Do Fair Play ao gol de braço: as vidas de Rodrigo Caio e Jô depois da polêmica

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GloboEsporte.com

Bruno Cassucci e Marcelo Hazan

Protagonistas em lance do Majestoso de abril, zagueiro do São Paulo e atacante do Corinthians percorrem trajetórias diferentes até voltarem a duelar em novo clássico apimentado neste domingo.

Rodrigo Caio e Jô. São Paulo e Corinthians. Disputado cinco vezes (Torneio da Flórida, Paulistão e Brasileirão), esse é o clássico paulista mais jogado deste ano. Nenhum dos duelos gerou mais repercussão do que o jogo do dia 16 de abril, quando o zagueiro e o atacante foram os protagonistas do lance de Fair Play do são-paulino.

Agora, o Majestoso deste domingo, às 11h, no Morumbi, marcará a despedida do clássico em 2017. A rivalidade será ainda mais apimentada pelo gol de braço de Jô marcado contra o Vasco. O assunto reviveu a polêmica atitude de Rodrigo Caio e esquentou ainda mais confronto.

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O encontro é muito importante para os dois clubes. O São Paulo precisa vencer para tentar sair da zona do rebaixamento e ganhar moral para o restante do torneio. O Corinthians joga para dar uma resposta depois da eliminação na Copa Sul-Americana e se manter firma na liderança do Brasileirão.

Rodrigo Caio e Jô no polêmico jogo no Morumbi (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Rodrigo Caio e Jô no polêmico jogo no Morumbi (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Resumão das polêmicas

  1. Gabriel, do Corinthians, é expulso equivocadamente em clássico com o Palmeiras, em fevereiro. Maycon deveria ter recebido o cartão vermelho. Na ocasião, em fevereiro, Jô condenou os jogadores palmeirenses por induzirem a arbitragem ao erro.
  2. Rodrigo Caio protagonizou lance de Fair Play na semifinal do Paulistão, em abril. O gesto livrou o rival de uma suspensão na segunda partida, na qual Jô fez o gol de empate por 1 a 1. O Corinthians avançou e, mais tarde, acabou campeão estadual.
  3. Jô elogiou a atitude do são-paulino e lembrou do seu pênalti cavado contra o São Bento. “O Rodrigo Caio serviu de exemplo e com certeza vai ser diferente daqui para frente, todo jogador vai ter a consciência de fazer o que é certo”, disse.
  4. Jô fez gol de mão contra o Vasco, na vitória por 1 a 0 do Corinthians, no último domingo. Após o jogo, não admitiu o toque. Na última terça-feira, porém, reconheceu a irregularidade, embora tenha dito que não quis trapacear.

Mas o que aconteceu com eles após o “Caso Fair Play”?

Jô recebe amarelo, mas árbitro retira após Rodrigo Caio assumir toque, os 47' do 1º tempo

Jô recebe amarelo, mas árbitro retira após Rodrigo Caio assumir toque, os 47′ do 1º tempo


Rodrigo Caio: meses agitados
O zagueiro teve trajetória descendente desde então. O zagueiro cometeu falhas (algumas delas admitidas publicamente) justamente no momento de maior instabilidade do São Paulo no Brasileirão e hoje é contestado por parte da torcida.

Elogiado e convocado por Tite para a seleção brasileira logo após o episódio, o zagueiro caiu de rendimento gradativamente e perdeu espaço. Contra a Colômbia, atuou por apenas sete segundos e virou alvo de piadas nas redes sociais.

O defensor ficou fora da lista para as duas últimas rodadas das eliminatórias, contra Bolívia e Chile. Com a grande concorrência na posição, o sonho de ir à Copa do Mundo da Rússia está bastante ameaçado.

A sequência de Rodrigo Caio após o Fair Play (Foto: Infoesporte)

A sequência de Rodrigo Caio após o Fair Play (Foto: Infoesporte)

O período também foi de turbulência fora de campo pela possibilidade de deixar o São Paulo. O Zenit, da Rússia, chegou a sinalizar que pagaria a multa de 18 milhões de euros (cerca de R$ 67,8 milhões na época) para contratá-lo, mas isso não aconteceu.

Para completar, uma nova polêmica com o zagueiro agitou o Tricolor. Em uma entrevista coletiva, Rodrigo Caio fez críticas ao peruano Cueva, que respondeu após o tropeço diante da Ponte Preta, no Morumbi. Os jogadores conversaram no CT da Barra Funda e se entenderam.

Jô: decisivo para o Timão, mas alvo de críticas
O centroavante tem muito pouco a reclamar desde o polêmico jogo no Morumbi. O jogador foi decisivo na arrancada que o Timão deu para o título paulista e no primeiro turno arrasador no Campeonato Brasileiro. Titular absoluto, ele briga pela artilharia do torneio nacional. Hoje, tem 13 gols, um a menos do que Henrique Dourado, do Fluminense.

Mas não é apenas dentro de campo que Jô virou referência. Fora dele, o atacante se transformou em um dos líderes do elenco pelo comportamento exemplar. Famoso pelas noitadas nos tempos de Atlético-MG, o jogador passou a frequentar uma igreja evangélica, parou de beber e mudou a forma como era visto.

A sequência de Jô após o Fair Play (Foto: Infoesporte)

A sequência de Jô após o Fair Play (Foto: Infoesporte)

Aos 30 anos e de bem com a vida, Jô não esconde que ainda sonha em voltar à seleção brasileira. A chance é pequena, mas o centroavante espera convencer Tite de que pode ser um dos centroavantes do Brasil na Copa do próximo ano.

Desde domingo, porém, Jô voltou a estar em uma polêmica e, desta vez, passou a ser o alvo das críticas. O jogador foi bastante questionado pelo gol anotado com o braço diante do Vasco, o que motivou um pronunciamento na chegada da delegação à Argentina para enfrentar o Racing. Para piorar, ele foi expulso no duelo que custou a eliminação na Copa SUl-Americana.

Neste final de semana, as histórias do Majestoso e dos dois jogadores ganharão novos capítulos. O clássico pode representar a redenção ou trazer ainda mais turbulência para Rodrigo Caio e Jô.