Santos x São Paulo: Rivais no “Gre-Nal do Século”, Cuca e Aguirre fazem 1º duelo como técnicos

312

UOL

Bruno Grossi, José Eduardo Martins e Marcello De Vico
  • Marcello Zambrana/Agif/Montagem UOL Esporte

    Treinadores de Santos e São Paulo serão estrelas de clássico na Vila BelmiroTreinadores de Santos e São Paulo serão estrelas de clássico na Vila Belmiro

Cuca e Diego Aguirre farão, às 16h deste domingo, o primeiro encontro de suas carreiras como técnicos. Mas os comandantes de Santos e São Paulo, respectivamente, se conheceram muito tempo antes do jogo da 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Vila Belmiro. Os dois já estão gravados na história de um dos maiores clássicos do futebol: o “Gre-Nal do Século”.

O confronto entre o Inter, de Aguirre, e o Grêmio, de Cuca, aconteceu em 12 de fevereiro de 1989, mas era válido pela semifinal do Brasileirão do ano anterior. Era o segundo jogo entre as equipes, após empate por 0 a 0 no duelo de ida. Os tricolores saíram em vantagem no primeiro tempo, com gol de Marcos Vinicius, e ainda contavam com a expulsão do defensor colorado Casemiro. Um cenário de caos para os mandantes até o intervalo.

Aguirre, então, entrou em cena. O técnico Abel Braga o lançou na vaga de Leomir, ato que ajudou a incendiar a partida. Com a torcida empolgada pela mudança de postura do time, o Inter fez o que parecia impossível: virou o placar. Foram dois gols do atacante Nilson para garantir vaga na decisão da Série A. Ainda que o título tenha sido perdido para o Bahia, o triunfo contra o maior rival ficou marcado.

Publicidade

“Esse jogo entrou na história do Internacional pela forma como foi. Entrei no intervalo, joguei todo o segundo tempo e conseguimos a virada. Era uma semifinal de Campeonato Brasileiro e é sempre uma boa lembrança para mim. Mas não lembrava que Cuca estava no Grêmio, até você falar agora (risos). Como técnico nunca nos enfrentamos. Será a primeira vez”, contou Aguirre, em entrevista ao UOL Esporte.

Cuca, apesar de derrotado no “Gre-Nal do Século”, também tem o jogo fixado na memória e relembrou o sofrimento em bate-papo no CT Rei Pelé: “O jogo estava tranquilo, na nossa mão. Demos uma relaxada e, de repente, dois gols do Nilson. Não lembrava do Aguirre no jogo, mas sim que perdemos muitas chances e que foi muito dolorido. Fiquei a semana toda pensando. O torcedor do Grêmio ficou p… da vida, foi lá no Olímpico reclamar. A dor daquela perda foi muito grande porque o Grêmio estava no caminho certo para ser campeão. Se tivesse passado pelo Inter, teria sido campeão contra o Bahia”.

Hoje, os dois se mostram ansiosos para o primeiro embate como técnicos. Mas não deixam de falar sobre o passado. Quem foi melhor como jogador? Cuca foge da comparação e diz que Aguirre era “um centroavante raçudo, mais definidor”, mas que ele, como meia “participava mais do jogo”. O uruguaio também ficou no muro, só que foi mais intenso nos elogios ao rival do San-São deste domingo: “Foi um jogador espetacular”.

O encontro dos treinadores poderia ter acontecido há dois anos, quando Aguirre comandava o Atlético-MG e Cuca havia acabado de assumir o Palmeiras. O problema é que o Galo decidiu demitir o ex-atacante, que agora dirige o São Paulo. Não houve tempo para o duelo, que ficou para esta edição do Campeonato Brasileiro, na Vila Belmiro. Quem se sairá melhor?

“Não gosto de comparar trabalhos, ainda mais com o Cuca, que é muito boa gente, amigo. Só que domingo quero ganhar dele, com certeza”, avisou Aguirre. Cuca também ressalta a boa relação com o uruguaio, intensificada em um encontro no ano passado: “Ele já entende muito bem o futebol brasileiro depois de ter comandado Inter, Atlético e, agora o São Paulo. E me lembro de nos falarmos quando ele estava no San Lorenzo, da Argentina. Ficamos no mesmo hotel durante a Libertadores. Eles enfrentariam o Emelec e a gente, no dia seguinte, o Barcelona, lá no Equador. Ele é muito fácil de fazer amizade, é uma pessoa muita boa”.

Na carreira de treinadores, Cuca está em vantagem. Conquistou oito títulos, incluindo uma Libertadores pelo Atlético-MG e um Brasileirão pelo Palmeiras. Aguirre só tem três taças, sendo a mais importante a do Campeonato Uruguaio, em 2003, pelo Peñarol. No Brasil, faturou apenas um Campeonato Gaúcho, pelo Inter, mas agora briga, inclusive contra os colorados, pela liderança da Série A. E, se vencer o Santos de Cuca, pode voltar à ponta já nesta rodada.

Em um clube que não é campeão há seis anos, Aguirre tem conseguido um feito importante ao já brigar pelo título. Um caminho que Cuca já percorreu no São Paulo. Em 2004, montou forte time que foi semifinalista da Libertadores – e a conquistou no ano seguinte, já sob o comando de Autuori. Agora, aposta que o colega uruguaio tem tudo para prosperar no Morumbi.

“Eu ajudei na época o doutor Juvenal Juvêncio e o doutor Marcelo Portugal Gouveia (dirigentes do São Paulo) a montar aquele time. Houve um desmanche natural e uma montagem, levando diversos jogadores: Grafite, Fabão, Josué, Danilo, Mineiro, Cicinho… É diferente de agora, que o São Paulo já tinha dado uma reestruturada e não passou por um processo de desmanche. Então acho que o Aguirre mesmo vai poder colher todos os frutos que ele e a diretoria, com o Ricardo Rocha e o Raí, estão plantando”, analisou o treinador santista, responsável por fazer o Peixe crescer e se afastar da zona de rebaixamento neste ano.

FICHA TÉCNICA:
SANTOS X SÃO PAULO

Data: 16/09/2018 (domingo)
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (Fifa-MG)
Assistentes: Guilherme Dias Camilo (Fifa-MG) e Sidmar dos Santos Meurer (MG)

SANTOS: Vanderlei; Victor Ferraz, Robson Bambu, Gustavo Henrique e Dodô; Alison, Carlos Sánchez e Diego Pituca; Derlis González (Bruno Henrique ou Sasha), Gabigol e Rodrygo. Técnico: Cuca

SÃO PAULO: Sidão; Araruna (Liziero), Arboleda, Anderson Martins e Reinaldo; Jucilei, Hudson, Rojas e Everton; Nenê; Diego Souza. Técnico: Diego Aguirre