Ceni, Luis Fabiano, família e amigos velam corpo de Juvenal Juvêncio

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GloboEsporte.com – Alexandre Lozetti e Marcelo Prado

O corpo de Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, está sendo velado no salão nobre do estádio do Morumbi. Ele faleceu na manhã desta quarta-feira, aos 81 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer na próstata. O atacante Luis Fabiano, que tinha uma relação pessoal muito forte com o ex-presidente, fez questão de comparecer para prestar uma última homenagem a quem tanto fez pelo clube e que foi o responsável direto pela sua volta ao clube do Morumbi, em 2011.

JUVENAL JUVÊNCIO TOUR PELO MORUMBI (Foto: Marcos Ribolli)Juvenal Juvêncio morreu na manhã desta quarta-feira, vítima de um câncer de próstata (Foto: Marcos Ribolli)

– Eu tenho uma gratidão enorme pelo seu Juvenal, não podia deixar de vir. Meu último velório tinha sido em 2000, quando morreu meu avô, foi um momento muito difícil para mim e desde então, não fui mais. Não tinha coragem, não gosto de velório, mas não tinha como não estar aqui – afirmou o Fabuloso, que chegou acompanhado da esposa.

O atacante diz que Juvenal deixará muitas saudades porque tinha um jeito paizão de ser.

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– Uma característica marcante nele era a sinceridade. Comigo, pegava duro, não tinha esse negócio de passar a mão na cabeça. Quando tinha de bater, ele batia. Mas, ao mesmo tempo, tinha um coração enorme, era alegre e irreverente. Vai fazer muita falta.

Luis Fabiano São paulo (Foto: Marcelo Prado)Luis Fabiano compareceu ao velório na tarde desta quarta-feira (Foto: Marcelo Prado)

Rogério Ceni chegou por volta das 19h20. O falecimento de Juvenal cancelou a festa que o goleiro havia marcado para se despedir dos funcionários no CT da Barra Funda. Ao chegar pela manhã para o evento, ele soube do ocorrido.

– É um dia muito triste. Ele foi o cara mais empreendedor que conheci em 25 anos no São Paulo. Só temos a agradecer. Ele defendeu as cores e os interesses do clube, mesmo quando eram contrários aos interesses do futebol brasileiro. Uma pena que, perto do dia de eu parar, aconteça essa tragédia.

Capitão do São Paulo durante todos os três últimos mandatos de Juvenal, entre 2006 e 2014, Rogério Ceni pediu que seja respeitado um minuto de silêncio em seu jogo de despedida, na sexta-feira. O goleiro também detalhou como eram algumas de suas conversas.

– O que mais me marca é o modo como ele sempre me tratou. Ele me chamava para perguntar as coisas e eu o confrontava. A maioria das pessoas não fazia isso, e ele dizia daquele jeitão dele: “Pô, Rogério!”. Não há um atleta que tenha algo ruim para falar dele. Ele e o seu Marcelo Portugal Gouvêa (presidente entre 2002 e 2006, falecido em 2008) eram pessoas espetaculares, boas, e tudo teria sido muito diferente sem essa dupla.

Rogério Ceni Juvenal Juvêncio São Paulo (Foto: Alexandre Lozetti)Rogério Ceni também foi dar último adeus ao dirigente tricolor (Foto: Alexandre Lozetti)

Já o atual presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, aliado político histórico de Juvenal, revelou que não o via há três semanas, em razão de seu estado de saúde, e que um contato com a esposa do amigo, na terça, o preparou para o pior.

– Foram 31 anos de intensa e extensa convivência e de muitos ensinamentos. Especialmente de que o São Paulo precisa de toda dedicação, entrega e participação das pessoas que o amam. Ele foi um líder extraordinário, deixa um legado de conquistas. Vivemos um momento de emoção e profunda tristeza, mas também de reunir forças para conduzir o São Paulo. Ele foi um condutor vitorioso – afirmou Leco, que também relembrou traços da personalidade de Juvenal.

– Centralizador, autoritário, às vezes até déspota, mas isso não tirava sua afetividade. Os funcionários tinham profundo respeito por ele. Era uma pessoa cheia de afeto e conseguia transmitir o quanto era boa pessoa e amava o São Paulo – disse Leco.

A última grande batalha de Juvenal Juvêncio foi ajudar a tirar do poder o antigo aliado Carlos Miguel Aidar, escolhido por ele mesmo como seu sucessor, e eleito em 2014. Para Leco, a renúncia de Aidar deu ao ex-presidente a tranquilidade necessária para seu descanso.

Leco presidente do São Paulo (Foto: Marcelo Prado / GloboEsporte.com)Leco afirma que São Paulo vive momento de tristeza (Foto: Marcelo Prado / GloboEsporte.com)

– Ele se alimentou dessa adrenalina nesse processo, isso o manteve ativo, firme. Ouso dizer que a partir do momento em que as coisas se resolveram, ele ficou tranquilo e teve descanso – completou o atual presidente.

João Paulo de Jesus Lopes, que participou da diretoria de futebol nos três mandatos de Juvenal, entre 2006 e 2014, disse que o ex-presidente tem importância muito grande no destaque do São Paulo dos últimos anos.

– Sem sombra de dúvida, ele é um dos três maiores presidentes da história do São Paulo. A coletividade são-paulina sentirá muita falta do Juvenal. Sob comando dele, a equipe ganhou muitos títulos. Basta ver que, dos seis brasileiros, quatro foram sob comando dele. O patrimônio do clube cresceu muito, basta ver o que hoje é o nosso centro de formação de atletas. Posso dizer com muito orgulho que estive ao lado do Juvenal do primeiro até o último dia de seu trabalho como dirigente do São Paulo – afirmou.

Parentes, amigos e funcionários do clube compareceram ao velório. Os médicos do São Paulo, José Sanchez e Auro Rayel, o fisioterapeuta Betinho e seu antigo companheiro de clube, Luiz Rosan, o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, Júlio Casares, o atual vice Roberto Natel e seu tio Laudo Natel, e opositores como os ex-presidentes Fernando Casal de Rey e José Augusto Bastos Neto, também prestaram as últimas homenagens a Juvenal. Ex-presidente do Palmeiras, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo também compareceu. A diretoria do Corinthians também enviou uma coroa de flores.

O velório será realizado até cerca de 23 horas, e será reaberto às sete da manhã de quinta-feira. Às 9 horas, o corpo deixará o estádio e segue para o cemitério do Morumbi, onde ocorrerá o sepultamento. A bandeira do São Paulo seguirá a meio pau.

Velório Juvenal Juvêncio - São Paulo (Foto: Alexandre Lozetti)Local do velório de Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo (Foto: Alexandre Lozetti)