Aidar não aceitará reforma que tira poder do presidente no São Paulo

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UOL

Guilherme Palenzuela

  • Matt May/Tampa Bay Rowdies/Divulgação

Passados o anúncio do programa de medidas econômicas que tem como objetivo aliviar os problemas financeiros do São Paulo e a conturbada demissão do ex-CEO Alexandre Bourgeois, o São Paulo vive os primeiros dias sob o novo modelo de governo, com novo CEO (Paulo Ricardo Oliveira de Oliveira, ex-presidente da Penalty). Agora, porém, pela primeira vez o presidente Carlos Miguel Aidar se posiciona de forma clara contra uma reforma de gestão que implemente um conselho de administração no clube e tire poder do presidente, como sugerido pelo empresário Abilio Diniz.

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Nesta quarta-feira, véspera de evento para celebrar a parceria entre o clube e a companhia aérea panamenha Copa Airlines, na Cidade do Panamá, Carlos Miguel Aidar afirmou que exercerá o regime presidencialista ao qual foi eleito em abril de 2014. Anteriormente, Abilio Diniz propôs ao conselho deliberativo que a reforma de gestão do São Paulo, cujo objetivo era profissionalizar e dar crédito ao clube para renegociar as dívidas bancárias, passasse pela criação de um conselho de administração – o presidente deixaria de presidir o clube para presidir o novo órgão, dividindo o voto com mais oito integrantes. A proposta é semelhante à apresentada por Alexandre Bourgeois em seu plano de reforma, recusado pela diretoria antes de sua demissão.

“O que o Alex queria era criar um conselho de administração acima do presidente. Eu ficaria dependente daquilo que o conselho decidisse. Isso eu não aceitei. Fui candidato à presidência do São Paulo, disputei a eleição e ganhei. O regime é presidencialista e o estatuto diz assim. Então, vou exercer esse regime presidencialista, não vou delegar. O ônus do sucesso ou do fracasso é meu. Qualquer diretor que não estiver satisfeito pode ir embora, não é obrigado a ficar. Eles são convidados do presidente. Pra você chegar onde cheguei, tem que ser conselheiro do São Paulo, não palpiteiro, não pitaqueiro. Você tem que disputar uma eleição. Isso tem um significado, então eu vou exercer. O mandato é presidencial e eu vou exercer”, falou Aidar, em conversa com jornalistas no Panamá.

Quando o São Paulo anunciou o plano de reforma há duas semanas, adotou o modelo do plano feito pelo Instituto Áquila, empresa que presta consultoria ao clube há um ano. Nele, não há mudanças no organograma e a profissionalização é menos radical, focada na contratação de profissionais para todos os departamentos, mas sem a criação de um conselho de administração que tire o poder do presidente: “Ele tem um organograma, que é o conselho deliberativo, abaixo o presidente, abaixo o CEO e ao lado os vices”, diz Aidar.

O São Paulo anunciou um novo CEO menos de 24 horas depois da demissão de Bourgeois. É Paulo Ricardo de Oliveira presidia a Penalty, empresa que até abril tinha acordo de patrocínio com o São Paulo por fornecimento de material esportivo. “Em compensação, o Paulo Ricardo em dois dias fez mais do que o Alex em dois meses e meio”, falou Aidar, que fez duras críticas ao ex-CEO na mesma entrevista em que ironizou carta enviada por Abilio Diniz – que indicou a contratação do executivo – e na qual indicou que o presidente do conselho deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, é frustrado por não ter sido o indicado por Juvenal Juvêncio para sucedê-lo na presidência em abril de 2014.

*O jornalista viaja a convite da Copa Airlines