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O Botafogo de Ribeirão de Preto iniciou na ensolarada manhã deste sábado os festejos de seu centenário. Completando um século de existência em 12 de outubro de 2018, o clube do interior paulista abriu as comemorações com homenagens a dois de seus maiores ídolos: os irmãos Sócrates e Raí.
Debaixo do típico sol escaldante de Ribeirão Preto, o Botafogo promoveu evento nesta manhã no terraço de um dos shoppings da cidade, onde dirigentes, autoridades, ex-jogadores e outros convidados foram agraciados com uma farta feijoada. Mas, o que sobrou na cerimônia foi emoção.
Com as comemorações, espera-se resgatar as origens do clube, a começar por uma reaproximação com o bairro no qual foi fundado, em 1918. “Do final do ano de 2017 até o dia 12 de outubro de 2018, muitas coisas ocorrerão, muitas festas, o clube pretende abrir as portas para seus torcedores, pretende através de sua função social, ir para os bairros. Vamos voltar para nossas raízes, vamos invadir a Vila Tibério”, bradou Rogério Bariza, organizador dos festejos.
A primeira homenagem a Sócrates, revelado pelo Pantera, se deu através de um vídeo exibido a uma plateia numerosa, que recordou grandes momentos em que ele vestia a camisa tricolor, com a qual marcou 101 gols em 269 jogos disputados, entre 1974 e 1978. Instante em que Dona Guiomar, mãe de Magrão e Raí, de 96 anos, se emocionou.
“O vídeo deixou minha mãe bastante emocionada. Esse vínculo do esporte com a nossa família, que o Botafogo nos proporcionou, é especial. Quero estar presente em outras manifestações desse centenário”, ressaltou Raí, após o evento, já trajado com a camisa do Botafogo, que havia acabado de ganhar.
Uma das comemorações previstas para os 100 anos do clube ribeirão-pretano é o Jogo das Estrelas, a ser protagonizado por nomes importantes na história da agremiação – a partida deve ocorrer em dezembro. Aos 52 anos, Raí disse que atuará ao menos “por uma meia-horinha”, já que “o joelho incha”.
Outro momento de destaque da solenidade foi a inauguração de uma gravura em tamanho real do Doutor Sócrates, executando a sua tradicional comemoração, com o braço direito levantado e o punho cerrado, marca de seu engajamento político. A obra foi mais uma homenagem à família Vieira de Oliveira.
“Quando elogiam minha família, também estão elogiando o Botafogo. Meu pai (Raimundo de Oliveira) tinha orgulho de ter dois capitães da Seleção Brasileira. Ele falava que pensava em vender o sêmen dele (risos). O Botafogo fez parte da minha formação como pessoa, com valores, o ambiente do clube”, disse Raí, recordando dos tempos em que ainda sonhava em se tornar jogador de futebol.
“A minha primeira lembrança é de assistir o Sócrates treinando. Ia nos jogos também, mas adorava ir aos treinos quando dava para conciliar com a escola. Lembro que ele já se destacava muito, lembro de algumas jogadas, aquela coisa de criança. Ele devia ter uns 20 anos e eu nove. Ele me fez virar torcedor do Botafogo, ainda mais fervoroso, tive até uma bandeira com uma pantera pintada”, recordou o ex-jogador, que se profissionalizou aos 17 anos de idade, no Botafogo.
Presidente do Pantera, Gerson Engracia Garcia também não conteve a emoção e, com os olhos marejados, lembrou da amizade com Magrão.
“Poderia falar do Sócrates como atleta, como alguém que vi comemorando a formatura de Medicina, mas queria dizer de uma outra parte que poucos tiveram privilégio de ser amigo dele. Uma das pessoas mais cultas que tive a chance de conhecer. Só quem conviveu sabe quão bom era estar com Sócrates. Talvez uma parte desse corpinho que tenho hoje se deve a conversas com ele (risos)”, brincou, referindo-se às idas aos famosos bares de Ribeirão.
O mandatário, através de ação junto à Prefeitura, ainda garantiu que a cidade voltará a ser uma das sedes da Copa São Paulo de Juniores de 2018 e que “quando completar 100 anos, o Botafogo estará numa situação muito melhor do que a que está hoje”. No ano que vem, o clube, que fora campeão da Taça Cidade de São Paulo de 1977, disputará a primeira divisão do Campeonato Paulista e a Série C do Brasileiro.