Técnico confirma episódio no intervalo do clássico com o Corinthians, na semifinal do Paulistão. “No dia seguinte me contaram que caiu nele (Cícero), essa é a verdade. Normal no mundo do futebol”
Rogério Ceni admitiu o episódio de nervosismo no intervalo do clássico entre São Paulo e Corinthians, pela semifinal do Paulistão. Irritado com o segundo gol do rival, que venceu por 2 a 0, o treinador reconheceu ter chutado o quadro no qual faz explicações táticas, mas afirmou não ter percebido que ele havia atingido Cícero. Ele reconheceu ter cobrado jogadores do time pelo desempenho da equipe, mas negou qualquer discussão com o volante.
– Já estou acostumado a vestiários há 27 anos. Falo aos jogadores sempre para falar verdades. O problema é que sempre se falam mentiras. Entrei nervoso por causa do segundo gol contra o Corinthians. Aí tem um quadro onde mexe os botões, dei um chute e nem vi que um pedaço caiu no colo do Cícero. Eu nem falava com ele naquele momento. Tenho ótimo relacionamento com o Cícero e com todos. Eu que pedi o Cícero, o São Paulo não tinha condições financeiras de trazer jogadores. Alguns vieram com custo muito baixo, casos do Morato e Marcinho. Thomaz também veio em situação muito boa. Trabalho de acordo com as condições que existem – explicou Ceni.
Os relatos do vestiário do São Paulo na ocasião são de que Ceni teve seu maior momento de ira desde que virou treinador. Além do chute no quadro, o técnico cobrou jogadores como Luiz Araújo e deu bronca em Rodrigo Caio por conta do “fair play” do zagueiro que cancelou cartão amarelo ao rival Jô. A cobrança no atleta foi com questionamento sobre se ele sabia que o atacante ficaria suspenso da segunda semifinal.
Apesar do episódio com o quadro que involuntariamente acertou Cícero, Ceni reiterou bom ambiente no São Paulo e disse ter bom relacionamento com o atleta.
O técnico preferiu não revelar a escalação do time para enfrentar enfrentará o Avaí, na próxima segunda-feira, às 20h, no Morumbi, pela segunda rodada do Brasileirão. É a chance para o São Paulo se reabilitar após três eliminações e derrota para o Cruzeiro.
Veja trechos da entrevista do técnico Rogério Ceni:
COMO ENFRENTAR A CRISE
– Tento ser o mais profissional possível. Trabalhar dentro do campo de jogo. Sobre o que Lugano falou, tento tratar com respeito. Independentemente de resultado, atendo vocês. Tenho minha visão e entendo o trabalho de tirar o máximo ou acrescentar detalhes a histórias, fictícias as vezes, com necessidade de venda do produto que é futebol. Vejo pouca televisão. Acompanho pelas notícias que passam no dia a dia. Não tenho muito tempo. Nessa semana o Michael não está aqui, então tenho trabalhado mais do que o normal. E tenho tentado acertar o time, porque precisamos de vitórias, pois não conseguimos um bom resultado com o Cruzeiro.
PREPARAÇÃO FÍSICA ESTÁ RUIM?
– Os atletas com lesões durante a temporada, o Paulista, podem ter caído fisicamente porque ficaram semanas parado. Isso torna uma defasagem física. Os que estavam abaixo segunda e terça trabalharam dois períodos fisicamente. Não evolui em pouco tempo. Mas todos tentam se aprimorar. Aproveitamos para melhorar, nos dedicamos à parte técnica e física, mas não fizemos placar convincente com o Cruzeiro, apesar do jogo parelho. Sofremos o gol e não tivemos força para empatar o jogo, um resultado minimamente bom.
PSICOLÓGICO DO ELENCO
– Vejo o grupo bem. Ontem tivemos um treino muito intenso. Treinamos segunda e terça, depois demos a folga na quarta. Hoje é uma pena porque estava às oito da manhã no campo e estava muito encharcado. Algumas posições temos poucos jogadores e não podemos perder mais atletas. Todos estão felizes. Que possamos levar essa confiança para os jogos. Falta demonstrar na hora da partida. Todos trabalham num grande clube, tem toda a infraestrutura.
MUDANÇAS DE ESQUEMA
– Se tivesse os jogadores que estão no DM, casos do Wesley, Araruna, Morato e Nem, já me daria um grande leque de opções não só para escalar, como para substituir. Não pretendo fazer mudanças constantes no Brasileiro. Quanto ao esquema, depende do adversário, onde será o jogo e como você se encontra no campeonato.
“CASO-PRANCHETA”
– Já estou acostumado a vestiários há 27 anos. Falo aos jogadores sempre para falar verdades. O problema é que sempre se falam mentiras. Entrei nervoso por causa do segundo gol contra o Corinthians. Aí tem um quadro onde mexe os botões, dei um chute e nem vi que um pedaço caiu no colo do Cícero. Eu nem falava com ele naquele momento. Tenho ótimo relacionamento com o Cícero e com todos. Eu que pedi o Cícero, o São Paulo não tinha condições financeiras de trazer jogadores. Alguns vieram com custo muito baixo, casos do Morato e Marcinho. Thomaz também veio em situação muito boa. Trabalho de acordo com as condições que existem.
BALANÇO DE CINCO MESES COMO TÉCNICO
– Exposição sempre existiu para o bem ou para o mal. O Julgamento, tanto para coisas boas, para grandes feitos, como erros simples viraram falhas grandes. O treinador é sempre o responsável, que continuem assim. Que nas vitórias, o elenco seja o responsável e na vitória coloquem a responsabilidade em cima de mim.
ESCALAÇÃO PARA ENCARAR O AVAÍ
– Time que não vai jogar eu não posso falar senão deixaria aberto a vocês. Ontem foi aberto. Por mim, ficaria mais tempo fechado, pela assessoria mais tempo aberto. Vocês precisam de imagens. Quando é um treino técnico, a gente trabalha sempre com as portas abertas. Hoje não sei mais como vai ser, não posso arriscar com os jogadores. Parte do treino ficará aberta e, quando começa a tática, fecho.
ROTINA NO CT
– Hoje cheguei eram 7h45, ontem fui embora era 16h30. Desenho todos os treinos, programo todos pela manhã, de acordo com os jogadores que eu tenho. Os treinos são filmados em HD e todos são passados depois para que eu possa analisar depois. Tenho que ver o adversário que vou enfrentar, pensar nas bolas paradas, conversar com os atletas, passar na fisioterapia. Ainda tem reunião com comissão técnica e psicologia. Passo de seis a oito horas por dia. Quando tem concentração, durmo aqui com os jogadores. Na pré-temporada, era mais tempo.
NOVA SAFRA DE TÉCNICOS
– Existe uma mescla de treinadores experientes com uma nova safra que está surgindo. Aqui no Brasil tem uma mentalidade um pouco mais inovadora, mas não deixamos de ter treinadores experientes no comando de grandes equipes.