Análise: São Paulo só consegue vencer com mais força e, principalmente, espaço

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GloboEsporte.com

Mateus Benato

Atlético-PR complica jogo no Pacaembu, mas abre brechas e toma virada no segundo tempo.

O São Paulo voltou a vencer e estará fora da zona de rebaixamento do Brasileirão ao fim da 28ª rodada – em metade delas, 14, tinha ficado no Z-4. Pratto voltou a balançar a rede depois de 11 jogos de jejum. Maicosuel, desde junho lutando contra problemas físicos, fez o seu primeiro gol apenas no quarto jogo pelo clube…

Houve vários destaques individuais na vitória de virada por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, na noite de sábado, no Pacaembu, mas o principal deles, mais coletivo, indica o que o Tricolor precisa melhorar para não voltar ao Z-4 nos 10 jogos que restam na competição.

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No primeiro tempo da partida, o São Paulo teve muita paciência, mas pouca qualidade. Com quase 70% de posse de bola, criou quase nenhum perigo ao Atlético-PR. Por quê? Furar o bloqueio do adversário exigia, além de precisão no passe final, superar o famoso conceito da Física que diz que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”.

É difícil explicar, mas fácil mostrar: veja a imagem abaixo, corriqueira em toda a etapa inicial… Rodrigo Caio tem a bola dominada quase na intermediária ofensiva do Tricolor, tendo que iniciar a jogada contra os 10 adversários de linha à sua frente.

Rodrigo Caio tem a bola no campo de ataque do São Paulo com todo o Atlético-PR na defesa (Foto: Reprodução/Premiere)

Rodrigo Caio tem a bola no campo de ataque do São Paulo com todo o Atlético-PR na defesa (Foto: Reprodução/Premiere)

Diante desse cenário, Pratto ficou mais dentro da área do que o costume. E os jogadores de meio, principalmente Cueva, Lucas Fernanes e Marcos Guilherme, tentaram acioná-lo várias vezes, mas sem sucesso.

Veja no vídeo abaixo: em cinco oportunidades no primeiro tempo, a bola foi tocada/lançada/cruzada dentro da área para o argentino e nem chegou perto do gol de Weverton.

No primeiro tempo, Pratto recebe/tenta receber cinco bolas dentro da área do Atlético-PR

No primeiro tempo, Pratto recebe/tenta receber cinco bolas dentro da área do Atlético-PR

O Tricolor passou a arriscar finalizações de fora da área: Hernanes, Cueva e Marcos Guilherme tentaram. No fim da etapa inicial, Pratto, saindo da área, foi outro que procurou mudar a situação. Também não deu certo, mas pelo menos o São Paulo conseguiu chegar com a bola dominada mais perto da meta – veja no vídeo abaixo:

No fim do primeiro tempo, Pratto sai da área e faz boa jogada de ataque com Cueva

No fim do primeiro tempo, Pratto sai da área e faz boa jogada de ataque com Cueva

No segundo tempo, quem tentou mudar o jogo foi o Furacão, o que facilitou a vida do Tricolor, mesmo com o gol rubro-negro logo aos 4 minutos. O técnico Fabiano Soares voltou para a etapa final com duas alterações (saíram Pablo e Nicolas, entraram Felipe Gedoz e Nikão) e a sua equipe mais avançada.

A equipe de Dorival Júnior teve que continuar buscando o jogo, mas com muito mais espaço ofensivo à disposição. Aos 14, Cueva recebeu a bola na intermediária, com bem menos adversários entre ele e Pratto, destino final da bola para o gol de empate – assista abaixo:

Gol do São Paulo! Cueva toca com perfeição para Lucas Pratto marcar, aos 14 do 2º tempo

Gol do São Paulo! Cueva toca com perfeição para Lucas Pratto marcar, aos 14 do 2º tempo

Logo em seguida, Maicosuel entrou no lugar de Lucas Fernandes e deu mais corpo – literalmente até – ao setor de criação tricolor. O estilo mais incisivo do substituto ajudou, mas estava mais fácil jogar com espaço.

O Atlético-PR continou saindo para o jogo, e o gol da virada do São Paulo aconteceu em um contra-ataque, algo inimaginável pelo que se apresentou na primeira parte do jogo: bola recuperada por Hernanes, arrancada de Cueva e finalização de Maicosuel – confira no vídeo abaixo:

Gol do São Paulo! Cueva toca para Maicosuel bater na saída do goleiro, aos 37 do 2º tempo

Gol do São Paulo! Cueva toca para Maicosuel bater na saída do goleiro, aos 37 do 2º tempo

Até o fim do Brasileirão, o São Paulo fará metade dos jogos em casa – cinco de 10 (quatro no Pacaembu e o último no Morumbi, agora alugado para shows). Para efeito de fuga do rebaixamento, esqueçamos as partidas fora: com mais quatro vitórias, o Tricolor chegará a 46 pontos, com grande chance de se salvar. Se ganhar tudo como mandante, certamente escapará, com 49.

PRÓXIMOS JOGOS DO SÃO PAULO COMO MANDANTE:

  • 22/10 – x Flamengo, no Pacaembu
  • 28/10 – x Santos, no Pacaembu
  • 9/11 – x Chapecoense, no Pacaembu
  • 19/11 – x Botafogo, no Pacaembu
  • 3/12 – x Bahia, no Morumbi

Dorival tem optado por uma formação mais ofensiva, de jogadores leves, como Lucas Fernandes e Marcos Guilherme. Até para tentar pontuar fora, não seria melhor jogar mais fechado? Postado mais atrás, os espaços à frente não apareceriam com maior frequência?

Eis a missão do técnico tricolor, que será dificultada pela ausência de Cueva. Na primeira quinzena de novembro, o meia peruano ficará fora de pelo menos quatro jogos – o Peru enfrentará a Nova Zelândia em ida e volta por uma vaga na Copa do Mundo de 2018.

E quem disse que, para definir onde estará no ano que vem, o São Paulo também não disputará um mata-mata? Serão mais 10 jogos, cinco em casa e cinco fora…