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Marcelo Hazan e Renato Cury
Veja como foi o bate-papo com o coordenador técnico do Tricolor, atual interino do time.
Marcelo Hazan
Vagner Mancini, coordenador técnico do São Paulo, recebeu da diretoria a missão de comandar o time interinamente até a chegada de Cuca, que está em fase final de tratamento cardíaco.
Logo em sua estreia, Mancini sofreu a pressão da derrota para o Corinthians, em Itaquera, e viu o Tricolor sair da zona de classificação para as quartas de final do Paulistão – está atrás de Oeste e Ituano no Grupo D. Neste domingo, às 17h, o São Paulo recebe o RB Brasil no Morumbi, com transmissão ao vivo do Premiere para todo o Brasil e da TV Globo para o estado de SP, além de acompanhamento em tempo real (com vídeos) no GloboEsporte.com.
Na última quinta-feira, no CT da Barra Funda, Mancini atendeu a reportagem do GloboEsporte.com. Ele falou sobre os seus planos e de como prepara o São Paulo para a chegada de Cuca.
No bate-papo, o técnico interino comentou sobre reforços, a falta de confiança dos jogadores, disse que Hernanes está sendo massacrado por sua condição física e previu uma mudança de perfil.
Vagner Mancini em treino do São Paulo — Foto: Marcelo Hazan
Veja abaixo os tópicos da conversa:
O que pretende entregar a Cuca?
– Eu gostaria de entregar um São Paulo, e eu acredito muito nisso, estou convicto nisso, vencedor. “Ah, o São Paulo vencendo partidas em sequência?” Seria ótimo isso. Mas temos de nos preocupar em entregar um elenco vencedor. Vencedor de atitude, de amor à camisa. Vencedor diariamente, quando o atleta sabe que tem de fazer tudo aquilo que é necessário para ele ser competitivo.
– Porque muitas vezes há um discurso vazio no futebol, de superação e tudo mais, mas o jogo se ganha ao longo da semana, você gera confiança a partir do momento que o jogador vai a campo e faz o que fez no treinamento. Quero entregar para o Cuca um grupo leve, que venha de vitórias, mas que seja convicto daquilo que quer.
Como recuperar a confiança?
– Em primeiro lugar, durante a semana. O treinamento serve justamente para isso. A partir daquele momento que você devolve a confiança no treinamento, o atleta começa a realizar. E aí ele tem que ter uma chave, que é o equilíbrio emocional. A partir do momento que entra em campo, encontra um estádio em um ambiente hostil, seja dentro ou fora de casa, tem de saber lidar.
– Essa sintonia fina, o atleta já tem na sua herança, ele tem lastro para isso. Assim como tem da parte tática, tem também da parte emocional. É por isso que no futebol tem muita gente com superstição, porque se apóia em algumas coisas que dão confiança.
Mais difícil recuperar um time que joga mal ou emocionalmente abaixo?
– É muito mais difícil aquele time que está emocionalmente fragilizado, porque o ser humano vive da emoção. Fora de campo temos uma equipe que trabalha com isso. Todos da comissão técnica estão alinhados com isso, temos o setor de psicologia, temos o departamento médico. O respaldo é dado fora de campo e é levado para dentro de campo.
Pressão em quem chegou agora
– É realmente isso que acontece com o Willian Farias (o volante disse que após 40 dias de clubes sente a pressão de 11 anos) e com outros atletas. Comigo também, mas quando assinei o contrato eu sabia disso, sabia que esse peso estaria debruçado nos ombros de quem estivesse em 2019 no São Paulo, então nós temos realmente que buscar soluções para isso.
– Nós não estamos aqui à toa. As pessoas que estão no São Paulo hoje teriam que passar por isso. E nós temos que mostrar que somos fortes o suficiente para recuperar isso, não só para os jogadores, mas também para a diretoria, para o torcedor. É importante o torcedor olhar e saber que quem está aqui dentro faz um trabalho bem feito. Para isso, temos de ser fortes.
Poucos gols feitos, muitos sofridos
– Nós temos que inverter. Que o São Paulo nos próximos jogos faça oito, nove gols e sofra um, dois, porque essa é a lógica de um time grande. Diante desse quadro, temos alguns desafios. O meu é devolver a confiança. A partir do momento que ajustar a equipe, parar de tomar gol, vamos ter jogadores para decidir. Todo mundo quer que haja reação, que o time volte a encantar.
Como você e Cuca estão planejando o elenco do São Paulo?
– É um pouco cedo para falar disso. A gente está olhando o mercado, a gente discute. Nós temos uma equipe de trabalho no campo e nós temos também uma equipe de trabalho que monta elencos e que participa. Mas neste momento o que dá para dizer é que a gente precisa se reforçar e há a necessidade, sim, de esses atletas que estão no São Paulo também se reforçarem, gerando confiança e sendo os atletas que a gente sabe que eles podem ser. Dessa forma vamos fazer um grupo vencedor para esta temporada.
Precisa mudar o perfil do elenco?
– Eu acho que sim. Eu acho que o perfil tem que ser alterado. O perfil tático, de sistema, o perfil de jogo, jogado dentro de campo, e o perfil de atleta, talvez até de característica. Aí vamos aguardar um pouco até para que o Cuca libere o pensamento dele. Hoje está tudo muito global ainda. Mas com certeza isso vai acontecer.
Condição física do Hernanes, após atuar em um futebol menos competitivo, na China
– Eu vou tentar responder de uma forma muito simples: o Hernanes realmente vem de um futebol diferente, não tão intenso como o nosso em termos de jogos. Aí o Hernanes chega e não encontra uma equipe que seja para ele desenvolver e entrar no ritmo. Quando essa equipe não está vivendo um bom momento, o Hernanes vira a solução do problema. E aí estamos sendo desumanos com ele.
– Nós temos que saber que, nesse momento, se o São Paulo estivesse totalmente ajustado, ele seria uma peça fundamental, seria o cérebro do time, seria o cara para dar o respaldo a todos esses jovens. Quando a gente joga toda a responsabilidade para o Hernanes, a gente está aumentando uma deficiência que ao longo do tempo ele vai perder, mas hoje ele tem ainda. Todos nós queremos ver o Hernanes jogando bem, o Hernanes sendo o cérebro, o capitão, porém, hoje estamos mais violentando o Hernanes do que ajudando.