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José Eduardo Martins
- Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo
Bruno Alves durante treino do São Paulo. O zagueiro será titular no clássico desta quarta
O clima entre São Paulo e Corinthians ficou ainda mais quente depois do primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista. Na hora de comemorar o gol da vitória por 1 a 0, o meia atacante Nenê parou em frente ao banco de reservas do rival, que questionou tal postura. O técnico Fábio Carille, por sua vez, reclamou do colega Diego Aguirre, que não o cumprimentou antes do confronto. O zagueiro do Tricolor Bruno Alves, no entanto, não vê problemas na tensão entre os atletas para o segundo e decisivo jogo do mata-mata, que será nesta quarta (28), às 21h45, na casa do adversário.
“A gente troca declarações ali, mas o que acontece no campo morre lá e são coisas do futebol. É o tipo de partida que todo jogador sonha disputar, um clássico com aquele tempero diferente. Então, é importante [ter a rivalidade], desde que seja sadio o clima com as provocações para fazermos um grande espetáculo para a torcida”, disse Bruno Alves em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O zagueiro tem a responsabilidade de atuar na vaga do selecionável Rodrigo Caio, um dos principais nomes do elenco tricolor. Esta, porém, não é a primeira vez que ele ganha uma chance em um momento complexo para o São Paulo. Na vaga do então suspenso Arboleda, ele fez a sua estreia pelo Tricolor no empate por 2 a 2 com a Ponte Preta, no Morumbi, em setembro de 2017. Apesar do gol marcado, viu o time se complicar no Z4 do Brasileiro naquela ocasião. Neste ano, ele entrou no lugar de Rodrigo Caio após a derrota no primeiro jogo das quartas de final do Paulista para o São Caetano. Mas com Bruno Alves em campo, o Tricolor se recuperou, derrotou o time do ABC por 2 a 0, e venceu o Corinthians por 1 a 0, já pela semifinal do estadual.
“Sempre trabalhamos esperando a chance. Tem uma frase que diz que ‘a oportunidade não avisa quando vai chegar, e sim você que precisa estar preparado’. Então, tentei me preparar da melhor maneira possível, me dediquei em todos os treinos para que, quando surgisse a oportunidade, eu aproveitasse da melhor maneira possível. Essa tem sido a receita do sucesso nos jogos, com muita humildade e trabalho”, afirmou Bruno Alves.
Confira a entrevista com Bruno Alves:
Discurso de Aguirre contra o tabu
Se a gente ficar pensando muito negativamente, porque não ganhamos os clássicos, iríamos trazer um ambiente negativo. Ele [Aguirre] falou o contrário disso, que era um novo momento, uma nova oportunidade para buscar a vitória para ajudar o São Paulo.
Arena Corinthians
Joguei uma vez pelo Figueirense. Empatamos por 1 a 1, mas era para a gente ganhar. Tiveram lances polêmicos que não apitaram para o nosso lado.
Nota da redação: Na partida de agosto de 2016, o Figueirense reclamou quando o árbitro Marielson Alves Silva não expulsou o goleiro Cássio por causa de uma falta em Dodô.
Pressão da torcida
Será difícil como qualquer jogo fora. Sabemos da pressão da torcida, só que a gente tem total condição de fazer um grande jogo pela força do nosso elenco. Pelo que temos mostrado, estamos confiantes, mas sempre com humildade e pés no chão porque não tem nada ganho.
Vitória no primeiro jogo
A vantagem é importante, a vitória foi importante em um jogo difícil contra o Corinthians. A gente sabia que precisava da vitória para dar uma resposta para nós mesmos e para a torcida. É importante sair com esse placar do primeiro jogo, mas é uma vitória mínima. A gente precisa entrar forte e firme no próximo jogo para buscar a classificação.
Nota da redação: Como ganhou o primeiro jogo por 1 a 0, o São Paulo tem a vantagem do empate no segundo duelo da semifinal. Caso o Corinthians vença por um gol de diferença, a disputa será nos pênaltis.
Tabu
No futebol, os tabus estão aí para serem quebrados. Temos totais condições de buscar a classificação. Não pesa o fato de nunca termos ganhado na Arena. A gente sabe que vive um bom momento, temos de confiar no nosso time, mas sempre com humildade e pés no chão.
Nota da redação: Desde 2014, o São Paulo disputou sete partidas na Arena Corinthians, perdeu cinco e empatou duas.
Concorrência interna
A disputa é sadia, com jogadores de alto nível. Estamos felizes por entrar e corresponder à altura. Tenho trabalhado. A gente sabe da responsabilidade. O São Paulo conta com o Rodrigo Caio e Arboleda, que são excelentes zagueiros com nível de seleção, com o Aderllan, que jogou na Europa e marcou alguns dos principais jogadores do mundo, e com o Anderson Martins, que é um cara experiente. A gente tenta aproveitar as oportunidades da melhor maneira possível. Estamos sempre trabalhando, passando confiança para o outro. Essa competitividade é boa, porque vai elevando o nível de cada um.
Postura para o clássico
A gente sabia da pressão para vencer um clássico, a gente cobrava isso. Fazíamos bons jogos, mas não conseguíamos a vitória. Foi diferente desta vez. Livrou um pouco a pressão, mas é momentâneo. Sabemos que temos de entrar com humildade e responsabilidade para ajudar o São Paulo a sair com a classificação.
Clima no São Paulo
O grupo é bastante unido. Divido o quarto na concentração com o Reinaldo, que é um cara bastante extrovertido e tira o sorriso de todo mundo. O grupo está se unindo cada vez mais.