UOL – Bruno Grossi
Rubens Chiri/saopaulofc.net
Hernanes é a cara do São Paulo. Na apreensão demonstrada pelos riscos de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, na evolução técnica que fez o time se distanciar da zona da degola e na comunhão dos jogadores com a torcida. Tudo isso em apenas 15 jogos do Profeta neste retorno ao clube. Um período curto, mas essencial: com o ídolo em campo, o aproveitamento do Tricolor, antes desesperado, é de integrante do G-4.
Nas regras atuais, os quatro primeiros colocados garantem vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores. Esses postos hoje pertencem a Corinthians (63,4% de aproveitamento), Palmeiras (58,9%), Santos (57%) e Grêmio (54,8%). Mas se forem consideradas somente as 15 rodadas em que Hernanes atuou, sendo titular em todas e sem perder nenhum compromisso do São Paulo, o G-4 teria uma formatação diferente.
Palmeiras e Cruzeiro, que se enfrentaram na noite da última segunda-feira e empataram por 2 a 2, disputariam a liderança. Os alviverdes têm 62,2% de aproveitamento desde a estreia de Hernanes. Já os mineiros somam 57,7%. O terceiro lugar seria do Atlético-PR, que fez 25 pontos no período “Pós-Profeta” para aproveitamento de 55,5%. O Tricolor Paulista apareceria como quarto: 24 pontos e aproveitamento de 53,3% desde os heroicos 4 a 3 sobre o Botafogo.
Hernanes reconhece o próprio peso nessa reação são-paulina, mas foge de uma personificação do herói, apesar dos oito gols e três assistências. Marcos Guilherme, por exemplo, jogou as mesmas partidas que o Profeta e marcou cinco vezes. Mas é justamente por essa postura que o ídolo conseguiu ser decisivo também fora dos embates no Brasileirão.
O posicionamento nas rodas, antes e depois dos jogos, impressiona os companheiros. Hernanes transpassa seriedade, confiança e não deixa de apontar e tentar corrigir problemas. E faz isso até em entrevistas. O que poderia causar incômodo por uma suposta exposição dos erros do time, porém, o respalda ainda mais. Os colegas e até o técnico Dorival Júnior concordam e reproduzem o discurso. Quando o treinador fala, sempre está compenetrado como se estivesse em uma sala de aula aprendendo uma matéria complexa. O camisa 15 crê que tudo pode ser usado para crescer como pessoa e atleta.
Além das palavras proféticas, entram os atos. O meio-campista leva a sério e mostra a mesma concentração de um clássico em um treino de reapresentação do elenco. Os companheiros percebem, lembram da diferença que o meia consegue fazer em campo e tentam acompanhar o ritmo. É o “efeito Kaká”, visto em 2014 com outro ídolo e usado pela diretoria como justificativa para apostar em Hernanes nesta temporada.
Confira a classificação do “Brasileirão de Hernanes”: