O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, oficializou na noite desta quarta-feira a sua candidatura à reeleição ao cargo. O ato aconteceu em uma casa de eventos no bairro do Itaim Bibi, na Zona Sul da capital. Minutos depois, a apenas algumas quadras dali, José Eduardo Mesquita Pimenta se lançou como candidato da oposição para o pleito marcado para a segunda quinzena de abril.
Ocupando a principal cadeira do clube desde outubro de 2015, Leco chegou ao poder após a renúncia de Carlos Miguel Aidar sob denúncias de corrupção. Integrante da chapa “São Paulo de Verdade”, ele confirmou que Roberto Natel será o seu vice geral e que Marcelo Abranches Pupo Barboza seguirá como presidente do Conselho Deliberativo caso vença a eleição.
Agora parceiro de Leco, Natel havia entregado a vice-presidência geral do clube em setembro para concorrer com o atual mandatário. No entanto, ele foi demovido da ideia e se uniu novamente à situação por conta da presença constante do ex-CEO Alexandre Bourgeois na campanha de Pimenta.
Demitido duas vezes em 2015, primeiro por Aidar e depois por Leco, Bourgeois é o braço direito do empresário e consultor Abílio Diniz, apoiador da candidatura de Pimenta. Membros da oposição chegaram a procurar Natel em busca de apoio, mas ele preferiu não se juntar ao grupo que sempre rivalizou com o dele nos bastidores do clube, e voltou a unir forças com Leco.
Após o anúncio oficial, Leco explicou por que a escolha de Natel. “Porque ele é uma figura politicamente importante, ele tem muitas qualidades pessoais para estar junto. E como não temos outra forma de agir e de administrar o São Paulo senão compartilhando, trazendo para o contexto pessoas que tenham relevância pessoal e política, e desejo de contribuir, nada mais natural que ele esteja aí”, afirmou, antes de falar por que merece a vitórias nas eleições.
“Pelas mais óbvias razões de que o Leco vem fazendo uma gestão que por si só justifica a credibilidade, o desejo do corpo político do São Paulo de fazer melhor. O Leco está com muita vontade, com muito ânimo, com muita energia dentro desse processo. Não tem outro nome assim que esteja mais interessado em fazer bem para o São Paulo com toda essa comunidade”, acrescentou.
Já Pimenta ainda não definiu os nomes para a vice-presidência e para o principal posto do Conselho Deliberativo. Ele tem até a eleição para fazer isso. Presidente do Conselho Consultivo, integra a chapa “Volta, Pimenta” e recebe o apoio de Abilio Diniz, que rachou com Leco por não concordar com a contratação de Edgardo Bauza, no final de 2015.
“Eu conheço o Pimenta há 40 anos. Estou o apoiando porque tenho certeza que ele está compromissado com a interrupção da má gestão que está acontecendo neste momento no São Psulo”, disse o empresário.
Mandatário do clube do Morumbi entre 1990 a 1994, período áureo em que o Tricolor se sagrou bicampeão da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes, Pimenta também tem o apoio de José Roberto Ópice Blum – que chegou a cogitar ser o candidato da oposição -, coordenador de sua campanha sob o lema “Volta, Pimenta”.
“Ele tem um passado brilhante, já mostrou o que pode fazer. Agora está mais experiente e pode fazer muito mais pelo São Paulo”, argumentou Diniz em favor de Pimenta.
Pouco tempo antes do término de seu mandato em 1994, Pimenta deixou a presidência do clube do Morumbi para assumir o cargo de Secretário Municipal de Esportes de São Paulo, durante o governo do então prefeito Paulo Maluf. Meses depois ele recebeu denúncias de que havia pedido comissão na negociação do ex-atacante Mário Tilico para o Logroñes, da Espanha, que acabou não se concretizando.
Por conta de áudios feitos pelo empresário Francisco Monteiro, Pimenta acabou expulso do Conselho Deliberativo, mas pouco mais de dois anos depois, conseguiu um laudo da Unicamp, apontando manipulação da gravação original, e foi readmitido no clube.
Pelo novo estatuto aprovado em dezembro do ano passado, o próximo mandatário terá um mandato único de três anos, com início em abril de 2017 e final em dezembro de 2020, e perderá os cinco vice-presidentes estatutários, mantendo-se apenas o vice geral.
Entre as principais mudanças da reforma estão a obrigação da criação de uma diretoria profissional e remunerada e um Conselho de Administração. Além disso, as eleições passarão a acontecer em dezembro, não mais em abril, e o futebol será separado do clube social.