Time em Portugal tem nove jogadores ex-São Paulo e surpreende grandes

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UOL

Marcus Alves
  • @pauloboia26/Instagram

    Portimonense tem nove jogadores formados em Cotia em seu elenco atualPortimonense tem nove jogadores formados em Cotia em seu elenco atual

Revelação do São Paulo, Paulo Bóia se encontra em sua primeira experiência profissional no exterior, emprestado ao Portimonense, em Portugal. Até o momento, o atacante de 20 anos tem tirado o desafio praticamente de letra, exceto por um motivo.

“Outro dia, vi que tinha usado a maioria das minhas roupas e tive de ligar para a minha irmã porque não sabia o que comprar para lavar, amaciante e outros produtos. Ela, então, me disse o que ver no mercado, separar as roupas brancas das pretas para não manchar”, Bóia conta, aos risos, ao UOL Esporte. Ele mora em um hotel e deverá se mudar para um apartamento em breve.

“Em Cotia, não arrumava nem cama. Fazia, no máximo, um pão na chapa”, completa.

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A fábrica de talentos tricolor, conhecida por sua excelente estrutura, é assunto recorrente em Portimão, cidade que fica na região paradisíaca do Algarve. Ao todo, o time local possui nove jogadores formados em Cotia em seu elenco. Além de Bóia, o goleiro Léo Navacchio, os zagueiros Lucas Possignolo e Vitor Tormena e os meias Marcel, Dener, Iago Oliveira, Gustavo Hebling e Lucas Fernandes completam a legião no clube.

Quatro deles foram titulares e outros dois entraram durante o jogo na vitória recente de 4 a 2 sobre o Sporting, dentro de casa, pela liga portuguesa. O resultado surpreendente contra um dos três grandes repercutiu em todo o país e pôs o trabalho em evidência.

Os ex-são-paulinos já foram manchete de reportagem recente, com direito a foto de todos lado a lado, no jornal Record.

Ligado ao empresário Teodoro Fonseca, que cuidou da carreira de Hulk e outros nomes, o Portimonense se encontra em sua segunda temporada na elite e possui fortes raízes brasileiras. Entre outros, ele tem como vice-presidente o ex-atacante Robson Ponte, que atuou por Guarani, Bayer Leverkusen e Wolsburg.

“Eles dão total atenção para a gente, sempre buscando o melhor. Faz toda a diferença na adaptação”, explica Lucas Fernandes.

Camisetas do São Paulo em Portimão

Nas últimas semanas, Paulo Bóia e Lucas Fernandes foram flagrados inclusive andando pelas ruas de Portimão com o uniforme tricolor. Os dois estão emprestados com opção de compra e acabaram sendo os últimos a desembarcar para a temporada. O meia vê com naturalidade essa identificação.

“Eu trouxe comigo muita coisa que o São Paulo ensinou e vou levar para onde for a experiência e aprendizado que tive no clube. Sempre que dá, assistimos aos jogos. A rotina não é muito diferente por aqui – treinamos de manhã, às vezes em dois períodos. Mas, quando não acontece, ficamos com o dia livre”, afirma Lucas, que foi um dos melhores em campo contra o Sporting, com um percentual superior a 90% no acerto de passes.

O Portimonense não esconde que o seu objetivo é fazer dinheiro com a venda de atletas. Em uma vitrine europeia, o bonde são-paulino tem espaço de sobra para se mostrar a cada semana.

Desde 2013 atuando pelos portugueses, Possignolo faz hoje o papel de anfitrião do grupo. Um dos destaques na última temporada, o zagueiro de 24 anos esteve nos planos do Bétis e foi quem mais esteve próximo de deixar a equipe. O desejo de alçar voos mais altos é comum a todos.

Bóia, que já chegou a ser procurado pelo Red Bull Salzburg, da Áustria, e pelo Watford, da Inglaterra, abriu mão de outras propostas para reencontrar os ex-companheiros.

“Estava sem muita chance no São Paulo. O treinador e a diretoria às vezes vinham falar comigo, perguntar se queria ser emprestado, rodar um pouco, ter mais oportunidade. Eu tinha tudo certo para ir para o Fortaleza. O Rogério (Ceni) tinha falado comigo. Mas o meu empresário (Luciano Couto) está morando agora em Madri e, na mesma semana, surgiu essa possibilidade daqui”, explica o garoto.

“Ele me perguntou, então, o que eu queria e eu disse que preferia vir para Portugal, pegar essa rodagem no futebol europeu, amadurecer, aprender a marcar. Só tenho a ganhar para, quem sabe, voltar melhor”, prossegue.

“Dou um exemplo dessa mudança: no São Paulo, era jogo meio de semana e fim de semana. Sempre foi muito raro termos treino de intensidade. Aqui, só jogamos de domingo a domingo. O resultado é que treinamos muito mais e, como o ritmo é pegado, dava um pique no início e cansava. É totalmente diferente, mas, depois de adaptado, não tem problema”, conclui.

Em caso de sucesso, essa é uma rota pode se tornar ainda mais comum para outras promessas tricolores. No ano passado, o meia-atacante Lucas Moura chegou a visitar o clube para rever os colegas. Enquanto não é possível fisgar nomes como o destaque do Tottenham, o Portimonense vai incomodando com a sua ‘filial’ são-paulina.