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Pai de Rogério, Eurydes está chateado com a forma como o SP conduziu o processo
A demissão de Rogério Ceni do São Paulo, no dia 3 de julho, ainda é um dos assuntos mais comentados nos bastidores do Morumbi. Dirigentes são frequentemente questionados sobre a saída do ídolo e críticas aos métodos de trabalho do ex-treinador passaram a ser corriqueiras. De olho nas polêmicas desde sua fazenda em Sinop, no interior do Mato Grosso, o pai do astro, Eurydes Ceni, deu a sua versão sobre o caso. Chateado com a postura do clube, ele não acredita em um retorno do filho enquanto Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, for o mandatário.
“Em um curto prazo acho difícil pensar em ele voltar a ser técnico. É difícil ele voltar ao São Paulo com o presidente até 2020. Ele demitiu e dificilmente vai querer ver ele voltar. Afinal, se eu sou dono de uma empresa e demito alguém, por que vou querer recontratá-lo?”, questionou Eurydes, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Na última semana, em reunião do Conselho Deliberativo, por exemplo, o diretor-executivo do São Paulo, Vinícius Pinotti, e o presidente Leco foram questionados sobre a saída do ídolo. Na ocasião, Pinotti disse ter “faltado inteligência emocional para o treinador” na hora de administrar o time.
“Fiquei um pouco decepcionado [com as críticas]. Mas manda quem pode e obedece quem tem juízo. A vida continua. A gente acompanha, mas não dá bola. Até Jesus Cristo não agradou todo mundo. Mas eu tenho o prazer de ouvir muitas pessoas que torcem para outro time contar que hoje o filho torce para o São Paulo por causa do Rogério. É vida segue.”
Confira abaixo os principais trechos da conversa com Eurydes Ceni:
Como Rogério recebeu a demissão?
Ele ficou chateado, claro que iria ficar. Ele não esperava que fosse acontecer isso, mas ele sabe que o negócio é assim aqui no Brasil. A cultura é assim. Agora, a vida continua. Como pai, a gente ficou muito sentido. Aqui no Brasil é assim mesmo, toda hora cai treinador. A cultura é bem diferente da Europa
Conversas de futuro com o filho
Tenho falado bastante. Ele está conformado, analisando o que vai fazer. Parar de trabalhar não pode. Agora está refrescando a cuca. Não sei se ele vai querer seguir com essa carreira. Tem propostas para outro tipo de trabalho, sem fazer nada não vai ficar.
Volta a ser treinador, dirigente ou exercer outra função
Ele deve analisar com calma. O que ele decidir, eu apoio. Não é porque é meu filho, mas é muito inteligente. Sempre soube conduzir as coisas dele, sempre dirigiu as coisas dele. Nunca teve alguém que gerenciasse as coisas, ele sempre conduziu tudo sozinho. Ele vai achar alguma coisa para fazer e vai se sair bem. Mas no futebol, você sabe como é, tem muita surpresa. Temos acompanhado todo o dia o São Paulo e o que vale é a bola lá dentro. Não adianta finalizar mais, ter mais posse de bola… O resto não vale.
São Paulo cai para a Série B?
Acho difícil, depois que ele [Rogério Ceni] saiu chegaram reforços como o Hernanes. É a bola começar a entrar que não cai. Acho que o São Paulo tem estrutura para não cair. Vou torcer para não cair. Se ganhar três seguidas sobe na tabela.
Balanço do filho como treinador
Dedicação eu sei que não faltou. Sempre foi muito aplicado e dedicado. Não deu certo, fazer o quê?
Entre Inter e São Paulo
Sempre assisto quando tem jogo. Sou do Sul, já era colorado e tinha uma simpatia pelo São Paulo. Com o Rogério lá, passei a torcer muito pelo clube. Agora, a gente já não sofre mais como era quando ele estava lá. O Inter deu uma reagida, agora é líder da Série B. Vai subir como campeão. Só falta esse título para ser campeão de tudo e vai subir com o título.