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Alexandre Lozetti
Chegada do jogador pode deixar Tricolor com um meio-campo rico, mas posicionar quarteto para extrair o melhor de cada um será o desafio. Time vai precisar de velocidade.
Hernanes tem dito, por onde passa, que deseja jogar mais adiantado em relação à promessa que despontou no São Paulo, com talento para ditar o ritmo do meio-campo. Em nomenclaturas em desuso, quase antiquadas pela junção das funções, é como se ele preferisse ser meia a volante.
De que maneira isso pode impactar na equipe comandada por Dorival Júnior?
Hoje, o Tricolor atua no 4-2-3-1 quando tem a bola, e no 4-4-2 sem ela.
Nessa formação, Hernanes poderia se juntar a Jucilei e Petros, à frente deles, e ainda tendo Cueva por um dos lados do campo. Seriam quatro jogadores de origem meio-campista e bagagem suficiente para formar um alicerce, mas essa concentração de força acaba escancarando uma carência do elenco: a de velocidade/qualidade pelos lados.
Para se defender assim, entretanto, Hernanes teria de compor pelo lado, já que Cueva costuma dar combate apenas na saída de bola, ao lado de Pratto, ou formar um trio mais centralizado, desde que o peruano fosse mais presente no sistema defensivo.
“Ele pode acrescentar tudo ao time. É um jogador de qualidade imensa, que só jogou em grandes equipes, no Brasil e na Europa, foi campeão de tudo. Eu fico feliz de poder jogar no mesmo time que ele. Espero que ele possa ajudar muito em campo, e sei que fora também dará sua contribuição” (Lucas Pratto, sobre Hernanes)
Os melhores momentos da carreira de Dorival Júnior tiveram jogadores com essa característica. Desde Neymar e Robinho, naquele Santos inesquecível de 2010, até a equipe menos mágica, porém eficiente, que ele comandou na Vila Belmiro em anos mais recentes, com Gabriel, Geuvânio, Marquinhos Gabriel e companhia.
Nessa hipótese de equipe com Jucilei, Petros, Hernanes, Cueva e Pratto como centroavante, sobraria apenas uma “vaga da velocidade”, a ser preenchida por um desses: Wellington Nem, Marcinho, Denilson ou, caso seja mesmo contratado, Marcos Guilherme.
Há outro possível inconveniente nessa formação. No 4-2-3-1, o meia que atua nessa função onde Hernanes poderia se encaixar acaba sendo foco total da marcação rival no setor, e muitas vezes recebe a bola de costas para o gol adversário. O Profeta sempre jogou melhor quando dominava de frente para o campo rival, com visão das ações que viria a executar, quase sempre muito bem.
Uma solução para Dorival Júnior seria manter essa escalação, mas num 4-3-3 (ou 4-1-4-1), com Jucilei centralizado à frente da zaga e Petros adiantado para atuar ao lado de Hernanes. Um triângulo, que teria, à frente, Cueva, um jogador de velocidade e Pratto.
O São Paulo do Campeonato Brasileiro carece de jogada pelos lados. Além do ataque, há problema nas laterais. Do lado direito, Bruno e Buffarini se revezam e não resolvem. Na esquerda, o planejamento de elenco transformou Júnior Tavares, recém-promovido ao time principal, em solução. Até ele abusar dos erros e perder lugar para Edimar. Nenhum dos nomes oferece a Dorival o que ele gosta de ter: velocidade e qualidade para proporcionar gols a Pratto.
Hernanes tem condição técnica de alimentar melhor o centroavante argentino, mas não resolve esse aspecto, importante para enfrentar times bem fechados. O reforço pode ganhar um jogo com um passe preciso um chute de fora da área. O São Paulo ganha virtudes e identidade.
O problema do São Paulo não é o meio campo, é a defesa! Acordem, especialistas.