar confiança. Além do clássico, ganhamos confiança nos treinos e estamos aplicados ao que o Rogério quer durante a semana. para usar nos jogos.
COMO TIRAR GILBERTO?
– Os jogadores do São Paulo estão aqui por alguma coisa. Não é fácil estar em um clube tão grande. A decisão é do Rogério. Cada um aproveita o máximo suas chances. A maioria consegue participar dos jogos, então o técnico ganha alternativas. Lucas (Pratto) é um grande jogador, potente, e vai dar um respiro na frente quando formos pressionados. Há um grande grupo, uma família e muitos jogadores de nível. A competição por um lugar é saudável. Não me acomodo com o que conseguimos. Temos de desfrutar as vitórias e saber assimilar as derrotas.
RIQUELME
– É um jogador que eu sigo, ídolo do meu irmão (Jorge Luis). Gosto muito dele, por isso celebro dessa maneira. Meu irmão gosta muito de futebol, falo muito com ele. Depois, já falei que meus ídolos são brasileiros: Ronaldo e Ronaldinho. Para mim, são monstros e gênios. Eu me emocionava com eles jogando. Quem brincava mais no campo era Ronaldinho.
ÍDOLO NO FUTEBOL BRASILEIRO
– Sempre vi o futebol brasileiro e fui torcedor de seus jogadores. Chegar aqui era um objetivo muito grande, eu iria me encontrar com jogadores de muito nível. Meus dois filhos são quase brasileiros. Foi um objetivo muito grande que me coloquei, mas ainda não ganhei nada. Quando eu ganhar algo com o São Paulo ficarei feliz e terei cumprido meu sonho.
TRÊS VITÓRIAS SEGUIDAS
– Creio que a confiança vem desde que você vem treinar. O Rogério é uma pessoa que te dá confiança, ele nos trata como família. Seu pai te dá confiança e você não pode falhar. Quando perdemos do Audax, ele falou para não baixarmos a cabeça porque era o começo. Isso é o mais importante. O resto se desenvolve aos poucos. Três vitórias é bom, mas vamos atrás da quarta.
TRABALHO COM ROGÉRIO CENI
– É um técnico que me conhece há anos. É muito motivante ver sua variedade de trabalho. É um ganhador, demonstrou em 25 anos de carreira. Temos um mês e pude assimilar as coisas que ele quer. Seguramente ele vai me pedir mais, como a todos. Por isso estamos no São Paulo, para assumir grandes objetivos. Ele tem humildade e transmite a todos.
NÚMEROS INDIVIDUAIS
– Não tive números como no São Paulo. No México tive mais gols, mas estou há seis meses aqui. Estou feliz. Posso dar muito mais. 2017 será lindo para nós, com passos lentos e firmes. No dia em que vim ao São Paulo me propus a dar o melhor de mim. Quis que me conhecessem realmente no país onde o futebol é difícil. Ainda bem que pude me adaptar rápido. Quero mais, todos jogadores e técnicos querem mais. Tem de trabalhar com tranquilidade e humildade, celebrar os triunfos e pensar nos próximos jogos. Tem de ter mentalidade agora.
UM DOS MELHORES MEIAS DO BRASIL?
– Não me considero o melhor, mas brigo para ser o melhor. Sempre vou assumir dessa maneira. Mas para ser o melhor precisa trabalhar muito. Tenho que dar mais ao São Paulo. Eu me sinto em casa aqui, talvez isso faça o trabalho ser mais fácil. Eu me sinto igual a todos, uma pessoa que quer alcançar sonhos. O coletivo é mais importante do que o individual.
SAIR ATRÁS NO PLACAR E VIRAR O JOGO
– O ideal seria começar ganhando. Jogamos para isso. Um time grande como o São Paulo nem sempre vê o adversário de igual para igual. Gostei da reação que tivemos, é muito importante, mas o ideal é sair vencendo. Tivemos tranquilidade para levar a partida. Vamos tentar começar ganhando os próximos jogos.