Após quase três anos, Inter reencontra Aguirre em duelo pelo G-4 com o São Paulo

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GloboEsporte.com

Leandro Canônico e Tomás Hammes

Campeão gaúcho e semifinalista da Liberta em 2015, uruguaio nunca enfrentou ex-clube.

A noite desta terça-feira promoverá um duelo especial no Morumbi. Mais do que os três pontos e uma posição no G-4 do Brasileirão, o confronto colocará frente a frente Inter e Diego Aguirre. O uruguaio, agora técnico do São Paulo, revê o clube gaúcho, ao qual ajudou a revelar garotos como o lateral William, após quase três anos de sua conturbada demissão em agosto de 2015.

Há exatos 1035 dias, a direção colorada, então liderada pelo presidente Vitorio Piffero e vice de futebol Carlos Pellegrini convocava uma entrevista coletiva no início da tarde de uma quinta-feira, três dias antes de um clássico Gre-Nal. Sob a alegação da necessidade de um fato novo, o então presidente e vice de futebol demoveram o uruguaio do cargo.

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Diego Aguirre, agora no São Paulo, enfrentará o Inter pela primeira vez desde sua demissão (Foto: Marcos Ribolli)

Diego Aguirre, agora no São Paulo, enfrentará o Inter pela primeira vez desde sua demissão (Foto: Marcos Ribolli)

Curiosamente, Odair Hellmann, que era auxiliar do uruguaio, foi colocado interinamente para comandar o time no clássico na Arena. Porém, o hoje treinador do grupo principal não conseguiu reverter o quadro e o Inter acabou goleado por 5 a 0.

Odair, aliás, e o preparador de goleiros, Daniel Pavan, são os remanescentes de linha de frente da passagem de Aguirre que estarão no Morumbi. Rodrigo Dourado e D’Alessandro, que integravam o grupo e seguem no Beira-Rio, estão fora. O volante cumprirá suspensão, enquanto o capitão se recupera de entorse no tornozelo esquerdo.

A escolha e as críticas

Jogador do Inter em 1989 e 1990, Aguirre voltou ao clube como uma aposta do então vice de futebol, Luiz Fernando Costa. O nome do gringo era o sexto em uma lista que tinha Tite, Abel Braga, Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo e Celso Roth, mas chegava referendado pela campanha na Libertadores de 2011, quando levou o Peñarol à decisão da Libertadores, sendo superado pelo Santos de Paulo Henrique Ganso e Neymar.

Ao longo de sua passagem pelo clube gaúcho, Aguirre conviveu com críticas internas. Principalmente de Pellegrini, ao qual sucedeu Luiz Fernando, que faleceu no final de janeiro.

A questão física era o principal alvo de contestações. Mas não a única. O rodízio nas escalações também passava por reclamações. Aguirre não colocava o time titular para ter uma sequência e trocava a todo instante.

A estratégia, no início, serviu para conhecer todo o grupo. Assim, deu espaço aos garotos William e Geferson (este chegou a integrar o grupo de Dunga na Copa América daquele ano), além de consolidar Eduardo Sasha e Valdívia, mesmo com nomes renomados, como Réver, Nilton, Anderson e Vitinho, todos contratados pela então gestão.

Aguirre pediu Lugano ao Inter

Em busca de reforços, Aguirre tentou um nome conhecido do Tricolor paulista. Aguirre pediu a contratação de Diego Lugano, hoje superintendente de relações institucionais, a quem revelou no Plaza Colonia, em 2002.

Aguirre também mudou o estilo de jogo. Saiu de cena a troca de passes incessante e entrava um time que apostava nas transições em velocidade, principalmente pelos avanços de Sasha e Valdívia.

Diego Aguirre foi campeão do Gauchão pelo Inter (Foto: Diego Guichard)

Diego Aguirre foi campeão do Gauchão pelo Inter (Foto: Diego Guichard)

O gringo liderou o time a conquistar o Gauchão e ainda chegou às semifinais da Libertadores, quando acabou eliminado nas semifinais para o Tigres, do México. A queda no torneio continental acabaria com o estofo do estrangeiro no Beira-Rio. O Brasileirão claudicante, o time estava em 10º limou a continuidade com a demissão às vésperas do clássico Gre-Nal.

Argel acabou contratado para o restante da temporada e promoveu uma recuperação no Brasileirão, ao qual encerrou em quinto lugar. Acontece que aquela saída intempestiva se tornou um tipo de marco do desfragmento colorado, culminado com o rebaixamento no ano seguinte.

O ex-zagueiro até seguiu no posto e, inclusive, levou o estadual de 2016. Iniciou bem o Brasileirão e chegou até a liderar. Porém, o time nunca encantou. E, após uma sequência de seis jogos sem vitória, foi desligado do clube. Ali o time entrou em uma espiral e uma mudança frenética de treinadores. Paulo Roberto Falcão, Celso Roth e Lisca foram chamados ao cargo, mas não evitaram o inédito descenso.

Aguirre no Inter

  • 48 jogos
  • 24 vitórias
  • 15 empates
  • 9 derrotas
  • 60,4% de aproveitamento
  • campeão do Gauchão
  • semifinalista da Libertadores

Enquanto isso, Aguirre seguiu sua carreira. Em 2016, assumiu o Atlético-MG. Porém, suportou pouco. Cinco meses depois, deixou o Galo. Conquistou o Torneio da Flórida, mas foi vice do Mineiro para o América e não resistiu à pressão após cair nas quartas de final da Libertadores para o São Paulo.

Ainda em 2016, assumiu o San Lorenzo, no qual permaneceu até 2017. Mais uma vez, optou em deixar o clube após ser eliminado nas quartas de final da Libertadores. Desta vez para o Lanús.

Aguirre no São Paulo

Aguirre chegou ao São Paulo em momento conturbado, tendo logo de cara as quartas de final do Paulistão. Passou pelo São Caetano, mas depois foi eliminado pelo Corinthians nos pênaltis. Caiu também na quarta fase da Copa do Brasil para o Atlético-PR. Depois disso, o uruguaio conseguiu dar sua cara ao time, levando a equipe a brigar pelas primeiras colocações do Brasileirão.

Adepto do rodízio, Aguirre acabou aos poucos com a desconfiança que o cercava no início da sua caminhada no Tricolor. Teve, aliás, papel fundamental na permanência de Diego Souza. Quando o atacante estava quase de saída para o Vasco, o técnico teve uma conversa franca com ele e disse que lhe daria mais chances no time. Deu certo. O camisa 9 é hoje o artilheiro da equipe em 2018.

Dentre os pontos que o técnico uruguaio conseguiu melhorar no São Paulo, os principais são: a forte defesa, a postura em clássicos e a rapidez do trio ofensivo formado por Nenê, Everton e Diego Souza. Aguirre tem 17 jogos no comando do Tricolor, com sete vitórias, seis empates e quatro derrotas. No Morumbi, palco do jogo desta noite, ainda não perdeu.

O duelo está marcado para as 21h30 desta terça-feira no Morumbi. O São Paulo está em quarto com 16 pontos, enquanto o Inter é sexto com 15.

SÃO PAULO X INTER – 10ª RODADA DO BRASILEIRÃO

  • Local: Morumbi, em São Paulo
  • Data e hora: terça-feira (05/06), às 21h30
  • Provável São Paulo: Sidão; Éder Militão, Arboleda, Anderson Martins e Reinaldo; Jucilei, Petros (Liziero), Shaylon (Lucas Fernandes), Lucas Fernandes (Paulinho) e Everton; Diego Souza
  • Quem está fora: Nenê e Bruno Alves (suspensos), Hudson (contratura muscular na coxa direita), Valdívia (cláusula de veto no contrato de empréstimo), Rodrigo Caio (cirurgia no pé esquerdo), Cueva (está com a seleção do Peru na Copa do Mundo), Gonzalo Carneiro e Morato (aprimoramento da parte física) e Brenner (completa treinos da seleção brasileira)
  • Pendurados do São Paulo: Arboleda, Sidão e Régis
  • Provável Inter: Danilo Fernandes; Zeca, Rodrigo Moledo, Víctor Cuesta e Iago; Gabriel Dias, Edenílson, William Pottker, Patrick e Lucca; Leandro Damião
  • Quem está fora: Rodrigo Dourado (suspenso), D’Alessandro (entorse no tornozelo esquerdo), Juan (lesão muscular na coxa direita), Wellington Silva (entorse no tornozelo esquerdo) e Klaus (lesão no pé direito)
  • Pendurados do Inter: Rodrigo Moledo, Patrick, Brenner e Lucca
  • Arbitragem: Paulo Roberto Alves Junior apita a partida, auxiliado por Pedro Martinelli Christino e Luciano Roggenbaum (trio do Paraná)
  • Transmissão: O Premiere transmite para todo o Brasil. O GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real, com vídeos exclusivos