Com um sorriso de orelha a orelha, Diego Souza tira sarro e brinca com os amigos Nenê, Reinaldo e Militão durante uma descontraída partida de futmesa. A cena tem lugar em um dos campos do CT da Barra Funda e ocorre no dia seguinte à vitória são-paulina por 1 a 0 sobre o Santos, da qual foi o herói no último domingo. O gol de cabeça, típico de centroavante – função para a qual foi contratado ao custo de R$ 10 milhões -, o isolou ainda mais como artilheiro do time na temporada, com seis bolas na rede. Ele, enfim, parece se sentir à vontade no clube do Morumbi.
Mas, para além do título de goleador do São Paulo, o agora centroavante comemora outro feito em 2018: o de ser o maior artilheiro da história da Série A do Campeonato Brasileiro entre os jogadores que participam da atual edição do torneio. Com o gol no San-São, o primeiro dele em clássicos com a camisa tricolor, o carioca de 32 anos chegou a 90 anotados em 351 jogos, disputados a partir de 2003. O segundo colocado é Ricardo Oliveira, do Atlético-MG, com 80 gols feitos em 164 partidas.
Faz-se necessária, no entanto, uma observação: com 139 tentos na divisão de elite, o atacante cruzeirense Fred lideraria o ranking não fosse a grave lesão sofrida no joelho direito. Operado em março, o veterano tem um prazo de recuperação entre seis e oito meses, podendo voltar a atuar no fim do ano e recuperar o posto de maior goleador entre os atletas do Brasileirão 2018.
“Fico feliz. São muitos gols para um meia-atacante”, celebrou Diego Souza, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. “Com a qualidade de jogadores que a gente tem aqui, espero aumentar essa marca jogando no São Paulo. Vai ser meu objetivo”, projetou.
Já no período conhecido como a ‘Era dos Pontos Corridos’ (iniciado em 2003), contabilizando também aqueles que não estão disputando a Série A ou já se aposentaram, o camisa 9 do Tricolor é o quinto maior artilheiro, atrás apenas de Fred (139), Paulo Baier (106), Alecsandro (100) e Borges (99). Ambicioso, Diego Souza vislumbra, ao menos, bater a marca dos 100 gols e subir no pódio.
“Quem sabe ficar entre os três primeiros. Sei que o Fred tem cento e poucos gols, é difícil de pegar, mas tenho que pegar o Alecsandro, que é um amigo meu. Passando, já tenho quem zoar (risos)”, brincou o atacante são-paulino, referindo-se ao centroavante do Coritiba, com quem dividiu vestiário no Vasco, em 2011 e 2012, e que hoje compete pela Série B.
O Sport foi o clube pelo qual Diego Souza mais marcou gols em Brasileiros. São 38 anotados entre 2014 e 2017. Em 2016, já atuando em uma posição mais adiantada, foi o artilheiro do torneio com 14 tentos, empatado com Fred e William Pottker, que na época defendiam Atlético-MG e Ponte Preta, respectivamente.
“Fiz muitos gols mesmo jogando de meia. Tinha média de 16 gols por ano. No Sport, subi essa média. Lá, sem dúvida, joguei bem mais próximo do gol, me fez gostar mesmo de fazer gols. Foi a equipe que joguei mais como atacante”, explicou.
Com a intenção clara de se destacar no São Paulo para chamar atenção de Tite e defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Rússia, Diego não correspondeu às expectativas de início e foi vendo seu objetivo ficar inviável, algo que se confirmou na convocação do último dia 14.
Para piorar, o jogador dividiu a torcida são-paulina quando parou em Cássio na disputa por pênaltis em Itaquera, sendo apontado como um dos vilões da eliminação nas semifinais do Campeonato Paulista. Há exatamente um mês, ciente do clima pesado no Morumbi, o Vasco fez uma proposta de empréstimo, recusada pela diretoria tricolor, que apostou na volta por cima de seu segundo reforço mais caro para 2018 – o primeiro foi Everton (R$ 15 milhões).
Após conversa em que recebeu um voto de confiança, mas na qual também foi cobrado pelo executivo de futebol Raí e pelo técnico Diego Aguirre, o centroavante ‘acordou’ e passou a mostrar mais movimentação e eficiência nos jogos. Tanto que foi decisivo nos últimos três dos quais participou: evitou derrota para o Atlético-MG (2×2), garantiu a classificação à segunda fase da Copa Sul-Americana diante do Rosario Central-ARG (1×0) e definiu o triunfo no San-São (1×0).
“Importante foi ter feito o gol no Morumbi, não importa contra quem foi”, ressaltou, em alusão ao clássico do último final de semana. “Era um jogo importante. Com 40 mil pessoas no estádio, precisávamos vencer. Fazer um gol nesse cenário é maravilhoso”, vibrou.
Feliz pelas contratações de Everton e Régis, exímios cruzadores em sua visão, Diego Souza vislumbra a artilharia do Brasileirão, embora coloque as metas coletivas como prioridade. “Com eles dá para fazer gols sempre e ganhar os jogos, porque a qualidade é muito boa. Aqui, a gente tem o objetivo de ganhar, de ser campeão. Se for comigo sendo artilheiro, melhor ainda. Mas o importante é conseguirmos nossos objetivos como equipe”, finalizou.
Único invicto do Campeonato Brasileiro de 2018, com quatro empates e duas vitórias, o São Paulo ocupa o sétimo lugar com dez pontos ganhos, apenas três a menos do que o líder Atlético-MG. O próximo compromisso do time tricolor é o confronto com o América-MG, neste domingo, às 19 horas (de Brasília), em Belo Horizonte, pela sétima rodada do torneio nacional.
Veja os dez maiores artilheiros que disputam o Brasileiro de 2018 em atividade:
1: Diego Souza (São Paulo): 90 gols em 351 jogos
2: Ricardo Oliveira (Atlético-MG): 80 gols em 164 jogos
3: Roger (Corinthians): 78 gols em 238 jogos
4: Wellington Paulista (Chapecoense): 78 gols em 304 jogos
5: André Lima (Vitória): 75 gols em 241 jogos
6: Rafael Moura (América-MG): 72 gols em 270 jogos
7: André (Grêmio): 68 gols em 193 jogos
8: Rafael Sóbis (Cruzeiro): 66 gols em 259 jogos
9: Cícero (Grêmio): 64 gols em 259 jogos
10: Willian (Palmeiras): 44 gols em 210 jogos
FONTE: GAZETA ESPORTIVA