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Caíque Toledo
Oportunismo na área, infiltração em tabela, chute seco de fora. Dribles ágeis, gols em clássico, aplicação tática. Cícero e Luiz Araújo estão longe de ser as principais estrelas do São Paulo para esta ou para qualquer temproada, mas é inegável que ambos começaram o ano em alta. Se nós não aguentamos mais as palhaçadas da defesa, o ataque vai muito bem, obrigado.
Se Luiz estava longe de nos encher os olhos até o início desse ano, mostrando uma afobação clara e até uma falta de cuidado com fundamentos básicos, tudo mudou desde que Ceni assumiu o comando. Com a saída de David Neres, Araújo passou a ter oportunidades que talvez não fosse ter tão cedo, e, entendendo bem o que o treinador pediu, se tornou peça importante do time, uma verdadeira válvula de escape. Está longe de ser craque, mas se tornou um jogador bem útil.
Cícero veio de uma boa passagem pelo Fluminense, e acredito que seja consenso entre nós que, para ser um sucesso no São Paulo, ele precisa que sua atual passagem seja melhor do que a primeira. Que não foi ruim, é claro, mas que não teve lá o destaque esperado. Mas, ao menos nesse começo de ano, justifica o pedido de Rogério Ceni em sua contratação: além dos três gols da vitória diante do PSTC e da classificação na Copa do Brasil, vem se mostrando importante taticamente e, no esquema, um poço de ‘tranquilidade’ pra quando Mendes e Schmidt, por exemplo, saem correndo desembestados.
No entanto, ao meu ver, um dos dois terá que ser escolhido. Analisando os primeiros jogos de Rogério Ceni no comando do São Paulo, fica claro que, pelo esquema e proposta de jogo, com as características dos jogadores, na hora do ‘vamo ver’ só um deles será titular.
Pensem na hipótese de um jogo importante, que todos estejam à disposição. Lucas Pratto no comando do ataque e Wellingon Nem, saúdavel, garantidos em duas vagas no ataque. Cueva, claro, precisa jogar. Aí entra a dúvida: ou joga compondo a linha de meio-campo e deixa o insinuante Luiz Araújo na outra ponta, ou fica ele mesmo flutuando mais perto do ataque e Cícero assume a vaga de meio-campista.
“Ah, mas e se deixar o Cícero na linha de trás, ao lado do Thiago, do Jucilei ou do João?”, perguntam, e essa é uma opção que, a princípio, não parece válida. O estilo de jogo de Rogério Ceni tem muitas características, mas uma delas é bem forte: intensidade do time inteiro (aparentemente não da defesa, ok, mas isso é papo pra depois). Cícero tem caracteríticas totalmente diferentes dos outros volantes da equipe, e colocá-lo na linha logo à frente da zaga poderia ser um problema ainda maior na cobertura.
Cícero não é o craque que muitos pintam, mas também tem potencial pra ser muito mais do que foi da primeira vez que pisou no Morumbi. Tem a qualidade para ser meia, mas não tem a intensidade para ser um dos volantes. É difícil imaginá-lo, por exemplo, atuando como Thiago Mendes: fazendo a saída de bola, chegando ao ataque e voltando pra recompor com velocidade. Não é a dele. Ao contrário, tem bom posicionamento, passe e sabe infriltar na área. É o clássico terceiro homem de meio-campo. Como só temos três, acho que está claro onde ele precisa jogar. Tivéssemos uma defesa mais segura, poderia ser útil como fixo, distribuindo o jogo e fazendo a bola chegar melhor aos meias. Como não temos, ele precisa jogar mais à frente.
É claro que um mundo ideal não passa por um time 100% titular e as lesões também podem atrapalhar a equipe, mas isso é um puro exercírcio de imaginação. O meu time passaria por Cueva livre no meio e um outro ponta mais confiável (como julgava ser David Neres). Agora, no entanto, com Wellington Nem 100%, talvez a melhor alternativa seja o camisa 8 como meia central e com o jovem ponta como opção para o segundo tempo. A dor de cabeça é boa, mas, com o time todo à disposição, colocá-los juntos pode ser um problema no meio-campo e na exposição da defesa. E, de problemas, por enquanto já me bastam Bruno e Sidão.