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Azedou de vez a relação entre o presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, e Rogério Ceni, ex-técnico do time principal e maior ídolo da história do clube. Em entrevista ao site Chuteira FC, Leco culpou a falta de resultados positivos de Rogério Ceni por toda a reformulação que acabou sendo feita em meio a disputa do Campeonato Brasileiro. Não bastasse isso, o mandatário tricolor ainda disse que a imagem de ídolo do ex-goleiro ficou “embaçada”.
Da Inglaterra, onde está dando continuidade aos cursos para técnicos de futebol, Rogério Ceni usou seu perfil em uma rede social para se manifestar. Sempre muito discreto, Ceni não chegou a citar Leco, mas ficou evidente que o recado, forte e ofensivo, tinha endereço certo. “Não se deixe enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”, escreveu Ceni, usando uma antiga frase de Rui Barbosa.
Já era sabido por quem acompanha o dia-a-dia do São Paulo que a relação entre Leco e Ceni não era mais a mesma desde a opção do dirigente por demitir o então técnico. Durante a entrevista publicada nesse sábado, o presidente admitiu o mal-estar.
“É inegável que ficou um estremecimento, infelizmente. Ele não se conforma até hoje. O mais duro na demissão foi chegar à conclusão de que era preciso demiti-lo”, comentou Leco, que antes, para explicar a necessidade de tantas vendas de atletas durante o Campeonato Brasileiro, acusou Rogério Ceni de culpa por tudo aquilo.
“Por que remontar o time no meio do expediente? Porque infelizmente o projeto que fizemos no começo do ano não teve sucesso, não deu certo. Não deu certo pelas performances, pelos resultados e não deu certo pela formação da equipe. A equipe evidenciou deficiências que precisavam ser corrigidas, e aí entra a figura do dirigente, com a responsabilidade toda que ele tem, mas que no fundo é também um torcedor. Quando as coisas não estão indo bem não dá para fechar os olhos e seguir a vida. Era agir ou me omitir”, afirmou, sem esconder que estava falando da “figura do técnico”.
“Não posso dizer que me arrependi, porque fiz de uma forma consciente e refletida, embora naquele primeiro momento questionasse se ele já estava em condições de assumir. Mas tantas e tão fortes foram as colocações dele de que estava pronto que eu me convenci, e fiz aquilo que acho que ninguém evitaria fazer, que era trazê-lo. Trouxemos, demos todas as condições, prestigiamos o projeto. Dei tudo e um pouco mais. Dei tudo e ainda dei o Pratto, que todo mundo queria. Infelizmente não deu certo”, justificou Leco.
Questionado sobre o motivo de Rogério Ceni não ter vingado como treinador no São Paulo, Leco mais uma vez foi duro na resposta, lembrando as frustrações no primeiro semestre com as quedas no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana, além do início ruim no Brasileirão.
“Ele não se ajustou à dinâmica da nova situação. Como jogador ele era o Mito, uma figura grande, com muitas conquistas, mas era uma situação muito diferente da de pegar um grupo e formar um time. Uma, duas, três eliminações… E zona de rebaixamento, porque foi com ele que fomos para a zona de rebaixamento. E como é duro de sair!”.
Leco não se arrepende de ter demitido Rogério Ceni no início de julho, mesmo com a condição de ter de pagar R$ 5 milhões ao técnico. A multa, aliás, causou muita polêmica na época e, segundo Leco, foi uma condição imposta por Ceni na tentativa de se proteger do resultado que viria das eleições presidenciais e também para preservar sua imagem perante ao torcedor.
“Mais do que tudo, ele tinha medo de macular a sua imagem, do Mito, do grande Rogério. Coisa que acabou se modificando com essa gestão dele como técnico de futebol, porque o torcedor é emotivo e quer ganhar, no futebol nada é pior do que perder. Com os maus resultados aquela figura mítica foi de uma certa forma se embaçando, e me disseram, embora eu não tenha ido atrás de confirmar isso, que 70% dos são-paulinos achavam que ele não estava dando certo. Lamentei muito, mas me convenci de que precisava fazer o que foi feito”, respondeu Leco.