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Alexandre Lozetti e Marcelo Hazan
Mandatário interino do Tricolor diz que não vai jogar polêmicas para “debaixo do tapete”, vê maior desafio da vida no cargo e pretende marcar eleições para o dia 27.
O novo mandatário do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, promete que investigará as acusações de desvios de dinheiro feitas contra Carlos Miguel Aidar, que renunciou à presidência (e também se licenciou de seu escritório de advocacia) na terça-feira. Nas primeiras palavras como comandante (interino) do clube, nesta quinta-feira, no Morumbi, ele disse que o assunto será levado adiante pelas devidas instâncias, como o Conselho Deliberativo. Além disso, revelou intenção de marcar para 27 de outubro a nova eleição, da qual confirmou que será candidato.
A gravação feita por Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol do clube, será levada em conta nessa investigação.
– Garanto. Tenho certeza. O São Paulo, apesar dos problemas, é um clube sério e de gente grande. Tem instâncias, a maior, o Conselho Deliberativo. Temos comissão de ética, regramentos escritos que indicam como o clube deve se comportar diante desses fatos. A emoção talvez permite a ideia de que o clube acobertará situações, e eu asseguro que não. Não me anima a ideia de revanchismo. Anima, sim, de esclarecimento, para que o São Paulo honre a sua grandeza e tradição, com apurações e instâncias nos lugares corretos – falou.
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– Tenho a missão histórica de reconduzir o São Paulo a ser exemplo no futebol brasileiro. A pacificação não vai significar conivência com maus feitos. Tranquilidade não será sinônimo de acórdão, para acobertar atos lesivos ao São Paulo. Tudo será esclarecido pelas instâncias do clube. Com o rigor necessário. Não terei compromisso com erro – completou.
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Leco evitou dizer também que toda torcida saberá o conteúdo do áudio feito de Ataíde em papo com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, mas…
– Impossível que tudo que for apurado não aflore, que acabe ficando escondido. Isso não acontecerá. A comunidade toda de são-paulinos terá naturalmente conhecimento das coisas. Espero que não seja traumático, a ponto de magoar a instituição – disse.
Ainda presidente do Conselho Deliberativo, cargo que só deixará ser for eleito mandatário do clube em definitivo, Leco falou que se trata do maior desafio de sua vida e reconheceu surpresa por, aos 77 anos, realizar o sonho de chegar ao cargo máximo do São Paulo.
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– O São Paulo precisa avançar e enfrentar seus problemas, recuperar a credibilidade perante torcedores. Dizer “não” às falcatruas. As pessoas estão fartas de politica em beneficio próprio. O São Paulo estará comprometido com sentimento de mudança, ser eficaz e transparente, com tudo voltado para a coletividade. Não esperava estar hoje aqui, mas estou mais preparado do que nunca para o maior desafio da minha vida – afirmou Leco.
Leco durante primeira entrevista como presidente do São Paulo (Foto: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo)Durante quase 50 minutos de entrevista, o presidente interino foi questionado sobre outros diversos assuntos. Confirmou que convidará Gustavo Vieira de Oliveira (gerente executivo de futebol demitido por Aidar) de volta, admitiu que aceitará ajuda do empresário Abílio Diniz…
Confira os principais trechos da entrevista:
GUSTAVO DE VOLTA
Conforme já publicado pelo GloboEsporte.com, Leco confirmou que convidará Gustavo Vieira de Oliveira para voltar ao clube. Filho de Sócrates e sobrinho de Raí, ele era gerente executivo de futebol e foi demitido pelo ex-mandatário Carlos Miguel Aidar neste ano. Isso não significa necessariamente, no entanto, que José Eduardo Chimello (seu substituto) será demitido.
AJUDA OFERECIDA POR ABÍLIO DINIZ
– Ele certamente será uma figura que terá todo acolhimento e importância na minha presidência. Tenho ótimo relacionamento. Sou um pouco mais novo do que ele, mas chegamos a conviver e a jogar futebol juntos. A expertise de empresário magnífico deve ser aproveitada. A paixão dele pelo clube me anima. Ele não terá cargo, pois não é conselheiro, mas sua ajuda será aceita.
CASO IAGO
– É uma questão espinhosa e delicada, porque envolve aspectos de legalidade da aquisição, do seu registro, tudo isso. Para isso, São Paulo tem um ilustríssimo advogado que está acompanhando proximamente os desdobramentos. Estamos certamente preocupados, mas colocaremos todos esforços para que isso se solucione da melhorar maneira.
VISITA AO CT DA BARRA FUNDA
– Não fui ao Rio de Janeiro (para o jogo contra o Fluminense, nesta quarta-feira) porque não poderia perder a tarde de ontem e a manhã de hoje (quinta). Eu precisava estar preparado. Não conheço pessoalmente o Doriva, conversamos por telefone. Amanhã (sexta-feira), estarei com eles (técnico e elenco) para me apresentar. Não sou uma figura incógnita.
RETORNO DE ATAÍDE
– Estamos em uma luta pelo G-4 (do Campeonato Brasileiro). A Libertadores, mais do que qualquer torcedor, atinge o são-paulino. Não só paixão. É uma necessidade que temos para administrar o São Paulo, pois gera muita fonte de receita. Ataíde está lá com todo o futebol.
GRAVAÇÃO DE ATAÍDE
– Dificilmente, alguém terá de mim uma posição de que ouvi, não ouvi, ou vice-versa. Procuro ser muito transparente. Não conheço a gravação inteira, mas quis me certificar da existência dela. Não ouvi nem um minuto, porque não quis ouvir.
EX-DIRETORES DE AIDAR
– Alguns (poderão participar da gestão), sim. Os não comprometidos com coisas que são de alguma forma discutíveis podem perfeitamente voltar. Outros com quem não tenho relação de confiança necessária, certamente que não voltarão.
– Não tenho (ainda) nomes de nenhum diretor. Enquanto estiver presidente (interino), não farei nenhuma nomeação. Vou continuar dirigindo o São Paulo com a estrutura que tem, com os diretores de áreas que tiver que demandar para algum esclarecimento, como fiz pela manhã, com o Vinicius Pinotti, do marketing.
