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Bruno Grossi e José Eduardo Martins
Hernanes voltou ao São Paulo sete anos após se despedir em 2010, com a eliminação na semifinal da Copa Libertadores da América. Agora, o meio-campista encontra cenário bem diferente daquelas temporadas de glória em que defendeu o Tricolor. E o próprio clube paulista também recebe um jogador menos participativo do que aquele que atuava em mais de 90% das partidas da equipe. Os tempos mudaram.
O São Paulo trocou a realidade de luta por títulos pela briga contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. E o Profeta tem sofrido para conseguir sequências em seus últimos times. No Hebei China Fortune, por exemplo, foram apenas seis jogos e um gol pela equipe principal. A falta de espaço foi proporcionada pelo excesso de estrangeiros no elenco – cinco, contra três permitidos por partida no Campeonato Chinês.
Preterido a Aloísio Boi Bandido, Mbia, Gervinho e Lavezzi, o meia se frustrou com a passagem pela China, mas não se acomodou. A solução foi pedir para atuar pelo time B do Hebei, para não perder ritmo ou prejudicar a forma física e já começar a negociar uma transferência. O jogador foi até tirado da lista de inscritos da liga local. Assim, Hernanes não deve ter problemas para ficar à disposição do técnico Dorival Júnior neste retorno ao Tricolor. Ele é esperado no CT da Barra Funda já neste fim de semana.
O baixo número de atuações, porém, não foi uma exclusividade chinesa na carreira do Profeta. Nos seis meses finais pela Juventus, em 2016, foram 13 jogos e apenas um gol. Na temporada anterior, completa, entre Juve e Internazionale, foram 24 jogos e novamente um tento. A última vez em que Hernanes encarou quantidade de partidas mais próxima da realidade do futebol brasileiro foi em 2012/13, quando tinha 28 anos e jogou 53 vezes, com 14 gols, pela Lazio.
O histórico de bom profissional, preocupado em manter a forma e responsável deixa o São Paulo tranquilo de que a falta de jogos no exterior foi causada por outros fatores. Apostam ainda na identificação com o clube e a torcida, na capacidade de motivar o elenco e de concentração. Em vídeo para saudar os torcedores, por exemplo, já falou sobre o jogo desta quarta-feira contra o Vasco da Gama e de quantas partidas faltam no Brasileirão.
De 2008, vem outra mostra. O Tricolor tentava arrancar na Série A após iniciar o segundo turno a 11 pontos do líder Grêmio, abriu 2 a 0 sobre o Palmeiras no Palestra Itália, mas levou o empate. No dia seguinte, no CT da Barra Funda, cumprimentou a todos: “bom dia, hexacampeões brasileiros”. Era um trabalho de motivação, muito elogiado na época, e que o ajudou a se consolidar como craque da sexta conquista nacional do São Paulo.