GloboEsporte.com
Emilio Botta*
Revelado pelo Cruzeiro, com boa passagem pelo Botafogo e ofuscado no São Paulo, meia foi encontrado morto no Paraná no último sábado.
Morto aos 24 anos em um crime ainda sob investigação policial, o meia Daniel era considerado um promissor talento no futebol, apelidado de “Messi” pelos companheiros de Botafogo e São Paulo, mas que, por um problema crônico no joelho direito, não conseguiu se firmar nas passagens por grandes clubes.
Após passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Coritiba e Ponte Preta, Daniel buscava no São Bento a retomada da carreira, interrompida no último sábado, quando foi encontrado morto num matagal em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Segundo o Instituto Médico Legal da capital paranaense, a causa da morte foi “ferimento por arma branca”. Ele deixa uma filha de pouco menos de dois anos.
Listamos abaixo a trajetória de Daniel por esses seis clubes:
Cruzeiro
Daniel começou a carreira nas categorias de base do Cruzeiro, em 2009. Durante os quatro anos em que ficou no clube, era considerado uma das boas promessas da base – foi o camisa 10 da equipe na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2013. Logo após a competição, no entanto, deixou o Cruzeiro por não chegar a um acordo de renovação de contrato.
Daniel defendeu o Cruzeiro até 2013 — Foto: Reprodução/Facebook
Botafogo
Depois de deixar o Cruzeiro, Daniel foi contratado pelo Botafogo em 2013 para atuar na equipe sub-20. Foi campeão e destaque do time na “OPG” (Torneio Octávio Pinto Guimarães, segunda principal competição de juniores do estado do Rio de Janeiro). Naquele ano, fez apenas um jogo no profissional – entrou no clássico com o Vasco e quase fez um golaço. No Botafogo, teve ainda a oportunidade de conviver com um de seus ídolos: Seedorf.
– Daniel chegou para o time sub-20, mas com uma qualidade técnica ímpar e jogando muito. Ele era extremamente diferente, jogador que nunca deu problema. Entrava mudo e saía calado, um atleta mesmo. Ele se destacou no profissional, mas ele teve lesões e precisava de um tempo para recuperar. Lamento muito a partida dele precoce – diz Anthony Santoro, técnico de Daniel na base do Botafogo, em 2013.
Em 2014, Daniel cresceu no segundo semestre, durante o Brasileiro. Fez três gols na goleada do Botafogo por 6 a 0 sobre o Criciúma, um no clássico com o Fluminense e um golaço que deu a vitória ao Alvinegro sobre o Santos.
Daniel jogou no Botafogo em 2013 e deixou o clube no fim do ano seguinte para defender o São Paulo — Foto: Luciano Belford / SSPress
Daniel tinha um jeito calmo, falava baixo e sempre sorria para dar suas respostas nas entrevistas. Sua vida fora de campo nunca deu dor de cabeça para os dirigentes. Após um total de 29 partidas, o meia deixou o Botafogo no fim de dezembro de 2014, na justiça, por causa do atraso de salários – sua multa rescisória era de cerca de 20 milhões de euros. Durante sua passagem pelo clube, trabalhou com Oswaldo de Oliveira, Eduardo Húngaro e Vagner Mancini.
Em setembro de 2014, Daniel sofreu uma lesão do ligamento colateral anterior do joelho direito, atuando pelo Botafogo contra o Ceará em duelo válido pela Copa do Brasil. Mesmo lesionado, acertou a transferência para o São Paulo após conseguir a liberação do time carioca na Justiça.
São Paulo
Daniel foi contratado pelo São Paulo em 2015, mas nunca conseguiu se firmar, principalmente por conta das lesões – ele já chegou ao clube machucado, em recuperação de uma cirurgia no joelho.
Daniel tinha contrato até 31 de dezembro deste ano. Jogou apenas 16 partidas entre 2015 e 2016 e não fez nenhum gol. Acabou sendo emprestado a Coritiba, Ponte Preta e São Bento entre 2017 e este ano.
Quem conviveu com o meia no São Paulo o define como uma pessoa muito tranquila, introspectiva e sem problemas com ninguém. Era uma pessoa querida e que se dedicava muito para se recuperar fisicamente, mas não conseguia.
Daniel foi contrato pelo São Paulo no fim de 2014 e só entrou em campo praticamente um ano depois. Foram 16 jogos e nenhum gol pelo Tricolor — Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
Coritiba
No primeiro dos três empréstimos feitos pelo São Paulo, Daniel foi repassado ao Coritiba em 2017. O problema crônico no joelho fez do departamento médico o local mais frenquentado pelo meia em Curitiba. Foram apenas seis jogos e nenhum gol pelo time paranaense.
Daniel fez apenas seis jogos com o Coritiba e nenhum gol — Foto: divulgação: Coritiba
Ponte Preta
De volta ao São Paulo, Daniel foi novamente emprestado, desta vez para a Ponte Preta, em janeiro deste ano. Em pouco mais de quatro meses em Campinas, o meia fez apenas 10 jogos e sofreu com problemas físicos, sendo devolvido após o término do Campeonato Paulista.
Daniel não conseguiu se firmar na Ponte Preta e foi devolvido ao São Paulo — Foto: Fabio Leoni/Ponte Preta
São Bento
Com contrato até o fim do ano com o São Paulo, Daniel chegou ao São Bento em junho com a expectativa de poder se firmar e provar em um time de Série B que ainda teria capacidade para seguir em um grande clube.
Quatro meses depois, o meia atuou apenas 39 minutos e teve no problema crônico no joelho o grande adversário na busca pela retomada da carreira. Dentro do elenco, o meia era visto como jogador de grande potencial, mas nitidamente abatido por não conseguir ter uma sequência de jogos sem lesão.
Daniel (à dir) voltou a sentir problemas físicos e foi pouco aproveitado no São Bento — Foto: Marcelo Germano/Juventus
Introvertido, Daniel tinha o perfil mais tímido e de pouca comunicação. No entanto, tinha bom relacionamento com os jogadores.
– Um cara muito tranquilo, falava pouco, a gente quase não ouvia a voz dele, era um cara muito na dele. Era um jogador de muita qualidade, que apesar de novo passou por muitos problemas de lesão na carreira e estava tentando encontrar sua carreira – disse o lateral e capitão do São Bento, Marcelo Cordeiro.
*Colaboraram Marcelo Hazan, Fred Gomes, Fred Huber e Fernando Araújo.