Propostas quase impediram Ceni de erguer principais troféus do século XXI

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gazetaesportiva.net

José Victor Ligero

A trajetória de um ídolo não é feita só de glórias e certezas. Com Rogério Ceni não foi diferente. O agora ex-goleiro se viu próximo de outras equipes em duas oportunidades e por pouco deixou de erguer as taças da Libertadores e do Mundial, ambas conquistadas pelo São Paulo em 2005 e as mais importantes do clube no século 21.

Na metade de 1996, o quarto ano do arqueiro como profissional no Tricolor, Ceni amargava a condição de reserva do titular Zetti, faltando apenas seis meses para ter seu contrato encerrado com o time do Morumbi. Insatisfeito com o banco, Rogério se inclinou a deixar o São Paulo devido a uma proposta tentadora do Goiás: defender a equipe no Brasileiro por um salário três vezes maior. Paralelamente, recebeu sondagens de Inter e Santos.

Embora tivesse a chance de ganhar mais e a certeza de atuar como titular em um time da primeira divisão nacional, o então jogador de 23 anos decidiu seguir no Morumbi. A justificativa de Ceni consta no livro “Maioridade Penal”, escrito por ele em coautoria com o jornalista André Plihal. Sob o título ‘Quase irrecusável’, a obra revela que uma conversa com o presidente são-paulino da época, Fernando Casal de Rey, convenceu Rogério a permanecer.

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Em 1995, Rogério Ceni estava incomodado com a reserva de Zetti (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Em 1996, Rogério Ceni estava incomodado com a reserva de Zetti (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Na ocasião, as partes acertaram uma prorrogação de dois anos de vínculo, com um salário inferior àquele oferecido pelo clube goiano, porém com a garantia de que Zetti deixaria o São Paulo, recebendo o passe livre, ao fim da temporada. A diretoria tricolor cumpriu com sua promessa e, a partir daquele momento, iniciava-se a era Rogério Ceni na titularidade da meta são-paulina.

Cinco anos depois, a saída do já renomado atleta esteve em iminência novamente, mas por outras razões e de forma muito mais turbulenta. O interesse do exterior no futebol do goleiro criou uma grande crise nos bastidores que quase pôs um ponto final na trajetória de Ceni no Morumbi. Isso porque o então presidente Paulo Amaral acusou o atleta de inventar uma proposta do Arsenal, da Inglaterra, a fim de ganhar um aumento salarial.

Ceni e Amaral trocaram farpas, resultando em uma suspensão de 28 dias para o arqueiro, que também ficou sem receber salários nesse período, além de não treinar nas dependências do clube – duas semanas depois, a comissão técnica conseguiu, junto à diretoria, deixá-lo treinar isolado dos companheiros de elenco. Desapontado, Rogério quase foi para o Cruzeiro, que cederia o goleiro André e daria uma boa compensação financeira.

A transferência, mais uma vez, não saiu. Apesar da polêmica, Ceni ouviu os pedidos da torcida e seguiu no Tricolor. No entanto, aquele episódio ainda soa muito mal aos ouvidos do ídolo são-paulino.

Em outubro deste ano, poucos dias antes das eleições vencidas por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, Paulo Amaral se candidatou ao pleito – mais tarde desistiria de concorrer -, dando vida à possibilidade de voltar a ser o principal chefe de Rogério Ceni, que, na ocasião, preferiu se calar diante de tal hipótese. “Não valeria a pena citar qualquer frase sobre ele”, declarou, manifestando apoio a Leco.

Após a “rusga” com o provável único desafeto dentro do São Paulo, Rogério Ceni comemorou o Paulista de 2002 e 2005, foi tricampeão do Brasileiro com os títulos de 2006, 2007 e 2008, e ergueu os dois troféus mais importantes da história recente do São Paulo: a Libertadores e o Mundial de 2005.

Rogério Ceni dará adeus ao São Paulo em partida com campeões mundiais de 1992, 1993 e 2005 (Foto: Divulgação/São Paulo)

Rogério Ceni recusou as ofertas que recebeu e completou 25 anos de São Paulo nessa temporada (Foto: Divulgação/São Paulo)