UOL
- Marcello Zambrana/AGIF e Daniel Vorley/AGIF
Raí e Alexandre Mattos conquistaram o respeito das torcidas de São Paulo e Palmeiras
Raí e Alexandre Mattos são duas pessoas completamente diferentes. Porém, apesar do estilo e do comportamento opostos, quem acompanha o futebol um pouco mais de perto sabe que os dois conquistaram um feito raro: virar um dirigente benquisto pela torcida. A dupla é alvo de elogios do público e considerada por muitos até responsável pelo momento positivo de São Paulo e Palmeiras no Campeonato Brasileiro.
Essa idolatria em relação aos dois tem explicação. Os dirigentes iniciaram os seus trabalhos quando os dois clubes estavam em crise. Pouco tempo depois, o Tricolor e o Alviverde passaram a viver um período de bonança, sendo que boa parte dessa reconstrução da imagem está ligada à reformulação dos elencos e ao serviço desempenhado pelos dirigentes.
A trajetória dos dois é bastante distinta. Como todos sabem, Raí era jogador e liderou o São Paulo em suas principais conquistas – Brasileiro, Copa Libertadores e Mundial de Clubes. Mesmo dedicado ao terceiro setor após pendurar as chuteiras, ele nunca se distanciou do Morumbi. Dedicado, fez até curso de administração da Uefa e acompanhava o time como uma espécie de embaixador.
No ano passado, os laços com o Tricolor ficaram ainda mais fortes, quando ele aceitou o convite para assumir uma cadeira no Conselho de Administração. Já no fim de 2017, depois de a equipe brigar para não ser rebaixada no nacional, virou executivo de futebol e trabalhou na montagem do elenco. Neste processo, confirmou o voto dado de confiança pelo presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e ganhou mais liberdade para atuar no clube.
Rubens Chiri/Divulgação
Tímido e polido, Raí não gosta de aparecer, de ser o centro das atenções. Entrevistas não fazem parte da sua rotina. Mesmo discreto, é atuante, dá os seus recados, como quando reclamou da arbitragem no nacional, e praticamente todas as decisões do departamento passam pelas suas mãos. Por isso, é considerado o epicentro do departamento de futebol.
Foi fundamental para contratar e manter o artilheiro do time na temporada, Diego Souza. No mercado, gosta de trabalhar em silêncio e é bastante eficiente na hora de convencer os atletas para acertar com o clube, ao apresentar um projeto convincente de trabalho. Quando necessário, faz reuniões particulares com os jogadores e discute com a comissão técnica.
Já Alexandre Mattos era dono de uma academia de ginástica antes de virar dirigente do América-MG. Com destaque no clube, passou para o Cruzeiro em 2012. Mais três anos de sucesso, com dois títulos do Brasileiro (2013 e 2014), renderam o convite para assumir o Palmeiras. Em 2015, desembarcou na capital paulista e não demorou para se transformar em “Alexandre Mittos”.
Agência Palmeiras
Midiático, ele chegou a se transformar em meme e participou até como garoto-propaganda de campanha para atrair sócio-torcedor. Em rodas de discussão, ele é defendido como se fosse um jogador por alguns e criticado por outros. Internamente, é conhecido por falar com todos, ter um estilo mais duro em alguns casos, mas adota o perfil do boleiro em outros.
No mercado, é famoso por seu jeito ousado. Ganhou o carinho da torcida por dar um chapéu em Corinthians e São Paulo na hora de contratar Dudu. Nos anos seguintes, também negociou a permanência do atacante após propostas milionárias apresentadas por clubes do exterior. Em sua rotina, o dirigente gosta de atuar junto aos atletas e à comissão técnica no dia a dia, mas sem a discrição de Raí.