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Dez anos depois de marcar o gol que encerrou um longo tabu sem vitórias corintianas sobre o São Paulo, o zagueiro Betão se solidariza com a delicada situação em que o Tricolor se encontra no Campeonato Brasileiro de 2017. Com a propriedade de quem passou por momentos difíceis no clube alvinegro, o jogador promete não “secar” o time do Morumbi na luta contra o rebaixamento.
“Não levo esse sentimento (de rivalidade). Sei o quanto é chato e difícil para o São Paulo estar passando por essa situação. Imagino o que os jogadores e seus familiares estão passando. Por isso, não seco e torço contra, não”, afirmou o defensor, em contato telefônico com a Gazeta Esportiva.
Os rivais se enfrentam neste domingo, às 11 horas (de Brasília), no Morumbi, pela 25ª rodada do Brasileiro. Líder disparado da competição, o Corinthians pode ajudar a afundar o 17º colocado São Paulo, que tenta desesperadamente deixar a zona do descenso. Coincidentemente, dez anos antes, as equipes ocupavam posições invertidas na tabela.
Utilizando como referência o Majestoso de 2007, Betão não vê o time de Fábio Carille na condição de favorito. “Como nós estávamos numa situação ruim e vencemos, o São Paulo pode muito bem vencer o Corinthians, porque é jogo de camisa, independe do momento. É como se fosse um campeonato à parte. Creio que vai ser um jogo difícil para os dois lados. O Corinthians é líder, mas também está um pouco pressionado pelos resultados que vêm acontecendo”, avaliou.
O jogo a que Betão se refere ocorreu no dia 7 de outubro de 2007 e foi válido pela 30ª rodada do Brasileiro. Na ocasião, o São Paulo desfrutava de larga vantagem na ponta da tabela, com 63 pontos, 29 a mais que o Corinthians. Para piorar, o Timão amargava uma série de quatro anos sem vencer o rival – foram oito vitórias tricolores e cinco empates no período.
Depois de muito ser pressionado em um Morumbi lotado, o Corinthians findou o tabu graças ao gol de Betão, de cabeça, aos 40 minutos do segundo tempo. Na comemoração, o zagueiro, de então 23 anos, desabafou ao recusar os abraços dos companheiros.
“Aquele dia foi realmente marcante na minha vida. Não pelo fato de ter sido contra o São Paulo, mas pela situação que eu particularmente vivia no clube. Era o único jogador que tinha participado de todos os jogos do tabu, levava uma carga muito grande. Sempre carreguei esse fardo e fazer aquele gol foi marcante. Parecia que tinha caído um piano das minhas costas, não via a hora de acabar o jogo”, recordou.
No fim, Betão não conseguiu evitar o rebaixamento corintiano em 2007. Após quase uma década, em missão parecida, ajuda o Avaí a se manter na Série A do Campeonato Brasileiro. Aos 33 anos, depois de longo período na Europa, ele se vê “muito bem fisicamente”. “Sou um dos jogadores que mais jogou no ano, nenhuma lesão. Estou com bastante lenha para queimar ainda (risos)”, garantiu.
Após flertar com a zona de rebaixamento por boa parte do torneio, a equipe catarinense se recuperou e agora ocupa o 13º lugar, com 29 pontos. A situação mais confortável, aliás, se deve à surpreendente campanha no returno do Brasileiro, do qual é a vice-líder, com 11 pontos, um a menos que o Botafogo.
“A maioria do nosso grupo é jogadores que nunca disputaram a Série A. Pode ser que isso tenha sido um dos fatores (para a má campanha no primeiro turno), porque o esquema tático é o mesmo. Mudaram algumas peças, mas taticamente falando é a mesma coisa”, analisou.
“As coisas estão encaixando no segundo turno, temos tido uma consciência tática muito boa. E a bola começou a entrar a nosso favor, então isso acaba culminando com a nossa ascensão no campeonato”, concluiu Betão.