Em busca do brilho perdido

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São Paulo viu década em crise após tri brasileiro em 2008. Agora, tenta se reerguer para igualar rivais

O futebol é cíclico, todo mundo sabe. E não há nenhuma fórmula precisa para voltar ou se manter no topo. Há quem tente contratar um grande ídolo para causar impacto. Quem aposte em um jovem talento criado em casa, pronto para explodir. Ou então quem recorra a um investidor que ajude a viabilizar reforços milionários.

O São Paulo tentou todas essas alternativas nos últimos dez anos. Sem exceção. E sempre falhou. Ao mesmo tempo, seus maiores rivais nadaram de braçada. O Tricolor dá sorriso amarelo com seu título da Copa Sul-Americana de 2012, enquanto o Corinthians conquistou o mundo, o Santos foi dominante com Neymar e o Palmeiras constrói seu rico império com patrocínio e uma casa nova e cheia.

Uma década se foi desde a última grande conquista são-paulina. O tricampeonato consecutivo do Brasileirão veio em dezembro de 2008 e significou o fim de um ciclo no Morumbi. Aqui, vamos lembrar as razões para tamanha derrocada e mostrar que, sim, existe uma luz no fim do túnel, resgatando princípios e planos perdidos. Afinal, o futebol é cíclico, todo mundo sabe. E o São Paulo quer voltar ao topo.

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Arte/UOL
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Getty Images

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Uma reunião à noite no Morumbi, em junho de 2009, selou uma mudança nos rumos do São Paulo. Muito mais do que uma troca no comando técnico, a demissão de Muricy Ramalho representou o fim em uma era. O treinador que deu vida ao bordão “aqui é trabalho, meu filho”, na conquista de três campeonatos nacionais, foi o primeiro nome de uma lista de 15 profissionais (sem contar os interinos) que dirigiram o Tricolor desde 2009, nos dez anos seguintes. Além disso, ele abriu o caminho de figuras importantes para o clube que perderam o emprego.

E a demissão de um técnico idolatrado pela torcida como Muricy não poderia acontecer sem dividir opiniões. Na época, a pressão era grande para que o então presidente, Juvenal Juvêncio, trocasse o comando. O vice-presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, não era um dos maiores fãs de Muricy, e é apontado por muitos como o responsável pela queda.

Com a eliminação na Copa Libertadores de 2009, em mata-mata com o Cruzeiro, a situação de Muricy ficou insustentável. Na sequência, o presidente e o vice discutiram a situação com o diretor de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, e acharam que a troca poderia fazer com que a equipe mudasse de postura – seria a hora de o São Paulo respirar novos ares.

Mesmo sem o respaldo de toda a diretoria, Muricy escreveu o seu nome na história do clube como um dos maiores vencedores do Tricolor. Somadas as três passagens dele pelo Morumbi, foram 473 partidas, com 255 vitórias, 123 empates e 95 derrotas – aproveitamento de 62,57% e a conquista de três Brasileiros.

Luiz Pires/VIPCOMM

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Em outubro de 2007, o Brasil foi confirmado como a sede da Copa do Mundo de 2014. Como o Morumbi fez fama de ser o “maior estádio particular do planeta”, nada mais natural do que o São Paulo sonhar com uma festa de abertura em sua casa. Projetos começaram a brotar. O renomado arquiteto Ruy Ohtake apresentou a sua peça, que tinha, entre outras melhorias, cobertura para a arquibancada, campo mais próximo dos torcedores e novos vestiários.

Porém, a maior parte promessas só saiu do papel após 2014, e sem qualquer relação com o Mundial. Juvenal Juvêncio fraquejou em sua batalha para estreitar laços com o então todo-poderoso Ricardo Teixeira, que virou parceiro de Andrés Sanchez, do Corinthians. O presidente Lula também era amigo do mandatário alvinegro. Sem o apoio da dupla, o Tricolor viu o seu sonho ruir e o arquirrival anunciar, de maneira oficial no dia 1º de setembro, a construção de sua Arena, em Itaquera.

Na esteira da perda de força nos bastidores, no mês de dezembro de 2010, a CBF unificou os títulos nacionais – igualando a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao Campeonato Brasileiro. Deste modo, o Tricolor paulista deixou de ser o maior campeão do país.

“O Ricardo Teixeira nunca teve uma boa relação com o São Paulo e, particularmente com o Juvenal. Teve ainda o caso da eleição do Clube dos 13, em que o São Paulo apoiou [Fábio Koff] o adversário do Teixeira, que apoiava o Kléber Leite. O Teixeira tinha ligação com a Fifa, e sempre aparecia uma exigência diferente da outra para o Morumbi”, disse Júlio Casares, que foi vice-presidente do clube e hoje integra o Conselho de Administração tricolor.

Leandro Moraes/UOL

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O São Paulo começou 2011 com os olhos muito mais voltados para a política do que para o futebol. O principal assunto nos corredores do Morumbi era a disputa na eleição presidencial. Para seguir no comando do clube, Juvenal Juvêncio fez articulações com conselheiros e conseguiu alterar o estatuto, com o auxílio do advogado Carlos Miguel Aidar. Desta maneira, pôde dirigir o Tricolor pela terceira vez consecutiva.

O único candidato da oposição era Edson Lapolla. Até o dia escolhido para o pleito gerou polêmica. Juvenal marcou para 20 de abril, quando o Tricolor jogaria contra o Goiás pela Copa do Brasil. Assim, na opinião de alguns, alguns conselheiros indecisos poderiam preferir ver o time atuar e deixar de ir ao Morumbi para votar. Forte no clube, Juvenal ganhou com tranquilidade.

No total, 163 conselheiros votaram pela reeleição do atual mandatário, sete em Lapolla e sete votos foram desconsiderados. Vale destacar que apenas 177 integrantes do Conselho Deliberativo participaram do pleito, sendo que há 240 pessoas como integrantes do órgão.

“Era contra o terceiro mandato, o golpe no estatuto, a falta de profissionalismo, e Cotia eu chamava de Ilha de Caras administrada pelo PT. Algumas pessoas depois vieram a falar que eu estava certo. Mas colocar depois desta eleição o Carlos Miguel como o presidente foi pior do que matar a mãe”, disse Edson Lapolla, que hoje apoia Leco.

Leonardo Soares/UOL

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Na tentativa de resgatar os bons tempos, o São Paulo contratou Emerson Leão para ser o treinador em outubro de 2011. A ideia era contar com um técnico linha-dura. Porém, o ex-goleiro entrou em rota de colisão com dirigentes, chegou a brigar por causa de um pedido de afastamento do zagueiro Paulo Miranda. Sem repetir a boa performance de 2005, quando venceu o Paulistão, Leão foi demitido e surgiu o prenúncio de mais um ano ruim. A situação mudou, porém, depois da chegada de Ney Franco, em julho.

Apesar das críticas por não ter encontrado um padrão tático, o time teve um segundo semestre positivo, coroado com o título da Copa Sul-Americana. Mesmo com a decisão com o Tigre, na Argentina, não terminando no campo por causa de confusão generalizada com os estrangeiros, o clube tinha um motivo para comemorar. Com jogadores técnicos e já experientes, como Luís Fabiano e Jadson, e jovens talentos, como Lucas Moura e Casemiro, o Tricolor fechou ainda o Brasileirão na quarta colocação. De quebra, o São Paulo ainda reforçou o seu cofre com a milionária venda de Lucas para o Paris Saint-Germain por 43 milhões de euros (na época, R$ 108,3 milhões).

“Peguei um time ruim no Brasileiro, tive a capacidade de definir uma forma de jogar para os atletas, mostrei minha metodologia e criamos um ambiente legal. Acabamos o Brasileiro em quarto. A equipe se recuperou, e coroamos disputando o mata-mata da Sul-Americana. Jogamos bem a Sul-Americana, tivemos o Lucas, que foi o grande destaque. Como treinador, fui uma parte que contribuiu para isso”, disse Ney Franco.

Leonardo Soares/UOL

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O São Paulo se tornou um especialista em queimar seus ativos. A lista de jogadores que integraram o elenco tricolor nos últimos dez anos e saíram como vítimas de pressão da torcida é grande. Se nem Casemiro, que hoje é astro no Real Madrid, conseguiu se firmar no time tricolor, o que esperar de jogadores como Maicon, meia campeão da Libertadores com o Grêmio de 2017?

Nos últimos anos, a diretoria contratou muito. Jogadores na linha de Fabrício, Paulo Miranda, João Filipe e Gilberto eram as novidades nas janelas de contratação. Porém, sem sequência, rapidamente eram descartados. Em 2013, por exemplo, criou uma lista de dispensa com: Cañete, João Filipe, Wallyson, Fabrício, Cortez, Luiz Eduardo e Henrique Miranda. Com os treinadores a história também não era muito diferente e as trocas passaram a ser cada vez mais rápidas.

“Nos clubes grandes, vivemos em função de resultados. Quando ganhamos, tudo é facilitado. Depois, fica complicado. Eu tinha o respaldo do Juvenal e do Adalberto Baptista [diretor de futebol] no momento de de vitória. Eles me deram muita força na eliminação da Libertadores de 2013. Na sequência, não tive esse respaldo”, afirmou Ney Franco.

Não por acaso, muitos desses menosprezados pelos são-paulinos mostram uma certa mágoa com tal situação. “Fica complicado quando vira uma questão pessoal e você se torna sempre responsável pelo que acontece”, afirmou Maicon.

Luis Moura / WPP

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Não foi só dentro de campo que o São Paulo foi superado pelos arquirrivais. O ano de 2014 ficou marcado para corintianos e palmeirenses pela inauguração de suas novas casas. Com a Arena alvinegra e o Allianz Parque, o Morumbi deixou de ser o principal estádio da cidade.

Com força política, o Corinthians conseguiu colocar o seu estádio como palco da abertura da Copa do Mundo. Já o Palmeiras passou a ser o escolhido para receber a maior parte dos shows musicais.

Esse cenário também representou um golpe nos cofres tricolores. O clube perdeu o quanto arrecadava com o aluguel do Morumbi para os seus adversários. A situação fez com que o próprio presidente do São Paulo na época fizesse pouco do estádio. Para o então mandatário Carlos Miguel Aidar, a casa tricolor precisava ser totalmente reformada para não se transformar no Canindé.

 “Estádio hoje em dia não precisa ter capacidade para 100 mil pessoas, basta ver na Europa ou nos EUA com os novos campos de beisebol. Os estádios do Corinthians e do Palmeiras são melhores que o nosso em acesso, segurança, dependências e qualidade, em tudo”, afirmou Aidar ao blog do Menon.

Karime Xavier / Folhapress

Karime Xavier / Folhapress

Juvenal Juvêncio caminhava para ser um dos grandes presidentes da história do São Paulo de forma quase incontestável. Seus atos finais como mandatário, no entanto, macularam sua imagem. A extensão do tempo no poder, a criação do terceiro mandato e, por fim, a escolha de Carlos Miguel Aidar para sucedê-lo são alguns dos motivos desse desgaste.

Aidar foi a representação mais clara de um clube que, como diz o dito popular, comia ovo frito e arrotava caviar. Tomou posse em abril de 2014, fez ruir qualquer possibilidade de governança pacífica ao ridicularizar a oposição e, em seguida, tirar de sua base aliada qualquer pessoa que fosse leal a Juvenal Juvêncio.

O que se viu até outubro de 2015, quando foi consumada a renúncia da presidência, foi o nome de Aidar sempre envolvido em polêmicas. Declarações pejorativas contra rivais, suspeitas de relações antiéticas e denúncias de corrupção marcaram um mandato curto e interrompido após uma briga corporal com o então vice-presidente de futebol tricolor, Ataíde Gil Guerreiro.

  • Bananas para o Palmeiras Aidar apareceu para uma entrevista coletiva no Morumbi com cachos de bananas, ainda verdes. Passou por cima de qualquer orientação dos assessores e usou as frutas para provocar o Palmeiras. O rival, segundo ele, estava “se apequenando” e por isso perderia Alan Kardec para o São Paulo.
  • Filha como assessora Mariana Aidar, uma das filhas de Carlos Miguel, foi nomeada assessora da presidência. Entregar um cargo do clube a uma parente já havia gerado reclamações da oposição. Mas o problema maior era que Mariana, em passado recente, tinha atuado como empresária de atletas.
  • “Não somos mafiosos” Em 2014, Aidar montava um elenco de estrelas e via Paulo Henrique Ganso em ascensão. O Napoli, da Itália, queria contratar o meia, mas desistiu após o presidente são-paulino dizer que o negócio não sairia “nem com todo dinheiro da máfia italiana”. O Napoli emitiu nota para rebater.
  • Caça a Juvenal Juvenal lançou Aidar como presidente e foi chamado para cuidar de Cotia na gestão do sucessor. Passados cinco meses, porém, foi dispensado e viu o antigo amigo declarar guerra a todos aliados do ex-presidente. Dirigentes pediram demissão em solidariedade e outros foram demitidos.
  • A namorada Cinira Maturana tinha uma procuração para buscar negócios para o São Paulo. Mas era namorada de Aidar. O documento foi rasgado em público, como forma de negar qualquer benesse à companheira. Em 2015, ela representou o clube na controversa tentativa de vender Rodrigo Caio ao Valencia, episódio denunciado pelo próprio zagueiro um ano depois.
  • Ameaça da Puma O contrato de fornecimento de material esportivo com a Penalty terminaria em 2015. E a Puma tinha acordo com o São Paulo desde 2013, mas foi surpreendida com um pedido de distrato feito por Aidar. A marca alemã ainda denunciou a presença de Cinira Maturana nas negociações e ameaçou processar o clube por descumprir o que havia sido acordado na carta de intenções.
Mauro Horita/AGIF

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  • O caso Jack O recuo com a Puma tinha relação com uma proposta maior da Under Armour. A marca americana procurou o Tricolor ainda na gestão Juvenal, e fez a oferta. Depois, mesmo a negociação sendo direta, um intermediário apareceu para ganhar 15% do contrato: um cidadão de Hong Kong, que nunca apareceu, chamado “Jack”, representando a empresa Far East Global.
  • Site de busca milionário Os negócios no marketing, à época, tinham a participação de outro dirigente: Douglas Schwartzmann. Eles anunciaram juntos um site de buscas e compras vinculado ao São Paulo que prometia render dezenas de milhões de reais para o clube. O sistema nunca foi colocado em prática e perguntas sobre o tema eram repelidas imediatamente pelos cartolas que antes o exaltavam.
  • Mensagens para Osorio Aidar sempre se considerou um vanguardista. Os mandatos nos anos 1980 reforçavam a visão, bem como a contratação do moderno técnico Juan Carlos Osorio, em 2015. Só que o presidente não gostou de ser confrontado após seguidas vendas de atletas e chegou a mandar uma mensagem pedindo que Osorio, conhecido pelo rodízio de jogadores, parasse de “inventar” nas escalações.
  • “Maidanagate” O último escândalo foi a contratação de Iago Maidana. O São Paulo monitorava o jogador do Criciúma havia meses e a contratação era estimada em R$ 800 mil. Só que o zagueiro foi comprado por R$ 2 milhões semanas depois de uma suspeita transferência para o Monte Cristo, da terceira divisão goiana. A operação chegou a ser investigada pela CBF e podia até rebaixar o Tricolor para a Série B do Brasileirão.
Carlos Villalba R / EFE

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O São Paulo perdeu a estabilidade que construiu no início do século. Seja para jogadores, para treinadores ou até para dirigentes. Uma característica que ajuda a explicar a falta de títulos e o acúmulo de insucessos nos últimos dez anos. Continuidade se tornou artigo raro no Morumbi.

Desde que Muricy Ramalho foi demitido pela primeira vez em 2009, o clube teve a seguinte lista de técnicos: Ricardo Gomes, Sergio Baresi, Paulo César Carpergiani, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori, novamente Muricy, Juan Carlos Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, mais uma vez Ricardo Gomes, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre e, enfim, André Jardine.

Os dirigentes que cuidam do futebol – gerentes, diretores ou vice-presidentes – também foram triturados pela instabilidade ou pela efervescência política: Marco Aurélio Cunha (duas vezes), João Paulo de Jesus Lopes, Adalberto Baptista, Gustavo Oliveira (duas passagens), Ataíde Gil Guerreiro, José Eduardo Chimello, Luiz Cunha, José Jacobsen Neto, José Alexandre Médicis, Vinicius Pinotti e, os atuais, Raí e Alexandre Pássaro.

MIGUEL SCHINCARIOL/ESTADÃO CONTEÚDO

MIGUEL SCHINCARIOL/ESTADÃO CONTEÚDO

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A virada de 2016 para 2017 renovou as esperanças dos são-paulinos. Afinal, prometia-se um clube mais moderno e profissional com a aprovação do novo estatuto. E Rogério Ceni voltava, um ano depois de se aposentar, para ser o condutor desse projeto à beira de campo. Um técnico de ideias promissoras e uma casca – aparentemente – grossa para aguentar a pressão.

O Mito oscilou, como é esperado no trabalho de um novato que teve a montagem do elenco limitada pela falta de dinheiro. Enfileirou goleadas e atuações empolgantes, mas derrapou em um sistema defensivo frágil até se ver em perigo com três eliminações consecutivas: Paulistão, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana, em um mês.

Logo em seguida, titulares foram vendidos, como Thiago Mendes e Luiz Araújo. As prometidas reposições começaram a ser buscadas, só que não chegaram a tempo. Ceni caiu. Foi demitido pelo presidente que o abraçou como símbolo da renovação do clube, mas cedeu às pressões de quem se acomoda com o convencional e se preocupava com os riscos de rebaixamento.

  • Números de Ceni como técnico Foram 37 jogos sob o comando de Ceni, com 14 vitórias, 13 empates e dez derrotas. O aproveitamento foi de 49,5%. Para demiti-lo antes do fim do contrato de dois anos, o São Paulo precisou pagar multa de R$ 5 milhões. Além dele, saíram o supervisor francês Charles Hembert, o preparador de goleiros Haroldo Lamounier e o preparador físico Zé Mário Campeiz. O auxiliar inglês Michael Beale pediu demissão dias antes. Imagem: Julia Chequer/Folhapress
Ale Cabral/AGIF

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Comparando com o fim das temporadas de 2016 e 2017, é evidente que o São Paulo conseguiu crescer em 2018. A equipe terminou em quinto lugar no Campeonato Brasileiro, sem qualquer sombra das campanhas anteriores, marcadas pelo desespero contra o rebaixamento. Ainda que tenha restado enorme frustração pelo distanciamento da briga pelo título, o ano foi melhor.

Foi possível contratar jogadores de peso, cobiçados por outros grandes clubes, como Everton e Diego Souza. O trabalho de Raí, como diretor-executivo de futebol, acompanhado de Alexandre Pássaro, o gerente da área, foi mais coeso do que os anteriores. Mas até a página dois. Por mais que tenha justificativas razoáveis a seu favor, a diretoria teve três técnicos em uma temporada.

A mais nova promessa é pela continuidade de André Jardine. Para isso, ganhou as rodadas finais do Brasileirão como experiência, promoveu os jovens que gosta e planejou com Raí o tipo de reforço necessário para fazer do São Paulo um time mais competitivo em 2019.

Mas um calendário com volta à Libertadores, incluindo fases preliminares e chance de grupo da morte, exigirá dos dirigentes profissionalismo e paciência que se perderam nos últimos dez anos.

  • Morumbi O estádio passará por pequenas reformas, como a criação de um túnel único de acesso, modernização dos vestiários e troca do sistema de iluminação, com promessa de atender os critérios mais altos do “padrão Fifa”. O Morumbi receberá a abertura da Copa América e ainda mais dois jogos da competição. Imagem: Rubens Chiri/saopaulofc.net
  • Comissão técnica Após anos de comodismo, o São Paulo oxigenou sua comissão técnica. A volta de Carlinhos Neves para ser preparador físico e ajudar na relação com jogadores e dirigentes foi muito comemorada. A ampliação do departamento de análise de desempenho também é um processo elogiado. Imagem: Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

Marcello Zambrana/AGIF

Marcello Zambrana/AGIF

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Nos últimos dez anos, Cotia se converteu no “São Paulo que funciona”. Ainda que para isso tenha sido necessário quebrar barreiras impostas pela politicagem. Muricy Ramalho, por exemplo, costumava reclamar que dirigentes do CFA Laudo Natel chegaram a impedir sua entrada no local para observar garotos. 

A transformação final da base são-paulina, que ali já havia revelado Oscar, Casemiro e Lucas como grandes expoentes, veio em 2014. Nomes como Júnior Chávare, responsável por contratar André Jardine, então para o sub-20, e Rodolfo Canavesi, agora em Portugal, tornaram a estrutura ainda mais profissional.

Não à toa, o legado de suas gestões foi refletido em conquistas importantes, como um tricampeonato de Copa do Brasil Sub-20, uma inédita Copa Libertadores da América da mesma categoria e uma coleção de Estaduais em todas as categorias. Uma realidade avessa à vivida pelo time principal e que impulsionou Jardine até o posto de treinador.

Rubens Chiri/São Paulo

Rubens Chiri/São Paulo Rubens Chiri/São Paulo

Títulos

A Sul-Americana de 2012, conquistada pelo protagonismo de Lucas, está no topo dessa lista. Foi o primeiro título com participação direta de uma revelação de Cotia no profissional. Entre os torneios de base, o Tricolor já soma 68 troféus desde que o CFA foi inaugurado, em 2005.

Alexandre Schneider/Getty Images

Alexandre Schneider/Getty Images Alexandre Schneider/Getty Images

Fortuna

Lucas também puxa a fila das grandes vendas feitas pelo São Paulo nos últimos anos. Só com a ida dele ao Paris Saint-Germain, em 2013, o Tricolor faturou quase R$ 108 milhões. As grandes negociações passam ainda por David Neres (R$ 50 milhões) e Luiz Araújo (R$ 39 milhões).

REUTERS/Paulo Whitaker

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Mão de obra

Uma meta na formação de atletas é tornar o clube mais sustentável. É usar uma cria da casa, mais barata e adaptada, em vez de gastar com uma contratação mediana. Assim, o São Paulo terminou 2018 com 14 revelações oriundas de Cotia – mais de um terço do elenco profissional.