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Alexandre Alliatti
Contra concorrente direto, Tricolor paulista joga mal, sai atrás e é salvo por gol contra. Grêmio mostra mais capacidade de ficar com a quarta vaga automática na Libertadores.
Mudou o técnico, manteve-se o futebol. No primeiro jogo depois da saída de Diego Aguirre, substituído por André Jardine no comando do São Paulo, o time tricolor teve mais repetição do que novidade em seu rendimento. Pouco criativo, empatou por 1 a 1 com o Grêmio, frustrou a torcida no Morumbi, seguiu na quinta colocação e viu a vaga direta na Libertadores ficar um pouco mais ameaçada.
Afinal, era a melhor chance possível para pular de volta ao G-4 – em casa, e contra o quarto colocado, justamente o dono da última vaga automática para a fase de grupos da competição continental. Mas a prática não acompanhou a teoria. A esperança pré-jogo virou preocupação pós-empate: agora, terminar entre os quatro primeiros não depende mais do São Paulo.
Mais do que na tabela, o problema reside no campo, onde não houve o reflexo sempre desejado quando se troca um treinador. O São Paulo não evoluiu – e seria oportunismo jogar alguma culpa disso sobre André Jardine: dele, se podia esperar mais em remobilização de elenco do que em remontagem de time.
A principal medida prática do novo treinador foi o retorno de Nenê ao time – ação acompanhada pela volta de Everton, antes lesionado, e pelas apostas em Helinho e Trellez (no caso do último, em função do desfalque de Diego Souza). Com Everton de um lado e Helinho do outro, seria possível apostar em um São Paulo mais veloz na saída ao ataque. Não foi o que aconteceu.
Helinho como titular foi uma das novidades de André Jardine contra o Grêmio — Foto: Marcos Ribolli
Everton, e é natural que seja assim, se mostrou distante daquele ritmo do primeiro turno, quando foi o melhor jogador do melhor time do campeonato. Helinho teve bons momentos, inclusive uma chance de gol com menos de um minuto, foi para cima, arriscou, fintou, mas caiu de rendimento no decorrer do jogo. E Nenê pouco fez. Movimentou-se, tentou articular, mas não conseguiu ser aquilo que se espera dele: um diferencial.
Acabou que o São Paulo foi melhor no começo do jogo, depois viu a partida se tornar mais equilibrada, e aí voltou inferior ao Grêmio no segundo tempo. E levou o gol – de Everton Cebolinha, que ganhou pelo alto de Bruno Peres após cruzamento de Madson (em tabela com Ramiro que deixou Reinaldo perdido na marcação).
A reação foi tímida, e a torcida começou a reclamar: primeiro com Jardine, por tirar Helinho, depois com Nenê, ao ser substituído por Shaylon. Mas aí a sorte ajudou: Everton cruzou da esquerda, e o volante Michel, improvisado como zagueiro, se atrapalhou com Paulo Victor e mandou contra. Não fosse isso, é difícil imaginar que o São Paulo conseguiria empatar.
André Jardine não consegue levar o time à vitória no primeiro jogo como substituto e Diego Aguirre — Foto: Marcos Ribolli
E isso é bem simbólico. Na prática, o São Paulo terá uma corrida contra o próprio Grêmio pela quarta vaga na Libertadores. Os dois têm 59 pontos, faltando quatro rodadas para o campeonato acabar, e a tabela é parelha: ambos têm três jogos contra times do bloco inferior da tabela e um contra uma equipe forte – o São Paulo recebe o Cruzeiro, o Grêmio visita o Flamengo. O do Grêmio parece mais difícil.
Sequência do São Paulo: Cruzeiro (em casa), Vasco (fora), Sport (em casa) e Chapecoense (fora).
Sequência do Grêmio: Chapecoense (em casa), Flamengo (fora), Vitória (fora) e Corinthians (em casa).
A grande questão é que os gaúchos também mostram ter mais ferramentas, mais capacidade, mais encaixe. Por tudo isso, a duas semanas do fim do Brasileirão, é mais natural imaginar o São Paulo na pré-Libertadores do que na fase de grupos do torneio.