Autor de três gols em duas partidas pelo Tricolor, argentino recusa idolatria precipitada e diz que ainda precisa fazer muito pelo clube. Sonho é disputar a Copa de 2018 na Rússia
Marcio Porto – LANCE!
Lucas Pratto deixou a torcida do São Paulo em êxtase com três gols nos dois primeiros jogos, mas ele também trata de brecar a euforia que pode soar precipitada. O exemplo foi na entrevista coletiva nesta quarta-feira, um dia após marcar dois gols na vitória por 3 a 2 sobre o São Bento, no Morumbi. O argentino passou toda a entrevista com discurso pés no chão, sempre se esforçando para não dar uma dimensão maior ao seu bom início no clube.
Ídolo? Calma lá! Pratto foi cauteloso ao comentar sobre a comparação com seu compatriota Jonathan Calleri, que teve início igual e histórico pelo clube e hoje é querido pela torcida. Ano passado, Calleri marcou 16 gols em 31 jogos e terminou como artilheiro do time.
– Ídolos são jogadores como o Rogério, o Diego Lugano. É quem conseguiu títulos. Se conseguirmos coisas importantes, aí a torcida e o clube podem te considerar ídolo. Como o Calleri, que fez coisas ano passado. Quero brigar por coisas importantes e graças a Deus estou em um time competitivo. Na realidade, para ser ídolo, falta muito. Estou apenas começando aqui – afirmou o artilheiro.
Pratto também não quer saber de estipular qualquer meta de gols, até para não ter pressão.
– Sempre me fazem essa pergunta (risos). O mais importante é fazer a maior quantidade de gols. Quanto mais, melhor. Mas uma meta, não tenho – disse.
E por que adaptou-se tão rápido? Já se sente em casa? Méritos coletivos.
– Fazer gols rápido sempre facilita as coisas. Mas os companheiros facilitam tudo. Grupo muito bon, que já me conhecia. Isso facilita tudo. Quando cheguei, o time estava ganhando, isso também é muito bom. A motivação, a vontade de seguir pelo mesmo caminho. É sempre mais fácil. É o mais importante da minha adaptação – analisou o camisa 14.
O atacante também falou sobre a situação defensiva do time, que levou 11 gols nos cinco jogos no Campeonato Paulista. Segundo ele, não é problema apenas dos jogadores que atuam atrás.
– Não é nem parte defensiva ou ofensiva, o time é completo. Não é futebol americano, que tem um time para atacar e outro pra defender. Eu falei ontem, que tomamos contra-ataques porque não conseguimos pressionar lá na frente. Isso é culpa nossa, do ataque, não da defesa. Temos que buscar equilíbrio. Mas vamos procurar melhorar, são só seis jogos, o Rogério está arrumando o time. Temos de pensar em todos juntos – afirmou.
Confira outros trechos da entrevista de Pratto:
São Paulo x Atlético-MG
– Não. Não dá para comparar. São dois times diferentes, dois clubes diferentes, duas histórias diferentes. O que acontecia no Atlético acontecia, uma vez funcionava bem, outra mal, como em todos os clubes. Brigamos por coisas grandes, perdemos títulos, mas poderíamos ter ganhado. Aqui tem um treinador que está buscando o equilíbrio, coletivamente temos de melhorar. Tirando os dois gols que tomamos, erramos duas ou três bolas cara a cara com o goleiro deles. Poderíamos ter feito quatro gols, cinco. Sabemos que a defesa quando erra fica mais exposta. Mas temos de melhorar todo mundo, porque a gente tem que pressionar no ataque. Porque senão fica muita exposta a defesa
Vai atingir a meta que tem em contrato mais rápido do que o previsto?
À parte do que tem o contrato, meu objetivo é jogar, fazer gols. Fazer o melhor para o time, que fez um investimento alto por mim, e que tem muita confiança. E o mais importante é jogar bem, fazer os gols porque é minha posição, mas ajudar o time a ficar mais forte. Buscar títulos, porque o mais importante é brigar por coisas importantes. E, graças a Deus, estou em time competitivo para isso
Copa de 2018 como objetivo
Não tive a oportunidade de jogar na seleção até o ano passado. Para outros jogadores foi mais fácil. Não quero deixar a oportunidade mais importante da minha vida, que é a Copa. A minha participação na seleção e na Copa dependem 100% do que vou fazer aqui. Então, o São Paulo é tão importante ou mais do que a seleção. Se não fizer as coisas bem, não vou chegar
Equilíbrio do time
Seria bom fazer cinco gols todos os jogos e não tomar, né? Mas o futebol é muito parelho. Na Libertadores todo ano não é o mesmo, não é como na Europa que você sempre sabe os cinco que vão chegar. Temos um time muito intenso, e às vezes essa intensidade permite erros. Mas o treinador é o que mais sabe, vai arrumar para não sofrermos gols. Mas também estamos felizes nisso, São Bento só finalizou três vezes e fez os gols. Santos fez no primeiro. Não estamos sofrendo com times que ficam cara a cara quatro vezes todo o jogo. Não. Temos de achar esse equilíbrio, Quem tem de responder isso é o treinador. A gente vai continuar trabalhando para melhorar tudo isso
Time de Ceni é imprevisível?
Imprevisível, não. A ideia é clara. Temos de corrigir erros, vamos corrigir. Saber quando pressionar, e retroceder. Temos de saber. Mas isso é jogo a jogo. E também saber que o Rogério pegou o clube agora, não é de dois anos. Nós que chegamos agora estamos tentando nos adaptar. Mas ontem, 70% de posse foi do São Paulo. Contra o Santos foi quase 50% contra 50%, contra um time que sempre tem 70% de posse de bola. Contra a Ponte Preta tivemos mais de 70% de posse, contra o Mirassol também. A ideia é clara. Precisamos corrigir, como todos os times.