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Leandro Silva e Valmir Storti
São Paulo foi a sexta equipe que mais gols fez pelo alto no Brasileirão 2017, e característica é reforçada com o retorno do lateral Reinaldo, que se destacou no quesito pela Chapecoense
O futuro no São Paulo é muito promissor para Diego Souza. Nas últimas três temporadas, o carioca de 32 anos vem passando por uma verdadeira metamorfose ambulante, trocando o estilo solidário de um meia pelas características de um atacante especialista em concluir jogadas aéreas. Para sua nova equipe, isso é ótimo.
O ex-jogador do Sport chega ao Tricolor Paulista provavelmente para ser o homem de referência no ataque. Nesse contexto, ele deverá ser substituto de Lucas Pratto, negociado com o River Plate, da Argentina.
Ainda que só o tempo vá confirmar o que se espera dele, os dados indicam que a escolha foi muito acertada. No último Brasileirão, o São Paulo foi a sexta equipe que mais gols marcou (22) a partir de jogadas aéreas. Não se trata apenas de gols de cabeça, mas gols marcados após a bola viajar pelo alto. A equipe comandada por Dorival Júnior ainda teve mais um gol contra a seu favor em lance deste tipo.
Diego Souza disputou os três últimos Brasileirões pelo Sport. Sem contar faltas diretas e cobranças de pênalti, na edição de 2015, ele fez 43 finalizações e seis gols, sendo que 30% das conclusões e 83% dos gols foram marcados a partir de jogadas aéreas. No ano passado, os lances pelo alto tiveram 65% de participação nas finalizações dele e absolutos 100% nos seis gols marcados (novamente, sem contar um gol de falta e quatro em pênaltis).
A opção por Diego Souza é muito positiva porque o clube acaba de reforçar seu potencial ofensivo aéreo ao promover o retorno do lateral esquerdo Reinaldo, que estava na Chapecoense, a equipe que mais gols fez no Brasileirão 2017 a partir de jogadas aéreas.
Foram 28 gols marcados assim, sendo dez deles após bolas erguidas por Reinaldo, sete em assistências diretas e três em indiretas (bolas erguidas por ele, mas finalizadas após rebatidas ou desvio de outro companheiro). Assim, contratar um especialista em finalizar essas jogadas faz todo o sentido.
O Espião Estatístico analisou os números de Diego Souza nos últimos três Brasileirões e mostra abaixo como as características dele mudaram fortemente nesse período.
Muito mais solidário em 2015
Três anos atrás, um mapa de calor mostraria um meia-atacante que batia escanteios da direta e fazia assistências do meio da intermediária e da esquerda do ataque. Ele finalizava poucas jogadas de dentro da área.
Chama a atenção o equilíbrio entre os números de assistências para finalizações e de vezes que ele mesmo concluiu as jogadas. Foram 63 bolas para arremates de companheiros e 60 tentativas dele próprio, com aproveitamento de 15%. Isso mudou consideravelmente nos anos seguintes.
Transição em 2016 o tornou artilheiro
No intervalo de apenas um ano, Diego Souza mais do que dobrou sua presença dentro da área para concluir jogadas. De 20 finalizações feitas nas áreas em 2015, sem contar pênaltis, ele fez 44 no ano seguinte. O número de arremates a partir de jogadas aéreas também dobrou, de 12 para 25.
Para se tornar um dos artilheiros de 2016 (ao lado de Fred, do Atlético-MG, e William Pottker, da Ponte Preta, com 14 gols), Diego Souza teve de se dedicar muito às jogadas criadas apenas com troca de passes rasteiros, conseguindo marcar seis gols nesses lances, algo totalmente fora de suas características nos Brasileirões que disputou com a camisa do Sport.
Atacante especialista em concluir jogadas aéras em 2017
Em larga escala, pênaltis e faltas diretas mantiveram Diego Souza no top 10 da artilharia do Brasileirão do ano passado. Praticamente a metade de seus gols foram marcados assim, quatro de pênaltis e um de falta de um total de 11 gols. Fora essas bolas paradas, todos os outros seis gols foram conquistados concluindo jogadas aéreas, não necessariamente de cabeça, mas após a bola viajar pelo alto.
O agora atacante não fez qualquer gol em lances de troca de passes rasteiros. Das 48 finalizações feitas sem contar pênaltis e faltas diretas, 31 nasceram em lances pelo alto (65%), o que o caracteriza como um especilista em concluir essas jogadas. O Sport fez 18 gols a partir de jogadas aéreas no Brasileirão, sendo que ele marcou um de cada três gols conquistados pela equipe dessa forma.
Poder de decisão superior ao de quarteto são-paulino
Tudo leva a crer que o time de Dorival Júnior ganhou um excelente reforço. Seus números no Brasileirão 2017 mostram um rendimento superior ao do principal quarteto ofensivo são-paulino: Hernanes, Cueva, Lucas Pratto e Marcos Guilherme.
Em 27 jogos na Série A (71% do total, 26 como titular e um como substituto), o ex-jogador do Sport participou de 30% de todos os gols do time pernambucano, balançou as redes em 11 oportunidades (média de 0,41 por partida) e deu três assistências.
O atacante Lucas Pratto teve participação direta em 25% dos gols do São Paulo (sete gols e cinco assistências), mesmo percentual de Hernanes, que voltou para a China. O Profeta marcou nove vezes (média de 0,47 por partida) e contribuiu com três assistências, com a desvantagem de ter participado de apenas 19 partidas. Cueva, com 21% de participação direta com gols e assistências, e Marcos Guilherme, com 13%, também ficam atrás do reforço tricolor.
Quando o assunto é quem leva menos tempo para mandar a bola para o fundo das redes, Diego Souza só perde para Hernanes, que jogou muito menos. O ex-camisa 87 do Sport precisou de 221 minutos em média para fazer cada um de seus gols, enquanto o Profeta fez em média um a cada 199 minutos, uma eficiência enorme, que o consagrou na competição. Lucas Pratto precisou de mais do que o dobro de minutos para fazer cada gol quando comparado a Diego Souza.
Eficiência nas finalizações x indisciplina
Provável substituto de Lucas Pratto no São Paulo, Diego Souza mostrou na última edição do Campeonato Brasileiro uma maior eficiência que o argentino. O novo contratado fez 72 arremates, 31 certos (que entraram no gol ou foram defendidos, aproveitamento de 43%). Pratto finalizou 98 vezes e acertou 35, eficiência de 36%. Em relação apenas as finalizações que viraram gol, seu aproveitamento é o dobro do argentino.
Aparentemente, só a questão disciplinar pode preocupar o torcedor. Diego Souza foi o jogador do Sport que mais recebeu cartões no Brasileirão 2017: foram dez amarelos e um vermelho. O são-paulinos ficaram muito longe disso, mesmo com a pressão da luta contra o rebaixamento. Lucas Pratto recebeu dois amarelos e um vermelho, Hernanes e Cueva, apenas três amarelos, e Marcos Guilherme foi punido com apenas dois amarelos.