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Há exatos dez anos, Muricy Ramalho comemorava o seu título mais especial como técnico do São Paulo. No dia 7 de dezembro de 2008, na cidade satélite do Gama (DF), o Tricolor paulista venceu o Goiás por 1 a 0 e garantiu o tricampeonato brasileiro consecutivo na última rodada da competição.
“Era um campeonato improvável. Estávamos numa situação complicada, muito distante do primeiro colocado e também vindo de uma eliminação na Libertadores. A diretoria meio que desistiu do time”, lembrou Muricy, em entrevista à Gazeta Esportiva.
Diferentemente das duas edições anteriores, o título de 2008 veio a duras penas. Com investimentos mais modestos, o São Paulo acumulou fracassos no primeiro semestre daquele ano, como as amargas eliminações para Palmeiras e Fluminense no Paulistão e Libertadores, respectivamente.
A situação chegou ao ponto de o time ficar desacreditado pela própria diretoria do clube, então presidido por Juvenal Juvêncio. Além disso, derrotados na primeira rodada do segundo turno, os comandados de Muricy viram o Grêmio abrir 11 pontos de vantagem na liderança.
“Não teve mais investimento, tinha que jogar com quem eu tinha lá. Aí vem o convencimento que fiz com os jogadores, para que eles acreditassem que era possível. Foi muito mais difícil do que todos os outros (títulos brasileiros)”, decretou.
Apesar do cenário adverso, o Tricolor contava com jogadores como Miranda, Hernanes, Hugo, Jorge Wagner, Dagoberto e Borges, que foi artilheiro do time na competição, além do ídolo Rogério Ceni. Com eles, o time conseguiu uma arrancada de seis vitórias consecutivas no returno e atingiu a ponta da tabela na 33ª rodada.
A dificuldade do título, consumado só no 38º e último jogo, tornou a conquista mais saborosa, na visão de Muricy. “Foi um tricampeonato de um técnico em um único time, e isso é inédito. Todos queriam aquele título, foi o momento mais especial e mais difícil para a gente”, afirmou.
Abaixo, veja outros trechos da entrevista com Muricy:
Virtudes do time
O time era guerreiro e sabia das limitações que tinha. Marcava muito forte em todos os setores do campo, todos queriam colaborar, e o nosso ataque brigava muito na frente. Esse time era diferente, os outros eram mais técnicos. Esse era mais brigador, muito determinado no que queria. Tecnicamente não era o melhor dos três, mas tinha muita vontade de vencer.
Referências
Na época perdemos a dupla de volantes que eram o Josué e o Mineiro. Então, achei Jean e Hernanes, e eles fizeram muita diferença no meio-campo. Eram fundamentais para o nosso esquema. Na frente tinha Dagoberto, Hugo, Borges, muito goleador. Era um time guerreiro e equilibrado, com uma defesa muito forte.
Jogo que mais marcou
A diferença foi o jogo contra o Botafogo, no Rio de Janeiro. Nós ganhamos de 2 a 1. Ali foi a nossa arrancada. Ficamos muito fortes, ganhamos com o estádio cheio e aquela vitória fortaleceu muito o nosso time.
Decepção em 2018
O São Paulo só tinha um time, não tinha um elenco. O campeonato de pontos corridos é longo, com outros campeonatos no meio dele. O São Paulo não tinha um plantel para fazer tudo isso. Superou demais com o Aguirre ao chegar em primeiro lugar, mas porque o time estava ajeitadinho. Aí houve algumas contusões e começou a perder, porque a reposição não era a mesma. É isso o que faltou ao São Paulo e que precisa cuidar para o ano que vem. Ou seja, fazer um plantel um pouco mais forte. Um time só não dá.