Há onze anos, o eterno Telê Santana faleceu, deixando seu nome a ecoar na posteridade
Michael Serra / Arquivo Histórico do São Paulo FC – Site Oficial
No Morumbi, o São Paulo venceu o Caracas, da Venezuela, por 2 a 0, em jogo da Copa Libertadores da América. O clima de euforia com a conquista e a classificação em primeiro lugar no difícil grupo do Chivas Guadalajara, além do futuro Choque-Rei nas oitavas de final da competição, foi, contudo, dissipado e sublimado, no dia seguinte, para o de um profundo pesar pelo falecimento do eterno Telê Santana.
No final da manhã de 21 de abril de 2006, precisamente às 11h50, no hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, Telê veio à óbito por falência múltipla de órgãos. O ex-técnico são-paulino havia permanecido internado por quase um mês, lutando contra uma infecção abdominal.
Hoje, onze anos depois, o “Fio de Esperança”, para muitos, mas “Mestre Telê” para todos os tricolores, ainda é homenageado e tem seu nome reverberado a plenos pulmões pela torcida no estádio. Justo. Ídolo por onde passou, consagrou o futebol arte e mostrou que ser campeão somente não bastava, era preciso tornar cada partida um momento inesquecível.
No São Paulo Futebol Clube, Telê fez história conquistando dez títulos oficiais e outros tantos torneios amistosos. As taças dos dois mundiais interclubes, as duas Libertadores da América e o Brasileiro de 1991, são, entretanto, as maiores conquistas dentre as suas menores vitórias: obstinado em recuperar a imagem que consagrou internacionalmente o futebol brasileiro, lutou até onde pôde para provar que um time técnico e bonito de se ver podia ser vencedor. E conseguiu.
Enfrentou a violência dentro dos campos, a má qualidade dos gramados, os erros de arbitragem, o descaso das federações e guerreou uma batalha particular para que a paixão nacional reencontrasse seu rumo dentro e fora das quatro linhas.
Em 1990, retornou ao Tricolor com olhares de desconfiança pesando em suas costas. Foi uma escolha arriscada: o mineiro de Itabirito havia sido, pouco antes, demitido do Palmeiras e ainda pairava sobre ele – quase como folclore – a alcunha de pé-frio por causa das eliminações em Copas do Mundos com a Seleção Brasileira nos anos de 1982 e 1986.
Por isso, dedicou-se ao Tricolor de corpo e alma. Até mesmo morou no CT do clube para acompanhar tudo de perto (e, como dizem os amigos mais próximos, também economizar uns trocados – Telê fez fama de, digamos, economizador), cobrando e exigindo o máximo de seus comandados. Um grande exemplo é o lateral-direito Cafu, recordista de jogos pela seleção verde-amarela e discípulo do Mestre: “Eu não gostava de ser lateral, mas ele exigiu que eu me aperfeiçoasse. Foi um grande homem e um grande pai” (Folha de S. Paulo, 22/04/2006).
Passo a passo, Brasil e o Mundo se renderam ao trabalho do treinador perfeccionista. Em pouco tempo o globo tinha três cores e era de Telê. Em Tóquio, superando o grande Barcelona (por 2 a 1) dez anos depois da fatídica queda da Seleção Canarinho, Telê se consagrou campeão mundial.
Mas não parou por aí. Em 1993, levou o São Paulo à soberania na América vencendo a tríplice coroa continental: a Taça Libertadores, a Supercopa e a Recopa. No Japão, ao fim do ano, após bater outra esquadra europeia (o Milan, por 3 a 2), Telê entregou ao mundo uma obra prima, uma obra de arte bicampeã mundial!
Onze anos de saudades. Dez anos de saudosa reverência e admiração. Para sempre, Mestre Telê Santana!
Telê Santana
Técnico
1973 e 1990 – 1996
Nascimento: 26/07/1931
Falecimento: 21/04/2006
Títulos oficiais conquistados no SPFC: Campeão Mundial Interclubes 1992 e 1993; da Taça Libertadores da América 1992 e 1993, da Supercopa Sul-Americana de 1993; da Recopa Sul-Americana de 1993 e 1994, do Campeonato Brasileiro de 1991 e do Campeonato Paulista de 1991 e 1992.
CARREIRA PROFISSIONAL
Como jogador:
- Fluminense, 1951-1960
- Guarani, 1960-1962
- Madureira, 1962
- Vasco da Gama, 1962-1963
Como treinador:
- Fluminense, 1969-1970
- Atlético Mineiro, 1970-1972
- São Paulo, 1973-1973
- Atlético Mineiro, 1973-1975
- Botafogo, 1976-1976
- Grêmio, 1976-1978
- Palmeiras, 1979-1980
- Seleção Brasileira, 1980-1982
- Al-Ahli, 1983-1985
- Seleção Brasileira, 1985-1986
- Atlético Mineiro, 1987-1988
- Flamengo, 1988-1989
- Fluminense, 1989-1989
- Palmeiras, 1990-1990
- São Paulo, 1990-1996
TÍTULOS OFICIAIS
Como jogador:
- Campeão Carioca Juvenil de 1950 (Fluminense)
- Campeão Carioca de 1951 e 1959 (Fluminense)
- Campeão da Copa Rio de 1952 (Fluminense)
- Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1957 e 1960 (Fluminense)
Como treinador:
- Campeão Carioca Juvenil de 1967 (Fluminense)
- Campeão Carioca Júnior de 1968 (Fluminense)
- Campeão da Taça Guanabara de 1969 (Fluminense)
- Campeão Carioca de 1969 (Fluminense)
- Campeão Mineiro de 1970 (Atlético-MG)
- Campeão Brasileiro de 1971 (Atlético-MG)
- Campeão Gaúcho de 1977 (Grêmio)
- Campeão Árabe de 1983 (Al-Ahli)
- Campeão da Copa do Rei de 1984 (Al-Ahli)
- Campeão da Copa do Golfo de 1985 (Al-Ahli)
- Campeão Mineiro de 1988 (Atlético-MG)
- Campeão da Taça Guanabara de 1989 (Flamengo)
- Campeão Brasileiro de 1991 (São Paulo)
- Campeão Paulista de 1991 (São Paulo)
- Campeão da Copa Libertadores de 1992 (São Paulo)
- Campeão Mundial de 1992 (São Paulo)
- Campeão Paulista de 1992 (São Paulo)
- Campeão da Copa Libertadores de 1993 (São Paulo)
- Campeão da Recopa de 1993 (São Paulo)
- Campeão da Supercopa de 1993 (São Paulo)
- Campeão Mundial de 1993 (São Paulo)
- Campeão da Recopa de 1994 (São Paulo)
PRÊMIOS
- Belfort Duarte – por passar dez anos sem ser expulso em no mínimo 200 jogos nacionais ou internacionais
- Técnico da Seleção da América – Jornal El País: 1992
- Título de Cidadão Paulistano: 2003