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José Eduardo Martins, Marcello De Vico e Vanderlei Lima
- Rubens Chiri / saopaulofc.net O ‘novo’ Biro-Biro, contratado pelo São Paulo
Na última quarta-feira (2), o São Paulo anunciou a contratação do atacante Biro-Biro, jogador de 24 anos que estava no Shanghai Shenxin, da China, e acumula passagens por Fluminense e Ponte Preta. A procedência do nome/apelido do novo reforço tricolor não é nenhum mistério: uma homenagem ao ‘original’, volante que fez sucesso no Corinthians nas décadas de 70 e 80.
“Eu era do Nova Iguaçu, lá que eu fui revelado, e quando eu cheguei tinha um cabelo meio grande e enrolado. E lá tinham dois Diegos, e um tinha que mudar. Aí o treinador me botou esse apelido de Biro-Biro e pegou até hoje”, conta o mais novo Biro-Biro do futebol brasileiro
Mas e os outros ‘Biro-Biro’, você sabe por onde andam? A nossa reportagem conversou com o primeiro deles – que revelou a origem do apelido – e também com o lateral esquerdo que foi campeão paulista e vice brasileiro pelo Bragantino, em 1990 e 1991, respectivamente. Confira:
Biro-Biro vem de Biri-Biri
Sérgio Tomisaki/Folhapress
Tetracampeão paulista pelo Corinthians (1979, 1982, 1983 e 1988), Biro-Biro, hoje com 59 anos e morador da tradicional praia de Pitangueiras, em Guarujá (SP), conta que adotou o famoso apelido por conta de seu pai, o ‘primeiro Biro-Biro’. Agora… Qual a origem do nome?
“Biro-Biro é do meu pai. Ele vem de Olinda, no Recife, e tinha esse apelido de Biro-Biro. Tinha uma fruta que chamava Biri-Biri, o meu pai gostava e pegou. E quando eu fui jogar ficou ‘Biro-Biro filho’, essas coisas do futebol, e pegou: Biro-Biro. O meu pai foi o inspirador”, revela o jogador que iniciou a carreira no Sport e atuou por Portuguesa, Coritiba, Guarani, Paulista de Jundiaí, Remo, Botafogo-SP e Nacional-SP, clube pelo qual encerrou a carreira em 1995.
Folclórico, Biro-Biro acumula sósias, alguns tão semelhantes que até ele mesmo diz ficar confuso. Qual é o verdadeiro? Qual é o falso? A brincadeira ainda o diverte.
Marcia Zoet/Folhapress
“A gente viaja bastante e, onde a gente vai, a gente sempre encontra um Biro-Biro. ‘Olha lá, tem um Biro Biro aqui’. Basta ter um cabelinho enrolado e pega mesmo. Eu tenho sósia que realmente é igualzinho ao Biro-Biro, loiro, cabelos enrolados, e onde a gente vai, encontra essas figuras aí. Tem um cara que é de São Carlos [SP] e me procurou aqui na praia, que era meu fã e fazia tempo que estava atrás de mim, e, cara, ele é igualzinho. Nós passando na praia e ele: ‘Opa, beleza’, só que ele falava ‘eu não sou o Biro-Biro, eu sou sósia dele, eu sou seu fã’, mas ele é igualzinho. Já pensou eu ser o falso e ele o verdadeiro [risos]? Tenho um amigo que um dia parou e falou: ‘Tu é o falso ou o verdadeiro? Estou na dúvida'”, brinca.
Casado e pai de duas meninas e um menino, Biro-Biro hoje vive de propagandas e eventos usando a sua imagem e ainda trabalha em um programa de TV. Não vive no luxo, mas soube aproveitar a época como jogador e está longe de ter algum problema financeiro.
“Hoje eu trabalho com propaganda e eventos, essas coisas… De vez em quando a gente faz alguma coisa na rádio e TV também. Estamos no programa da TV Guarulhos às segundas-feiras. A gente mexe com um monte de coisa, às vezes, fazemos algumas palestras também”, conta.
Robson Ventura /Folha Imagem
Antônio José da Silva Filho, o Biro-Biro, admite que ainda pretende voltar a trabalhar com futebol, seja como treinador ou diretor. A tentativa que fez logo quando pendurou as chuteiras não deu certo, e o desejo de voltar ao mundo do esporte continua.
“Eu não continuei no futebol porque na época a dificuldade era muito grande, dos times pequenos. Eu peguei times sem muitos recursos. Quando eu comecei no Grêmio Mauaense não tinha recurso, tinha briga e eu tinha acabado de parar de jogar, queria ser treinador, iniciar a carreira, mas era difícil e, mesmo assim, ainda fui para alguns clubes: Francana, Mato Grosso, Barra do Garças, Santa Catarina, mas a dificuldade era muito grande, e depois de Santa Catarina, eu acabei parando e comecei a mexer com eventos, propagandas e larguei a carreira de treinador. Mas claro que ainda tenho um sonho em trabalhar no futebol como treinador ou diretor, isso aí minha mente ainda tem. Alguns clubes me convidam, mas tem que ver como é a estrutura, senão fica difícil [risos]. Então a gente acaba se afastando um pouco por causa disso”.
Segundo Biro Biro ganhou apelido ainda na base: “era parecido”
Gilberto Ribeiro de Carvalho, o segundo Biro Biro, ganhou o apelido justamente por conta da semelhança com o mais velho. O nome veio ainda na base do Santos, onde começou a carreira.
“Eu tenho os cabelos enroladinhos, era parecido, e tinha um treinador do Santos que já tinha visto o Biro Biro jogar lá em Recife, e ele me viu e deu esse apelido. Eu era da escolinha do Santos e foi na base que recebi esse apelido. Nasci no Guarujá e fiz a base no Santos, fomos campeões daquela Taça São Paulo de Juniores de 84 contra o Corinthians. Nós ganhamos e depois o Santos me emprestou para o Bragantino”, recorda o ex-lateral esquerdo.
Reprodução/Facebook
O segundo Biro Biro também chegou a jogar no Corinthians, mas sem muito sucesso. Seus principais feitos na carreira profissional foram mesmo no Bragantino. Além de alguns acessos, ajudou o time do interior paulista a conquistar o Paulistão de 1990 e o vice do Brasileiro de 91.
“Nós subimos em 88 e em 89 disputamos o Brasileiro, que na época era por módulos, e nós fomos campeões. Em 90, campeão paulista, em 91, vice-brasileiro, e quando o Vanderlei Luxemburgo chegou só foi mantendo a rapaziada, arrumando as peças e deu certo”, opina.
Depois de passar por Sport, Paysandu, Santo André e Ituano, Biro Biro encerrou a carreira no XV de Piracicaba, em 1996. E ao contrário do original, não pretende ser treinador. Hoje, ele trabalha para a Prefeitura de Bragança Paulista e dá aula de futebol para crianças em uma escolinha.
“Eu fui chamado pelo Dr. Jesus [Abi Chedid], que era o prefeito da cidade de Bragança Paulista, e fui trabalhar na Prefeitura. Aí eu montei a escolinha e já estou há quase 15 anos na Secretaria de Esportes, tudo isso graças ao Dr. Jesus, que era prefeito e presidente do Bragantino, então assim que eu parei ele me perguntou se eu queria trabalhar com as crianças”, recorda.
“Está bom assim. Eu não tenho aquele tino para ser treinador. Hoje em dia, para ser treinador, não é fácil, não. Eu me habituei bastante aqui com as crianças, então é isso”, completa.