Raí fala em construir identidade no SP e Leco nega vender Pratto

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José Eduardo Martins

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Raí está de volta ao dia a dia do futebol no São Paulo. Um dos maiores ídolos da história do clube, o ex-jogador foi apresentado nesta sexta-feira (8), no CT da Barra Funda, como diretor executivo de futebol. O ídolo foi convidado pelo presidente tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para substituir Vinícius Pinotti, que pediu demissão na quarta (6) por divergências com o mandatário.

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“A carta branca me foi bem dada. Conheço muitas pessoas, outras não. A primeira coisa é entrar de cabeça para conhecer toda a estrutura. Estamos no momento de fim de ano, vai ter um período de transição, vou me apoiar em quem está aqui dentro. Em relação à gestão, tenho minhas ideias e a base do meu trabalho vem do meu conhecimento de campo, do futebol. O São Paulo precisa construir uma identidade de jogo, de estilo, que independa do treinador. Mas a base do meu trabalho e as primeiras atitudes vão ser neste sentido, de construir junto da comissão técnica criar a identidade de jogo, que o São Paulo tenha uma identidade que tenha a ver com a sua história e torcida”, disse Raí.

Em seu novo cargo, Raí vai contar com o apoio do diretor adjunto, Fernando Bracalli Chapecó, para as questões administrativas, e do advogado Alexandre Pássaro, para as negociações de contratações de jogadores. Na última temporada, quando o então diretor executivo de futebol, Marco Aurélio Cunha, licenciava-se do cargo, Pássaro já colaborou com tal função.

A tarefa, porém, não deve ser das mais simples. O São Paulo não ganha um título desde a Copa Sul-Americana, de 2012, e vive um momento turbulento. Neste Campeonato Brasileiro, por exemplo, a equipe quebrou o seu recorde negativo ao ficar 14 rodadas na zona de rebaixamento. Com 50 pontos, na 13ª posição, o Tricolor não conquistou vaga para a Copa Libertadores de 2018, que terá a presença de Corinthians, Palmeiras e Santos.

Essa não será a primeira experiência do campeão mundial de 1992 em um cargo diretivo. Em 2002, ele foi coordenador de futebol da diretoria do clube, mas a passagem durou apenas três meses e não agradou muito o campeão mundial de 1992. Na avaliação do ídolo, o modelo de gestão brasileiro ainda era muito amador.

“Foi uma situação diferente, não estou comparando os momentos. Mas acredito neste momento do São Paulo, o estatuto a busca por profissionalismo,. Acho que represento esse momento,. Acho que busco isso. Naquela época foi uma escolha pré-eleição, Marcelo Portugal Gouvêa me chamou. Não tinha uma função definida. Bem diferente de hoje, tenho agora minha função bem definida e vou poder colocar as minhas ideia”, disse Raí.

Tempos depois, o próprio ex-atleta mostrou que talvez não estivesse pronto para assumir um cargo no São Paulo naquela época. Em 2005, por exemplo, ele chegou até a cogitar a possibilidade de trabalhar em outro clube, como o Botafogo, de Ribeirão Preto, para ganhar experiência. Por isso, o ídolo também aproveitou o tempo longe dos gramados para estudar e melhorar o seu currículo. No ano passado, em Paris, por exemplo, ele participou do Mestrado Executivo da Uefa para jogadores internacionais (MIP).

Além disso, neste período, consolidou o seu trabalho no terceiro setor com a Fundação Gol de Letra. Neste ano, a convite de Leco, assumiu uma vaga no Conselho de Administração do clube. Desta maneira, voltou a participar do dia a dia e da tomada de decisões no Morumbi.

Em relação à saída de Pinotti, especulou-se também a possibilidade de Leco e o ex-diretor terem se desentendido por conta de uma suposta negociação da venda de Lucas Pratto para o Cruzeiro. O presidente negou essa possibilidade na apresentação de Raí, nesta sexta.

“O São Paulo teve nesta semana três eventos marcantes, situações de divulgação que fazem com que eu me obrigue a tecer duas considerações primeiras para passar depois para o o evento. A primeira é a saída de Pinotti. Rumos de relacionamento, e as características pessoas de cada um fazem com que o caminho que se seguem sofram alguns desajustes e instabilidade até para usar pela expressão usada por ele, divergências. Isso ocorre em qualquer relação. Mas não significam que as pessoas tenham características negativas e apreço. Quero enfatizar que a decisão tomada não reduz o apreço e a admiração que tenho por ele. Não tem qualquer significado negativo é apenas uma perda. Sinto pena pela perda das qualidades pessoas. O segundo tema foi Lucas Pratto, O que se viu nas interpretações e maldades que são próprias hoje em dia, até porque os meios de comunicação estão férteis. Falou-se de ir para o Cruzeiro e deu um quadro de inúmeras possibilidades, quero aproveitar para dizer que o Lucas Pratto não foi nem sequer cogitado de ser negociado. Eu neguei quando consultado e o São Paulo não vai negociar o Lucas Pratto. O terceiro momento é recepcionar de volta esse campeão de tudo no São Paulo, essa figura vinculada a história do São Paulo”, disse Leco.

Raí, no entanto, não é o único ídolo que recentemente volta ao São Paulo em outra função. Neste ano, o ex-goleiro Rogério Ceni comandou o time, até ser demitido por Leco e Pinotti. Aliás, a saída do ex-arqueiro serviu de reflexão para Raí antes de assumir o cargo de diretor executivo.

“Isso pesa [a chance de ter a sua imagem riscada]. No momento, tenho 52 anos e sou independente para tomar minhas decisões. Estou confiante. São novos desafios e o que mais vai importar é o São Paulo. Sei da minha capacidade e sei do que posso agregar para que alcançar isso”, disse Raí.

“Todo mundo sabe que o futebol envolve riscos e resultados. Uma das minhas principais qualidades foi construir ambiente harmônico. Os jogadores que estão aqui tender a render muito mais se construirmos um ambiente favorável. O São Paulo, nos últimos anos, teve uma série de problemas extra campo.Sobre as negociações estou tomando pé ainda e não dá para falar. Em breve vocês terão notícias”, completou o campeão mundial de 92.