Enterro de Juvenal tem longo cortejo, diretoria e até torcida organizada

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gazetaesportiva.net

Theo Chacon
Familiares, amigos e diretoria tricolor acompanharam enterro de Juvenal Juvêncio (Foto:Djalma Vassão/Gazeta Press)
Familiares, amigos e diretoria tricolor acompanharam enterro de Juvenal Juvêncio (Foto:Djalma Vassão/Gazeta Press)

O último adeus a Juvenal Juvêncio aconteceu na manhã desta quinta-feira no Cemitério do Morumby. Já passava das 9 horas (de Brasília) quando o corpo do ex-presidente, velado durante a última quarta no salão nobre do estádio do Morumbi, chegou ao cemitério acompanhado por um longo cortejo com cerca de 50 carros. Homenageado pela diretoria, amigos, membros do conselho e até torcedores organizados, Juvenal foi enterrado enquanto o hino do clube era entoado por cerca de 100 pessoas.

Falecido na manhã da última quarta em decorrência de um câncer de próstata, Juvenal estava internado desde o fim de semana no Hospital Sìrio Libanês e não resistiu aos efeitos da doença. Aos 81 anos, o segundo maior presidente vencedor da história do clube faleceu às vésperas da despedida de Rogério Ceni, à exemplo de Marcelo Portugal Gouveia, vítima de câncer em 2005, um ano antes do tricampeonato brasileiro.

Segundo pessoas próximas, como o conselheiro e ex-dirigente Marco Aurélio Cunha, Juvenal se manteve firme em seus últimos momentos e dedicando completa atenção às questões do Tricolor. “Acompanhei sua doença, estivemos juntos até o final, conversando, inclusive sobre a última eleição. O São Paulo foi a força que o fez viver mais. Parece que ele não gostaria de nos deixar enquanto não pusesse as coisas como deveriam ser”, comentou de forma sucinta na chegada ao enterro.

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Além do coordenador do futebol feminino na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que veio a São Paulo para participar das últimas homenagens ao ex-presidente, estiveram presentes na cerimônia o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o diretor de futebol Gustavo Vieira, o ex-diretor João Paulo de Jesus Lopes e o vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro, um dos seis homens a carregar o caixão até a cova.

Com a presença de cinco membros da torcida organizada Independente, entre eles Danilo Zamboni, sócio fundador da torcida, o hino do São Paulo foi entoado e teve o ritmo marcado pelas palmas. À Gazeta Esportivao torcedor falou com muita gratidão sobre a pessoa de Juvenal.

“Foi um presidente vitorioso, que honrou as tradições do São Paulo e até o final foi injustiçado. A gente, como sendo porta-voz da maior família tricolor do Brasil, não podia deixar de vir nessa despedida. Tenho certeza que Santo Paulo, Telê Santana e Marcelo Portugal Gouveia irão recebe-lo. Ele cumpriu a missão dele com dignidade”, falou.

Histórico
Segundo presidente mais vencedor da história do São Paulo, Juvenal Juvêncio se eternizou no futebol pelos diversos títulos conquistados e obras feitas no clube do Morumbi, mas também por sua conduta peculiar e postura irreverente nos bastidores. Conhecido como Juju pelos íntimo, o ex-presidente morreu na última quarta, aos 81 anos, em decorrência de um câncer de próstata.

Integrante do quadro de associados do clube desde 1970, Juvenal entrou na vida política do São Paulo por influência, de certa forma, de Laudo Natel, presidente responsável pela construção do estádio em uma de suas gestões. Juvenal fez parte do corpo diretivo do clube na década de 1980, quando Carlos Miguel Aidar exerceu seu primeiro mandato.

Campeão também como dirigente, Juvenal foi o segundo presidente mais vitorioso do clube (Foto:Djalma Vassão/Gazeta Press)
Campeão também como dirigente, Juvenal foi o segundo presidente mais vitorioso do clube (Foto:Djalma Vassão/Gazeta Press)

Sucessor de Aidar em 1988, Juvenal Juvêncio permaneceu à frente do São Paulo por dois anos, época que aproveitou também para iniciar sua carreira política como deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Na segunda passagem, a mais vitoriosa, o dirigente também aliou a carreira política à de dirigente de clube.

Membro vitalício do conselho desde 1994, Juvenal voltou ao corpo diretivo no início dos anos 2000, quando, em 2004, participou da construção do centro de treinamento Laudo Natel, em Cotia (SP). O espaço, utilizado pelas categorias de base do Tricolor, já revelou nomes como Lucas, Casemiro e Hernanes.

Um ano depois, em 2005, Juvenal participou como diretor de futebol das conquistas do Paulistão, da Libertadores e do Mundial de Clubes – o terceiro após a sequência de 1992 e 1993. Em 2006, sucedeu Marcelo Portugal Gouveia, também vítima de câncer, na presidência do clube, cargo no qual permaneceu até 2014.

Neste intervalo de oito anos, Juvenal Juvêncio conquistou três Campeonatos Brasileiros, com a batuta de Muricy Ramalho – técnico que acabou se tornando amigo pessoal – e uma Copa Sul-Americana, em 2012. Um ano antes, em 2011, fez uma manobra política para se manter no poder, o que causou certo mal estar nos bastidores.

O então presidente alterou o estatuto do clube, que permitia apenas duas reeleições, para se manter na presidência por um terceiro mandato, que terminou em 2014, ano que a vida fez questão de colocar Carlos Miguel Aidar e Juvenal Juvêncio novamente lado a lado. Integrante da base aliada, Aidar alcançou a presidência com respaldo do antecessor, o que não durou muito tempo.

Após a eleição de Aidar, Juvenal não escondeu que se sentiu traído pelo então aliado político e rompeu as relações dentro do clube. Com Juvenal demitido do cargo de diretor da base, o racha começou a abalar, de certa forma, as estruturas políticas do Tricolor, já que parte do quadro de diretores do clube ainda era formado por apoiadores do ex-presidente.

Abatido por um câncer de próstata, Juvenal Juvêncio esteve fora do circuito político do clube nos últimos meses, quando a crise mais aguda atingiu os bastidores do São Paulo, causando a saída de Juan Carlos Osorio, uma série de demissões e a renúncia de Aidar. As idas e vindas do processo político que colocou Leco na presidência raramente vinha sendo repercutida por Juvenal.

*especial para Gazeta Esportiva